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Fábricas de calçados fazem parte da história de Dois Irmãos

17/09/2023 - 08h00min

Atualizada em 06/10/2023 - 09h45min

Muitas das antigas fábricas ainda existem e estão entre as maiores empregadoras

Mauri Marcelo Toni Dandel

Dois Irmãos está ligada ao calçado, tanto é que grande parte das indústrias que ainda empregam no setor surgiram há muitas décadas. Mas, no passado nem sempre eram as mesmas indústrias que temos hoje, ao contrário, elas continuam como espinha dorsal da economia calçadista, mas no passado as coisas eram mais dinâmicas no setor. Ora sócio de uma fábrica aqui, ora sócio de outra fábrica, fato que é destacado no livro de Justino Vier, que enumerou algumas empresas abrindo e fechando, como é natural na economia de um país.
Então, se você está acostumado aos nomes de fábricas de calçados de hoje com Henrich, Wirth, Kunzler, Pegada e outras, saiba que nem sempre foi assim. Então, recuperamos um pouco desta história, a partir do livro do primeiro prefeito da cidade, Justino Vier.

FÁBRICAS IMPORTANTES AO LONGO DA HISTÓRIA
– 1943: Nesse ano, surgiu a fábrica ELLWANGER & CIA LTDA, de Albino Ellwanger e irmãos, e cunhado Hugo Korndörfer;
– 1944: Teve início a “CALÇADOS MONTANHA” (hoje terreno das Irmãs) com os sócios Fernando Kuntzler (que já era sapateiro), Frederico Ott, Hugo Sander e Pedro Spohr;
– 1946: João Arlindo Wirth, começou uma sapataria numa sala da casa de seu pai, trabalhando sozinho.
– 1951: Ernesto Weschindo Feltes construiu a “CALÇADOS ROSELY”, onde eram sócios Ernesto Weschindo Feltes, Werno Auler, Osvino e Hugo Staudt;
– 1952: A fábrica G. ENGELMANN & CIA LTDA, onde eram sócios Theobaldo G. Engelmann e cunhado Saueressig, seu irmão Guido Engelmann, Normélio Gregórius, João Arnildo Mallmann, Geraldo Wolf e, em 1966, entraram como sócios Benjamim Motizka, Romeo Wolf e Albino Ranft. Logo a seguir saíram Theobaldo, Guido e Saueressig.
– 1954: Guilherme Cyrillo Henrich e filhos fundaram uma nova indústria de calçados, a HENRICH& CIA LTDA;
– 1954: Werno Birck, seu pai Theobaldo Birck, Arlindo Feiten e o Miguel Kuntzler criaram uma pequena fábrica num prédio velho de Willibaldo Arnold; em 1956 construíram um novo prédio, onde hoje está o Sindicato Rural e as atividades da “CALÇADOS SÃO MIGUEL LTDA” foram até 1969;
– 1956: Neste ano, mais uma nova indústria de calçados iniciou, na residência de Fernando Kuntzler. Chamava-se: “CALÇADOS BENJAMIM LTDA”;
– 1957: Cyrillo Guilherme Henrich, Theobaldo Engelmann e Edgar Petzinger fundaram a fábrica: “CALÇADOS DEOVY”;
– 1958: Surgiu a U. ARNOLD & CIA LTDA, com Urbano Arnold, Paulo Eich e Artêmio Arnold, indo até 1962;
– 1958: Já em 1954, Sirio Braun, seu sogro Cyrilo Führ e seu irmão Edgar Braun, começaram um pequena fábrica no Travessão, a “CALÇADOS SEGUNDINHO”, até 1987.
– 1959: a “CALÇADOS MANN”, na Av. 25 de Julho (perto do Banrisul) tinha os sócios Theobaldo Engelmann, João Arnildo Mallmann e Edgar Petzinger;
– 1959: Guido Engelmann, iniciou a “CALÇADOS GUITSCH”, com Arno, Egon e Henrique Saueressig, que saíram em 1964. Então, João Arnildo Mallmann, Geraldo Wolf, Romeo Wolf, Benjamin Motizka e Albino Ranft (Capanga) viraram sócios, mas em 1966 Guido Engelmann retirou-se e o grupo fundou, em 1970, a “CALÇADOS TRAVÊSSO”;
– 1959:Theobaldo G. Engelmann e seu cunhado H. Saueressig, fundaram, na Av. Irineu Becker, uma nova indústria;
– 1962: foi fundada a “CALÇADOS MAIDE LTDA”, por João Arnildo Mallmann.
– 1964: Theobaldo G. Engelmann retirou-se da Calçados “Mann” e começou a “CALÇADOS UNDI” na Av. Irineu (antiga Pegada);
– 1970: Surgiu a “CALÇADOS TRAVÊSSO”.
– 1981: foi fundada a “CALÇADOS DIKORO” por Jorge Kirst e Cezar de Oliveira, até 1992.

