Especial: Presidente Lucena cresce 65% no retorno do ICMS em dez anos

Presidente Lucena – Dois municípios vizinhos vivem uma realidade bem diferente quanto ao retorno do ICMS. Enquanto Presidente Lucena registrou, entre 2011 e 2020, crescimento real de 65% no fatia do bolo total do imposto estadual, Picada Café caiu 42% no mesmo período. Enquanto Lucena tem uma indústria mais diversificada, Picada concentra grande parte de seu parque industrial no calçado.

Ou seja, Presidente Lucena receberá em 2020, proporcionalmente 65% a mais de retorno do ICMS do que em 2011, e Picada Café, 45% a menos. E para procurar entender os motivos que levaram a este aumento, o Diário visitou as maiores empresas do município e conversou com os gestores dos empreendimentos.

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Na liderança de empregos e arrecadação, está a Granja Pinheiros, indústria alimentícia que tem um frigorífico em Picada Schneider. No ano passado, a empresa, especializada em frangos, ampliou o espaço, investindo por volta de R$ 25 milhões, e tem perspectiva de crescimento ainda maior. A projeção é aumentar dos atuais 804 para mil o quadro de funcionários em Lucena até 2020.

Há em andamento um projeto de aumento de abater 78 mil animais por dia em 2018, para 120 mil diários em 2020. O complexo da fábrica realiza desde o abate até o armazenamento do produto final. O que não pode ser aproveitado na unidade principal é reutilizado na fábrica de subprodutos, que fica ao lado. Ali, é desenvolvida matéria-prima para ela própria e outras indústrias alimentícias.

“Escolhemos Presidente Lucena pela logística, por estar próxima de centros como a Região Metropolitana, a mão de obra qualificada nos municípios do entorno e o consumo de água. Buscávamos um local que ficasse próximo a algum rio. Aqui fomos bem acolhidos”, comenta o diretor administrativo Roberto Kehl.

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Calçados

A Stampa Artefatos de Couro é mais conhecida pela marca Luz da Lua. Em Presidente Lucena, fica a unidade calçadista, onde são empregados 417 funcionários, com 30% de mão de obra moradora do município. A empresa está em Presidente Lucena há quase nove anos. Há três, mudou a linha de produção de calçados de Novo Hamburgo para Lucena.

No ano seguinte, ampliou a unidade. Agora, planeja aumentar ainda mais, ocupando um pedaço maior do terreno onde está instalada. Segundo o gerente industrial, Clóvis Machado de Souza, a projeção é aumentar a produção dos atuais 3 mil pares para 5 mil por dia. “Queremos fazer um grande centro de distribuição aqui”, diz ele.

O calçado foi um dos que mais sentiu os efeitos da crise econômica no país. A empresa, hoje, destina praticamente toda sua produção para o mercado interno. “Estamos buscando parceiros para exportação”, comenta Clóvis. A empresa tem parcerias com curtumes da região, barateando custos com matéria-prima.

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Doces e conservas

A Doces Petry, que emprega 80 pessoas, é referência em alimentação. Por mês, produz 200 toneladas de doces e 35 toneladas de conservas. No caso do carro-chefe, a schmier, a Petry também é parceira de produtores da região, que fornecem as frutas. “A presença de empresas fortes faz com que o município possa trazer novos empreendimentos”, diz ele.

De acordo com o controlador, Luciano Fick, o faturamento triplicou de 2011 para cá, e cresceu 20% só no ano passado. Para ele, eventos como a Schmierfest, o principal do município, ajudam a impulsionar a produção e o interesse geral pelo produto e pela empresa. Em geral, o segmento não sentiu a crise econômica. “As famílias ainda precisam consumir alimentos”, afirma Luciano.