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Esses animais podem ser os ‘pets’ do futuro; criador relata que até ajudam a enfrentar depressão
Por Cleiton Zimer
“As abelhas sem ferrão podem ser os pets do futuro.” A frase, que parece curiosa, carrega a convicção de Lauricio Schulz, 35 anos, morador da comunidade da Renânia, em Santa Maria do Herval. Criador de espécies nativas dóceis, ele aposta que a meliponicultura pode ir além da produção de mel e enxames: também é uma forma de terapia, preservação ambiental e, no seu caso, memória familiar.
Lauricio cria as abelhas por paixão, mas sobretudo, em memória a sua avó.
A história começou no final de 2018, quando recebeu de um amigo um enxame de abelhas jataí. Na época, morava em Gramado com a avó Frieda Schulz, então com 91 anos. A reação dela mudou sua vida.
“Quando cheguei em casa vi o entusiasmo dela com aquele enxame. Me contou que, quando era nova, teve contato com as abelhas sem ferrão, mas que com o passar dos anos não teve mais oportunidade. A partir daquele momento, vendo a felicidade dela, comecei a me aprofundar mais no assunto”, relembra.
Além de trabalhar em uma empresa, todo dia se dedica às pequenas operárias da natureza
O brilho nos olhos de Frieda transformou um presente simples em propósito. Lauricio passou a dedicar parte dos dias às abelhas, mesmo após o expediente na fábrica de móveis em que trabalha. Hoje são mais de 50 enxames, de seis espécies diferentes, todas nativas da região — com destaque para jataí e tubuna.
Lauricio também recorda uma frase que a avó repetia: “as abelhas são os únicos animais que trabalhavam para a gente e não cobravam nada em troca”. Essas palavras se transformaram em norte. Mais do que uma atividade com potencial de renda, a criação é uma válvula de escape da rotina e um compromisso com a preservação.
“Hoje a criação e manejo das abelhas têm um significado importante que foge do propósito da venda, mas sim da concretização da importância das abelhas na natureza. Para mim, é mais importante a preservação do que o lucro”, diz.
O impacto, porém, vai além da renda. “Alguns dos meus clientes já me relataram que as abelhas sem ferrão ajudaram a enfrentar a depressão”, conta. Por serem dóceis e seguras, acredita que podem ser vistas como “pets do futuro”, até mesmo para quem mora em apartamentos.
Laurício também trabalha com artesanato, fabricando colmeias diferenciadas.
Hoje, o espaço reúne abacateiros, araçazeiros, jabuticabeiras, pessegueiros, ameixeiras, nespereiras, goiabeiras, pés de erva-mate, laranjeiras e bergamoteiras, entre outras espécies. “Como eu faço de tudo um pouco, vou diversificando. Mas o mais importante é que as árvores garantem alimento para as abelhas e ajudam a manter o equilíbrio ambiental”, explica.
“O convívio com as abelhas me traz lembranças dela e me conecta com a natureza. A meliponicultura, para mim, é mais que um trabalho: é uma forma de manter viva a história da minha avó e, ao mesmo tempo, cuidar do futuro”, resume.
Quem quiser conhecer mais do trabalho de Lauricio pode entrar em contato pelo telefone/WhatsApp (54) 99625-3140, pelo Instagram @meliponario_schulz ou pelo YouTube no canal Meliponário Schulz, onde compartilha vídeos sobre o manejo das abelhas sem ferrão.