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Em razão da estiagem, produtores de Hortêncio antecipam colheita para silagem
São José do Hortêncio – Uma corrida contra o tempo para evitar o pior. Essa é a dura realidade vivida pelos agricultores do município, que se veem obrigados a realizar precocemente a colheita dos pés de milho, ressecados pela falta de chuva.
A ação é para tentar evitar o pior e ao menos aproveitar a planta para a produção de silagem, produto obtido através de processamento que é usado como um rico complemento no alimento de animais.
Reflexos de um dezembro histórico, que registrou apenas 22 milímetros de chuva na região, em um período em que deveria atingir cerca de 131, atingindo uma marca inédita em 35 anos.
O secretário da Agricultura, Breno Kafer, aponta que a ação do clima não afetará apenas a qualidade, mas também a quantidade da silagem produzida. “O milho não se desenvolvendo adequadamente, se perde muita massa. Um pé pesa em média entre três a quatro quilos e neste momento estamos obtendo um vegetal com cerca de 1,6 kg. Na colheita para a silagem obtínhamos 10 carretas cheias com o insumo, agora estamos alcançando seis”, comenta Kafer.
Secretário Breno lamenta perdas no milho: “Uma silagem muito aquém das necessidades” (Créd. Alex Günther)
Processamento da silagem prejudicado
Na colheita do milho para a silagem se aproveita todo o corpo do vegetal, passando pelo caule, folhas e o sabugo. Nada é desperdiçado. Os pés são cortados e recolhidos pela colheitadeira, que já mói o insumo durante o processo.
O bagaço ainda é triturado por trator e então armazenado sob lonas para fermentação, procedimento que dura cerca de um mês. O insumo obtido é misturado à ração e é considerado um suplemento rico em valores nutricionais.
O que seria considerado uma benção para o momento, afetou consideravelmente as produções em setembro do ano passado. Em razão da forte incidência de chuva no período, quando formou várzeas nas áreas de cultivo, o agricultor ficou impedido de plantar o milho, forçando-o a recorrer ao plantio somente nos meses finais de 2019.
“Quem se antecipou e plantou em outubro obteve um milho forte, inclusive para a silagem. O calor não chegou a prejudicar a ‘polenização’, o que é um alento para seguir o plantio. Mas a falta de umidade interrompeu o processo de desenvolvimento da planta após este período”, ressalta Breno.
“Secou do nada”
Propriedade de Clotário Engeroff foi uma das afetadas pela seca do milho (Créd. Alex Günther)
Em qualquer área de cultivo nos arredores do município a cena é facilmente percebida: plantações de milho amareladas, ressecadas pelo sol castigante.
Em uma propriedade próxima à Sede, Clotário Engeroff seguiu a mesma sina dos demais produtores da região e vem realizando a colheita do vegetal castigado. “Foi impressionante e muito rápido. Do dia para a noite ressecou as plantações. Se não cortamos agora, perderíamos tudo e o prejuízo seria grande”, avalia Clotário.
Em sua propriedade, possui 11 cabeças de gado, entre animais destinados a corte para a obtenção de leite. Em sua propriedade, no entanto, há áreas onde o milho, apesar das intempéries climáticas, vem desenvolvendo em sua plenitude, que ameniza a situação da sua propriedade e desacelera a colheita.