DIÁRIO RURAL: família produz leite há mais de 100 anos em Nova Petrópolis

Nova Petrópolis – A produção leiteira já é uma tradição para a família de Marcos Seefeld. Tradição de verdade, que já dura mais de um século. Seefeld não sabe precisar o ano correto, mas tudo começou com seu bisavó, há mais de 100 anos, na mesma propriedade, situada na Estrada Geral da localidade de Nove Colônias. De geração em geração, a produção de leite foi passando para seu avó, sua mãe até chegar nele, que mantém o negócio vivo e ativo, juntamente com a mãe e seu padrasto.

Atualmente são produzidos cerca de 650 litros de leite por dia, ordenhados de 24 vacas leiteiras. São duas coletas diárias, às 06h30 da manhã e entre as 16h e 17h da tarde. O leite é armazenado em um tanque refrigerado em uma temperatura de 2° a 3° e todas as noites é recolhido pelo leiteiro. Ao todo, são 21 hectares na propriedade, sendo três deles dedicados exclusivamente para o pasto dos mais de 50 bovinos.

Décadas produzindo queijo

Há dois anos, a propriedade ganhou uma instalação nova, um belo prédio construído em formato enxaimel dedicado à produção de queijos. E o nome não poderia ser melhor e mais significativo, Queijaria Tradição. A produção de queijos começou com seu avó, há mais de 70 anos, que aprendeu quando trabalhava na Casa de Pedra, enquanto casa de Comércio. A receita de queijo feita com leite cru ainda é a mesma que se usava cem anos atrás.

“Eu sou um dos poucos produtores de queijo cru do Estado e tudo começou com meu avó. Aqui a gente faz todo o processo, e um bom queijo colonial fica maturando por cerca de 60 dias numa temperatura de 14º”, explica Seefeld.

Por mês, ele conta que produz cerca de 300kg de queijo, sendo cinco tipos diferentes, mas que depende muito das feiras que participa pelo Estado. “Agora eu estou sem produzir há três semanas por conta do coronavírus. Estou vendendo o que tinha de estoque pois não adianta produzir mais e não ter para quem vender”.

São cinco tipos diferentes de queijos coloniais

Cuidados de perto

Com uma propriedade grande, os cuidados devem ser redobrados. As vacas que estão na fase final de gravidez, são colocadas em um campo próximo a residência da família, onde possuem mais espaços e ficam diante dos olhos dos donos. “Quando estão próximas de darem à luz, elas ficam aqui onde a gente pode observar da janela de casa. Às vezes também é preciso ajudar no parto para que tudo ocorra bem”, conta.

Marcos observa de perto as vacas que estão próximas de terem bezerros

Propriedade livre de tuberculose e brucelose

Um dos motivos de orgulho de Marcos Seefeld é o Certificado de Propriedade Livre de Tuberculose e Brucelose emitidos pelo Estado do Rio Grande do Sul. Ele é apenas o segundo produtor de Nova Petrópolis a conseguir a certificação, obtida no mês de março. “Esse selo é a certeza de valorização e segurança do nosso trabalho. Saber que nossos animais estão livres de qualquer doença nos faz trabalhar mais tranquilos e agrega muita qualidade ao leite e ao queijo”, afirma.

A tuberculose e a brucelose, são doenças que podem ser transmitidas de humanos para animais e vice-versa, e ambas não possuem curas. Para os humanos, existem tratamentos, mas a doença fica pelo resto da vida. Já para os animais, o problema é ainda maior, já que eles precisam sofrer abate sanitário. “Se forem constatada as doenças em um dos animais, ele é abatido, todos os outros precisam ficar em quarentena e a propriedade é interdita, pois é um vírus que se espalha muito rápido”, relata o produtor.

Marcos recebeu o certificado na prefeitura, em março (Créd.: Kassandra Dorneles)

Benefícios

Para obter o certificado, são precisas duas certificações oficiais acompanhadas por um médico veterinário do Sistema de Inspeção Municipal (S.I.M.). A primeira é feita e nela deve constar que tudo está correto, depois é feita a segunda em um prazo de seis a 12 meses. Mantendo os resultados positivos, a propriedade ganha o Certificado.

O Certificado de Propriedade Livre de Tuberculose e Brucelose traz muitos benefícios ao produtor que o possui, pois ele ganha mercado e tem o leite valorizado. Assim, obtém melhor preço pelos animais, evita o abate do rebanho e garante a segurança de sua família e dos clientes.