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Edite fez carteira de motorista aos 71 anos; “fez muitos amigos e deixou pessoas enlutadas por todo o Brasil”

16/02/2025 - 07h21min

Atualizada em 16/02/2025 - 07h26min

Edite foi uma mulher, segundo a família, que nunca desistiu e ajudou os outros ao máximo.

Um acidente na tarde de quinta-feira (13), na ERS-239, em Araricá, resultou na morte da moradora de Dois Irmãos Edite Gularte Quilin, 80 anos, e deixou três feridos. A colisão envolveu uma Toyota Hilux, um Chevrolet Spin, onde estavam as vítimas, e um caminhão VW Delivery.

Ademir, 63 anos, filho de Edite e motorista do Chevrolet Spin, está internado no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) de Canoas. Familiares informaram que ele passou por cirurgia ortopédica para correção provisória de fraturas múltiplas e segue entubado devido a um edema pulmonar e uma pequena lesão na cabeça. Seu estado geral é considerado grave.

Rosane, 43, esposa de Ademir, está no Hospital de Sapiranga e já foi transferida para o quarto. Luis Noguez, conhecido como “Bagé”, 77, amigo da família, foi levado para o HPS de Canoas e seu estado de saúde é estável.

Edite foi sepultada na tarde de sexta-feira, em Dois Irmãos, sob forte comoção. A idosa era muito conhecida na cidade, participativa e envolvente.

A família fez uma homenagem. Leia abaixo:

Nossa matriarca Edite Quilin.

Costumamos dizer que a despedida nunca é um adeus e sim um até breve.

Neste momento, estamos a homenagear a guerreira Edite, que partiu aos 80 anos de idade e faria 81 agora em maio.
E hoje vamos recordar um pouco da sua trajetória.

Essa mãe, esposa, avó, bisavó, sogra, irmã, parte deixando os nossos corações cheios de amor e de agradecimento por sua passagem em nossas vidas.

Edite nasceu no dia 6 de maio de 1944, no interior de Barracão, que era distrito de Lagoa Vermelha, aqui no Rio Grande do Sul.
Gaúcha, nascia Edite, filha de Firmino e de Evência Nunes Goulart, ambos já falecidos.
Irmã de Oracílio, Iolanda, Albertina e Joaquim e da falecida Iracélia.

Desde criança, a senhora Edite foi muito comportada, forte e cheia de energia. Ajudava os pais na roça, plantava feijão, milho, arroz e gostava de observar os irmãos mais velhos para aprender com eles.
Edite nunca foi à escola, mas aprendeu a ler e escrever com os irmãos e também matemática, ao ponto de ajudar os filhos e os netos até a quinta série.

Ela dizia que seu pai era muito carinhoso com ela e que recebeu muito amor e carinho.
Os anos se passaram e ela conheceu o seu grande amor, Ernestino Nogueira. Por ser uma pessoa sempre à frente do seu tempo, decidiu que se casaria. Ela, aos 16, e ele, com 24 anos, se mudaram para o interior de Chopinzinho, no Paraná.
Ela ajudava quem se machucava, fazia curativos e até colocava ossos e nervos no lugar.
Sempre pronta para ajudar. Fazia bolos, costurava e ajudava nas despesas da casa.

Foram mais de 45 anos de união e, durante esse casamento, foram abençoados com os filhos Ademir, Marli (já falecida), Jair, Ivilene, Marcos, Ivan e Dilair.
Mais tarde, receberam no seio da família os genros e as noras: Rosane, Betinha, Gislaine, Leandro, Vanessa Harff e Jaqueline.

Edite foi abençoada também com a chegada dos netos, os quais ela sonhava ter antes mesmo de nascerem:
Jonathan, Gustavo, Kayoma, Mayara, Pedro, Yasmin, Jorge, as trigêmeas Laura, Luiza e Luana, Marcos Júnior, Luís Fernando, Théo, Aurora, Tomás e Cecília.
Também havia os netos de coração: Nicole, Cauã e Ana Carolina.

Dona Edite também foi abençoada com oito bisnetos. Sim, ela já era bisavó de oito.

