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DIÁRIO RURAL: Horto produz, cuida e recupera flores para os jardins de Nova Petrópolis

09/11/2022 - 09h36min

As flores e as ferramentas de trabalho daqueles que cuidam dos jardins da cidade (Créd. Gian Wagner Baum)

De sementes a achadas pela rua, mudas são plantadas e cuidadas até estarem prontas para se tornar parte de uma das mais belas características do município: o capricho nos jardins

GIAN WAGNER BAUM

Nova Petrópolis – Quem visita Nova Petrópolis se depara com um incrível trabalho de ajardinamento que consolidou e deu o título de Jardim da Serra Gaúcha ao município. A Praça da República nem é conhecida por este nome, mas sim por Praça das Flores, o nome popular do espaço mais visitado de Nova Petrópolis.

O que às vezes fica ofuscado por trás do resultado final é o trabalho desenvolvido por trás das cortinas. Quem comanda o grupo de 15 trabalhadores é João Valmor Aguiar, de 55, que há dois anos retornou para dirigir o Horto Municipal novamente. “Eu já trabalhei antes aqui, em 2014, daí fiquei fora e agora estamos aí há um ano e 11 meses fazendo esse trabalho”, conta.

Valmor, diretor do Horto, mostra algumas flores que já estão prontas para ir para os canteiros (Créd. Gian Wagner Baum)

ESTRUTURA EM CINCO ESTUFAS – O horto trabalha com duas equipes, uma que fica nas estufas, este menor com quatro pessoas. Os demais fazem a parte da rua, com a Kombi, levando as flores e fazendo o plantio e a manutenção dos canteiros.

Já as estufas são separadas por estágio do plantio. A primeira é o berçário. É nela que as sementes são plantas o cuidado e crescimento das mudinhas, num processo descrito como o mais delicado da jardinagem. “Toda semeadura é feita aqui, conforme o calendário”, explica Valmor. “Agora é primavera, estamos trabalhando com as flores de verão. Janeiro a gente começa a plantar as de inverno”, explica.

Após passar um mês no berçário, as mudinhas antes em bandejas com dezenas passam para uma bandeja de quinze lugares, onde ficarão até crescerem mais. De lá, elas vão para a estuda dois que, além delas, tem as plantas que estão sendo “criadas” no Horto. Valmor explica que as mudas são buscadas na rua mesmo e levadas para serem produzidas e reproduzidas nas estudas. “O que nós achamos de bonito, nos recolhemos”, conta. O processo usado para esse trabalho se chama “estaquias”, em que um pequeno galho é estaqueado na terra até criar raízes.

Foto de uma das cinco estufas do Horto Municipal (Créd. Gian Wagner Baum)

A terceira estufa abriga as plantas perenes, que são as que florescem o ano todo. Também é neste local que algumas plantas retornam dos canteiros e ficam para serem tratadas e poderem voltar para os jardins da cidade. A estufa quatro encerra o ciclo e é onde as plantas “prontas”, entre 60 e 90 dias, ficam aguardando seu futuro lar, seja na Praça das Flores, nos canteiros da avenida, das ruas centrais, nos postos de saúde, nas escolas ou até mesmo nas praças dos bairros. “Eu sinto falta se eu não vim um fim de semana aqui, eu sinto falta como se faltasse algo”, revela Valmor que é jardineiro e paisagista há mais de 20 anos.

 

UTI DAS FLORES – Uma estufa especial no Horto é a 5, carinhosamente chamada de UTI. O apelido lúdico faz jus ao trabalho que ocorre ali. As flores são literalmente salvas, tratadas e recuperadas para poderem retornar a ornar a cidade. “Nós fizemos o tratamento certo para elas poder voltar para os jardins novamente”, conta Valmor. “Dificilmente uma planta vai fora, a não ser as de temporada”, explica.

A foto mostra como o enraizamento acontece no processo de estaquias (Créd. Gian Wagner Baum)

 

Planejando os jardins de uma cidade

Mas não basta apenas plantar diferentes flores, é preciso planejar como ficarão cada canteiro e administrar todos os diferentes espaços públicos que precisam de jardins bem mantidos. Todo esse planejamento passa por Valmor, que faz os desenhos de como deverá ser o plantio e também coordena a plantação. “Tudo sai daqui do horto. Eu escolho, faço os desenhos lá na praça”, explica o diretor. Neste início de novembro, por exemplo, o grupo do Horto está preparando as flores para enfeitar os jardins da Av. 15 de Novembro que recebe os visitantes do Natal.

Flores vão para a praça, canteiros da avenida, escolas, postos de saúdes e até mesmo para os bairros (Créd. Gian Wagner Baum)

Produção colossal

Mensurar a produção do horto é muito difícil, pois os números são muito altos para suprir a grande demanda. Neste ano, entre janeiro e julho, o horto contabilizou a produção de 312 mil mudas, uma média de 45 mil flores por mês. Já em número de espécies, é impossível contar. Valmor acredita que passe das 10 mil qualidades, entre flores, folhagens, suculentas e até mesmo mudas de árvores como a liquidâmbar, pinheiro e outras árvores nativas.

Valmor lembra que o horto é um local que pode ser visitado pelos moradores e quem tiver interesse em conhecer o trabalho realizado lá, pode visitar o espaço que fica no bairro Logradouro. “Muita gente de fora vem visitar, outras cidades até para conhecer. O pessoal da cidade também pode vir e conhecer o horto e nosso trabalho”, convida Valmor.

Neste estágio, as plantas já estão cada uma em um vaso dando as primeiras flores (Créd. Gian Wagner Baum)

 

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