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Diário Rural: Produção de hidropônicas ganha destaque em Nova Petrópolis
Mãe e filho largaram o emprego comum e estão se dedicando a agricultura na Vila Olinda
Por: Gian Wagner | [email protected]
Após mais de duas décadas se dedicando ao trabalho no comércio, de domingo a domingo, Clair Bieger, 49 anos, e o filho, Welisson Bieger Zatera, 23, resolveram mudar de vida. Em 2015 eles, junto com o pai de Welisson, saíram da Fazenda Pirajá e adquiriram um pedaço de terra na Vila Olinda, há poucos quilômetros para quem desce em direção a Arroio Paixão. “Sempre tivemos o sonho de ter nosso próprio negócio”, revela Welisson ao contar a motivação de começar o negócio. Em 2016 eles instalaram uma estufa pequena, com 300 metros quadrados, e lá começou a produção de alfaces, rúculas, agrião e radite. As hortaliças folhosas já eram produzidas usando a técnica da hidroponia e eram vendidas a mercados e restaurantes. Nesta época, tanto mãe como pai e filho trabalhavam fora e, à noite, preparavam os pedidos.
Em 2017 foi feita uma nova terraplanagem no terreno acidentado, mas os altos custos de instalação de estufas fizeram o projeto esperar quatro anos até que uma nova estufa fosse instalada. Neste ano, no final de fevereiro, duas novas estufas ficaram prontas e ajudaram a expandir o negócio. “Essa é nossa primeira produção, ainda não chegou a ficar bem cheio”, conta Clair ao mostrar com orgulho as plantas na estufa maior.
Com os novos espaços, surgiu a necessidade de mãe e filho se dedicar integralmente ao agronegócio familiar. Eles largaram os empregos comuns e hoje produzem mais de cem dúzias de folhosas que são vendidas em Nova Petrópolis e na região. “Tem bastante demanda, o pessoal vem atrás porque aqui (dentro da estufa) não tem nada, não tem agrotóxico, não tem inseto, é tudo limpo e sem veneno”, explica Welisson.
VARIEDADES DE FOLHOSAS – A HidroBieger produz três tipos de alface: lisa, crespa e mimosa. Além disso, saem das estufas radite, rúcula e agrião, conhecidas como ‘folhosas’, que são o foco da produção. Já foram produzidos temperos, quando o foco estava em abastecer restaurantes, mas agora o produto da vez é a alface.
SONHO COMEÇOU EM 2016 – A ideia de produzir com a técnica hidropônica surgiu ainda em 2016, quando Welisson foi visitar o tio, irmão de Clair, em Santa Catarina. “Eu fui passear no meu tio e ele tem floricultura. Ele tinha começado com uma estufa de mais ou menos cinco metros por cinco. Na época [a hidroponia] era novidade”, conta. “Em vez de perfil, ele fez com canos de 100, fez os buraquinhos e plantou. Eu achei muito legal aquilo. Aí eu voltei, dei a ideia para a mãe, amadurecemos essa ideia e decidimos fazer a primeira estufa”, conta o jovem produtor.
Hidroponia
A hidroponia é uma técnica de cultivo que não usa terra. Um dos principais diferenciais é que as plantas, enquanto crescem, ficam suspensas, plantadas em uma espécie de cano, e em local protegido, geralmente estufas. Plantadas nestas bancadas, um ciclo de água com nutrientes inicia saindo de um reservatório de água, passando pelas plantas e retornando a caixa de água. Esse ciclo acontece a cada quinze minutos e é fundamental para o cultivo. Entre as vantagens, Welisson destaca a maior produtividade e que é um produto limpo. “Um diferencial nosso é que a gente entrega com a raiz, assim ela dura mais tempo”, explica Clair que diz que, desta forma, uma alface, por exemplo, pode durar até duas semanas. “E é também pela praticidade que eles (clientes) gostam. É só cortar, passar uma água e já pode ir para a mesa”, revela.
Jovem na Agricultura
Welisson tem 23 anos, mas desde antes da maioridade já estava com planos de trabalhar na agricultura. Tanto é que a viagem onde conheceu a hidroponia foi quando ainda era menor de idade. A mãe se orgulha do filho e diz que hoje em dia falta muito incentivo para manter o jovem no campo. “É muito difícil o jovem querer ficar na agricultura, então eu sempre pensei assim em incentivar ele pra ficar, pra ajudar ele, pra ele fazer uma coisa pra ele ficar”, conta a mãe. Welisson já gostava de trabalhar com plantas e animais, costume que herdou do avô. “Ele se criou com meu pai, que levava ele junto pra roça”, conta a mãe que acredita que para trabalhar com a terra, ou neste caso, com a água, é preciso ter o dom. “Tem que ter se criado naquilo, senão não pega gosto”, disse.