Lembramos com carinho os momentos de lazer. A senhora Edite gostava muito de assistir às notícias sobre política e era uma defensora ferrenha do Brasil.
Assistia a notícias de economia e sempre buscou estar informada sobre todos os assuntos que envolviam o país. Falava e debatia sobre tudo.

Nos finais de semana, não perdia a missa e o programa de rádio “A Hora do Gaudério”.
Gostava de tomar seu chimarrão, viajar, ir à praia, praticar pilates e academia, fazer caminhadas, ler livros e sempre manteve uma boa memória.
Lembrava de tudo: de sua história, de sua família, desde pequena.

Não podemos esquecer de mencionar o quanto ela adorava entrar nas redes sociais, debater e discutir no WhatsApp, Facebook e Instagram.
Tinha diversas habilidades, mas a maior delas era amar e educar seus filhos, netos e bisnetos. Sempre teve como objetivo encaminhá-los pelo caminho do bem.

Seu maior sonho era que todos estudassem e se formassem.
Sonho esse que ela realizou com muito orgulho.

O que podemos dizer de alguém tão especial?

Era uma mulher muito à frente do seu tempo, fez muitos amigos e deixou pessoas enlutadas por todo o Brasil: do Rio Grande do Sul a Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e até Roraima.

Cuidava muito da saúde e exigia o mesmo dos filhos.
Sorridente, feliz, adorava dançar e era um verdadeiro pé de valsa. Participava do grupo da terceira idade “Reviver” há quase 20 anos.

Uma mulher verdadeira, fiel e honesta, que pediu a Deus para que pudesse criar seus filhos e vê-los bem encaminhados.
Ajudou cada um como pôde em seus problemas e dificuldades, aconselhando-os e dando-lhes orientações sobre como prosseguir na vida.

Sua maior alegria foi ver o nascimento dos filhos, netos e bisnetos.

Mas há um momento muito especial que não podemos deixar de citar:
Aos 71 anos de idade, decidiu tirar a carteira de habilitação. Com muita dificuldade, muitas repetições e tentativas, depois de um ano e meio, conseguiu aprovação na teórica e na prática, com o apoio e ajuda dos filhos.

Edite deu exemplo para outras pessoas de que nunca é tarde para realizar sonhos e de que a persistência é essencial para alcançar objetivos.

Seu filho Jair disse:
“Se você passar, eu te dou um carro de presente.”

E, com muito orgulho, vivenciamos os últimos oito anos com a vovó Edite e seu Uninho, transitando pela cidade, indo ao mercado, ao salão de beleza, visitar os filhos e os netos.

Ninguém vai esquecer que, no dia 5 de maio de 2024, no seu grande aniversário de 80 anos, ela não aceitou carona de ninguém para ir até a festa, mesmo com aquela chuvarada.
Ela disse:
“Eu vou com meu carro. Nos meus 80 anos, eu quero chegar lá dirigindo o meu próprio carro.”

E assim ela fez.

Infelizmente, nesta quinta-feira, 13/02, uma imprudência de um motorista ocasionou uma tragédia na volta da praia, na Rodovia RS-239.

E assim, de repente, com toda a saúde e energia que possuía aos 80 anos, Deus a levou na mesma hora para o céu.

O fato ainda deixou três familiares hospitalizados, o que nos causa grande preocupação.

Eles estão se recuperando, mas sabemos que será uma recuperação lenta e longa.

A família enlutada agradece todas as mensagens de carinho que recebeu.

Estamos sofrendo muito.
Está doendo muito.

Vamos todos seguir em frente, sem esquecer a história desta guerreira, de nome Edite, que partiu antes de nós, para junto do Criador.

O QUE VAI ACONTECER COM O MOTORISTA QUE CAUSOU O ACIDENTE? 

O delegado Clóvis Nei da Silva informou que o condutor da Hilux realizou o teste do etilômetro, que apresentou resultado negativo. “Foi instaurado Inquérito Policial para apurar o acidente. Vai responder em liberdade”, declarou. Seu nome, no entanto, não foi divulgado pelas autoridades.

 

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