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Empresa contratada para construir pórtico na Colônia Japonesa usou madeira mais barata e não terminou o serviço

26/07/2024 - 19h29min

Atualizada em 29/07/2024 - 15h41min

EXCLUSIVO

Por Geison M. Concencia

Ivoti – Um dos principais cartões-postais de Ivoti foi alvo de uma suposta tentativa de fraude. Na construção do pórtico para a Colônia Japonesa, a empresa responsável pela obra usou material de qualidade inferior ao projeto original.

A estrutura deveria conter um tipo de madeira chamada Itaúba ou semelhante, mas com mesma qualidade, pois são consideradas madeiras nobres e resistentes. Mas, no lugar, foram usados do tipo eucalipto (vertical), e Pinus (horizontal). A diferença foi encontrada durante laudo técnico contratado pela Prefeitura e obtido com exclusividade pelo Diário.

Especialistas na análise deste tipo material, contratados pela Prefeitura, verificaram que não havia presença da Itaúba. Ela apresenta maior durabilidade que as outras e seu custo, em consequência, é maior. No laudo, realizado pelo engenheiro florestal, consta o seguinte: “Atesto para os devidos fins que a madeira, utilizada na estrutura construtiva do Pórtico da Colônia Japonesa para as estruturas horizontais, com certeza, o gênero é Pinus sp e a espécie sugere-se ser elliotti. Nas estruturas verticais o gênero é Eucalyptus e a espécie sugere-se ser saligna”, conclui teste.

Para a coleta de amostras, foram retiradas pedaços para envio aos especialistas. De posse desse material, foi possível verificar a origem da madeira, que é considerada mais barata e de menor qualidade que a itaúba.

A instalação do pórtico foi realizado pela empresa SV Incorporadora Construtora e Servicos LTDA, com sede em Flores da Cunha. A reportagem tentou contato, porém, mesmo após inúmeras tentativas de ligações e e-mails, a empresa não respondeu sobre a situação. O contato do diretor-geral da empresa, Paulo Oliveira, também chegou a ser acionado, mas ele não atendeu às ligações, tampouco respondeu mensagens.

Com as irregularidades encontradas no projeto, a Prefeitura não liberou o pagamento da obra à empresa. Esta, por sua vez, também abandonou o projeto, sem entregar luminárias, que seriam instaladas no entorno do pórtico.

No projeto de construção, consta, de maneira clara, a origem do material que deveria ser usado para construção do Torii, conforme chamado na arquitetura oriental. “Optou-se pela utilização de um projeto-padrão em madeira Itaúba ou similar nas proporções conhecidas em projetos existentes, seguindo o modelo especifico Torii para poder ser implementado no acesso do estacionamento do memorial existente”, é descrito o material no texto do projeto.

Características da madeira instalada revelam inferioridade em relação ao projeto
O eucalipto usado no projeto tem baixa resistência aos cupins, assim como pinus, considerado, menos resistente a cupins que a anterior. Os pinus são suscetíveis a fungos emboloradores, manchadores, perfuradores marinhos, brocas de madeira e apodrecedores. Diferente delas, a Itaúba, de alta resistência ao ataque de fungos e cupins.

O valor do pórtico passa dos R$ 70 mil, mas a Prefeitura suspendeu os pagamentos devido à irregularidade encontrada em fiscalização. Todo o projeto de revitalização chega a mais de R$ 134 mil, com recurso oriundo de um projeto de iniciativa popular do governo do Estado.

Como o recurso não é do Município, a Prefeitura vai pedir a prorrogação de prazo ao Estado, para que a empresa troque o material usado ou será feita, novamente, o processo de contratação para a instalação do Pórtico.

 

 

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