Terra do Calçado? Mas sempre foi assim? Não… veja o tipo de empresas do passado

Ferrarias, selarias, atafonas, alambiques… algumas curiosidades extraídas do livro História de dois Irmãos, de Justino Vier.

Dois Irmãos é uma cidade que nasceu para o calçado, pois a base da economia continua sendo, além de outros setores que foram crescendo a partir do sapato.
Então, para fazer uma viagem no tempo, que tal embarcar na leitura desta página e conferir alguma das empresas que existiam e hoje não existem mais? Olarias, moinhos, serrarias, selarias e por aí vai.
Aliás, você sabia que no Vila Rosa e início do Travessão Rübenich havia uma “espécie de centro industrial”. Por ali, em tempos próximos ou não tanto, havia moinho, armazém, transporte de secos e molhados, atafonas, alambiques e outros?
Então, confira algumas curiosidades extraídas do livro História de dois Irmãos, de Justino Vier.
SAPATARIAS
Mas, o começo desta história vem das sapatarias, que se tornaram fábricas. No entanto, quando o assunto é sapataria, tinha Pedro Feldens (pai de Paulo Feldens), Fernando Kuntzler (pai de Herberto Kuntzler), José Mombach (Morro) e Pedro Kroetz (Herval). Além disso, tinha o famoso “Curtume G. Saueressig”, que ficava na Obergass.

CERVEJARIAS

Se Dois Irmãos tem várias cervejarias atualmente, no passado… foi assim. Aliás, haviam muitas fábricas de bebidas, nos anos 50 (em diante). Em Dois Irmãos surgiram três pequenas fábricas de bebidas, de Frederico Hennemann (cerveja), Frederico Ott (produzia gasosa, framboesa, guaraná e soda -Selzer-Wasser) e perto da Igreja Evangélica, Annibal F. Krug fabricava bebida sem álcool e o famoso Bitter-Krug, semelhante ao “Underberg’, elaborado de plantas medicinais e essências importadas.

ALAMBIQUES
Ao longo dos anos Dois Irmãos sempre teve muitos alambiques. Parte desta história estava sepultada, porém, com a aquisição da Prefeitura da chácara da antiga cachaçaria Dom Braga, a história volta a tona.
Dizem os mais antigos que no Travessão, Kolorabenschneiss e Vale Direito, as terras eram propícias à cana-de açúcar.
No livro sobre a história, Justino Vier (veja também outras curiosidades do livro) destacou alguns dos vários alambiques que a cidade teve:
Adão Sander (Vale Esquerdo)
Júlio Sander (Vila Rosa)
José Hennemamn e Jacob Feiten (pai de Claudio Feiten) (Travessão)
Balduino Feiten e Guilherme Lemmertz (Obergass)
F. Weber, da Picada 48 (Ivoti).

ATAFONAS

Não só para cana, mas também para a plantação de mandioca e aipim. Este é o solo de Dois Irmãos. A moagem da mandioca como também da cana era feito com auxílio de dois animais, que substituíam o motor. Durante um longo período, alguns colonos se dedicaram à fabricação de farinha de mandioca; dentre eles citamos: Aloysio Stoffel, Aloysio Schmitt, José Wickert, Reinaldo Feiten, estes no Vila Rosa; Aloysio Gallas e Jacob Soine, do Vale Direito.

