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ESPECIAL: Vivendo nas mesmas terras que o avô, família segue as tradições da colônia em Nova Petrópolis
Jocemir seguiu os passos do pai e hoje repassa os ensinamentos aos filhos na Linha Brasil Fundos
Por: Gian Wagner – gian@odiario.net
Nova Petrópolis – Há poucos metros do colosso Malakoff, na Linha Brasil Fundos, rodeados de uma exuberante mata com grandes pinheiros onde, corriqueiramente, é possível avistar bugios e micos, vive a família Boone. Jocemir Boone conta que a propriedade já está na família há gerações. “Essas terras aqui já eram do [meu] avô, depois foi repartida com os herdeiros e o pai comprou aqui”, conta o neto e filho de colonos.
Em 1973 o avô de Jocemir faleceu e quem passou a cuidar da propriedade foi Eugênio, o pai de Jocemir, que já havia crescido naquele local e retornou para a antiga casa dos pais para viver com sua esposa, Edith. Desde aquela época a família Boone criava porcos, vacas leiteiras e galinhas, entre outras produções de subsistência, que eram fundamentais para a vida no interior de Nova Petrópolis há quase cinco décadas.
ASSUME O POSTO DO PAI – Quando terminou a escola, na segunda metade dos anos 80, Jocemir passou a ajudar e se preparar para suceder Eugênio. “Tentamos verduras, mas não deu muito certo, não pagou as contas”, conta o agricultor sobre a tentativa que fizeram bem na virada para a década de 1990. Com a tentativa frustrada, o foco foi mirado para a criação de porcos e a produção de leite. “Com o tempo paramos com os porcos e ficou só o leite”, conta Boone.
SUCESSÃO FAMILIAR – Pai de dois filhos, Moisés de 20 anos e Natália de 12, Jocemir já está plantando a sementinha da agricultura nos filhos. Moisés, formado no ensino técnico da escola Bom Pastor, foi promovido de ajudante esporádico para trabalhador de tempo integral com o pai. A esposa Jessi, que antes trabalhava no setor malheiro, desde o nascimento de Natália passou a ficar na propriedade e trabalhar com o marido. A caçula, hoje com 12 anos, também ajuda nas tarefas. Os agricultores que cuidaram da propriedade até Jocemir assumir também vivem com a família. Hoje Eugênio tem 78 anos e Edith, 81.
Pai e filha no potreiro onde ficam as vacas leiteiras dos produtores da Linha Brasil (Créditos: Samuel Goldbeck/JNP)
A família dedica-se hoje exclusivamente para a produção de leite. São cerca de 700 litros por dia e mais de 20 vacas no rebanho. Apesar de viver a vida toda na agricultura, tendo isso no sangue e na cultura herdada dos antepassados, Jocemir acredita que a produção rural corre o risco de ficar escassa no município. “O turismo está crescendo muito, tem muita gente saindo [da agricultura]”, comenta. Ele também observa que poucos vizinhos da localidade seguem trabalhando com produções rurais. “Tem, mas a maioria é pequeno produtor”.
Da esquerda para a direita, a mãe Jessi, Natália, Jocemir e Moisés (Créditos: Gian Wagner)