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Especial: em dez anos, Picada Café despenca 42% em retorno de ICMS

29/11/2019 - 13h05min

Picada Café – Dois municípios vizinhos vivem uma realidade bem diferente quanto ao retorno do ICMS. Enquanto Presidente Lucena registrou, entre 2011 e 2020, crescimento real de 65% no fatia do bolo total do imposto estadual, Picada Café caiu 42% no mesmo período. Enquanto Lucena tem uma indústria mais diversificada, Picada concentra grande parte de seu parque industrial no calçado.

Em Picada Café, o tombo na arrecadação é visto pela pouca diversificação em um mercado diretamente afetado pela crise, como foi o caso do calçado. Embora a Secretaria da Fazenda reconheça que tem ocorrido ano a ano uma diminuição no IPM, a expectativa é virar esse jogo já em 2020.

“A queda, e consequentemente a arrecadação do ICMS, não é brusca, mas sim vem diminuindo ano a ano. Todos os municípios gaúchos foram e são atingidos, uma vez que os estados do Nordeste são atrativos para as indústrias considerando os incentivos concedidos. O custo da mão de obra também é menor”, comenta a secretária Rúbia Michaelsen.

Picada Café é o município com melhor qualidade de vida da Encosta da Serra, mas a indústria não vive um bom momento. Segundo Rúbia, os cortes feitos pela Prefeitura foram somente em despesas de gestão. A participação da indústria na receita do ICMS municipal entre 2015 e 2020 também diminuiu, de 81% para 72%.

Já o setor primário cresceu sua participação no período, de 7% para 12%. E aos poucos, a intenção é mudar este cenário. Com o objetivo de recuperar parte da produção, o município tem um projeto de lei que incentiva o desenvolvimento econômico e social, segundo Rúbia. Enquanto isso, os empresários estão receosos.

Consequências

O proprietário de duas empresas, Sérgio Kuhn, afirma que a fuga de empregos para a região Nordeste afetou bastante os negócios. “Estamos parando de trabalhar com outras empresas de Picada Café, e tivemos de procurar outros parceiros para manter a estrutura, em municípios como Sapiranga”, comenta ele.

O maior problema está com seu atelier de costura em Picada Holanda, que tem 40 funcionários e existe há 22 anos. Mas a empresa de bordados também sofre as consequências. Ainda assim, não devem ser fechados empregos. “Já passamos por muitos perrengues, e sempre superamos. Vamos superar este”, afirma Sérgio.

A Sugar Shoes, também calçadista, emprega atualmente cerca de 500 pessoas em Picada Café. De acordo com o diretor administrativo, José Luiz Diel, a zona industrial de Joaneta, onde a companhia está instalada, ainda é forte. “O governo estadual não está fazendo nada para incentivar as empresas a ficarem aqui. Em outros lugares do País temos melhores incentivos fiscais”, desabafa Diel.

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