MOINHOS DE GRÃO
Qual comunidade do interior que não teve um moinho de milho ou de trigo?
Aliás, até o arroz era descascado desta forma, ou seja, moinhos movidos pela tração animal ou pelo “Wasserraht” (roda d’água).
Justino Vier destaca alguns doss donos de moinhos: Carlos Lehnen (depois Emilio Lehnen – filho), Wilhelm Collet (Alfredo e Emilio Collet), Henrich e Adam Hack, José Scholles, Jorge Schneider (Arroio da Direita), Jacob Zimmer, no Morro Reuter (fazia óleo de amendoim).

SERRARIAS
Mas, nem só de cana e aipim viviam os moradores de Baumschneiss.
Para se construir uma casa ou outras benfeitorias, pregos, cimento, cal, telhas, vidros só havia em São Leopoldo ou Novo Hamburgo.
Então tudo era feito por serrarias daqui, como as de Frederico, Alfredo e Bruno Becker, no Vila Rosa; Christiano Müller, no Vale Direito; Carlos Scholles, na Picada Verão; Jacob Vier em Santa Maria do Herval e Guilherme Backes (depois Aloysio Backes) também no Herval.

CARPINTARIAS
E as carpintarias também eram muito importantes em épocas antigas, inclusive para fabricação de caixões fúnebres.
Entre elas, havia a de Mathias Klein e Pedro Weiandt, além da Carpintaria São Miguel (ldesa), mais tarde, Willibaldo Stoffel, Pedro Petry, Alberto Führ, Oswino Petry, Armando Fritsch, Beno Becker e Affonso Wolf, que era o gerente.

OLARIAS
Hoje Dois Irmãos tem a Rua da Olaria. Só assim para a gente ouvir falar de olarias, que fabricavam tijolos. Mas, se hoje é coisa do passado, “no passado” elas tinham uma grande importância. Nos anos 1940 havia duas olarias: a de Felipe Birck (hoje na Rua João Klauck) e de Aloysio Stoffel e Cia., no Vila Rosa.

FERRARIAS
As montadoras de veículos ou revendas ou, ainda, concessionárias de hoje em dia, no passado se chamavam… ferrarias. Era dali que se tornava possível “viajar” a cavalo, pois os animais precisavam receber “ferraduras” novas.
E Dois Irmãos tinha a ferraria de Aloysio Becker, Thelmo Petzinger ou Aloysio Berlitz, além de muitas outras espalhados em todo interior.
Mas além das ferraduras, também fabricavam peças de madeira para trabalho na lavoura.

SELARIAS
A profissão de seleiro ainda existe?
O seleiro tinha muita importância, afinal, cavalo ou burro, eram as montarias da época.
E todo mundo precisava de cela de couro, com os arreios. Neste quesito, Justino Vier Pedro Spohr e Theobaldo Engelmann, ambos na São Miguel.

ALFAIATARIAS
Antes da década de 40 eram muito raras as confecções. Então, a saída era comprar tecidos ou fazenda e fabricar as roupas.
Alguns alfaiates da cidade e interior: Henrich Schäffer (onde está o museu), Julio Koch (ao lado da Atiradores), Aloysio Büttenbender (hoje Petry), Theobaldo Boufleur e Estevam Kreutz (Herval).
Além disso, haviam as costureiras, segundo Justino, que eram Catharina, Maria e Hedwig Rausch, Luiza Feiten e lda Kieling.

MATADOUROS – AÇOUGUES
Até os anos 50, em quase todas as comunidades, além de moinhos, havia mais de um matadouro, que não só abatia, como vendia carne aqui (como açougue) ou para fora.
Antes dos anos 40, a matança e venda de carnes eram responsabilidade de Guilherme Engelmann, Affonso Kieling, Frederico Scherer e Alberto Rübenich, em Dois Irmãos. Carlos Wolf, no Morro, E. Alberto Arnold, Walter Fleck, Nelson Kieling, Alfredo lIges, Aloysio Kuhn e Nelson Wolf, no Herval.

CANTARIAS
A grande maioria de monumentos aos mortos eram esculpidos em pedras grês. Marmore era raro, mas Dois Irmãos teve artistas nesta atividade, com as cantarias de Helmuth Hoppen, Willy Arnhold e Pedro Arnhold, entre outro

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