Falece o pequeno guerreiro Ravi, em Dois Irmãos

Por Cleiton Zimer

Dois Irmãos – Chegou ao fim a luta do pequeno Raví Arnold Miranda. Após desafiar todas as probabilidades médicas, travando uma longa batalha pela vida, ele faleceu no domingo, 11, aos oito meses.

Ravi nasceu prematuro [aos oito meses] no dia 18 de março. Sua mãe, Lidiane Arnold, 28 anos, faleceu durante o parto. O recém-nascido era o seu quinto filho. Ele esteve entre a vida e a morte por longas semanas, enfrentou muitas batalhas entre idas e vindas ao hospital nos últimos meses, venceu diversas barreiras mas, depois de estar novamente 40 dias internado, morreu no início da madrugada de domingo, 1h30.

O pequeno foi adotado pela tia Maria Fabiane Arnold que, desde o começo, esteve ao seu lado nas constantes idas e vindas às casas de saúde. Mesmo já tendo duas filhas, largou o próprio emprego para se dedicar ao menino.

Raví foi diagnosticado com paralisia cerebral, microcefalia e encefalopatia hipóxico isquêmica. A comunidade se comoveu com a história desde o início e ajudou de inúmeras formas, tanto com doação de roupas, fraldas, alimentos e dinheiro.

A despedida ocorreu às 11h de domingo na Funerária Dois Irmãos. O sepultamento foi no Cemitério Católico 2.

A mãe falece na cesárea de emergência

Lidiane faleceu logo após uma cesárea de emergência de Ravi. Ela enfrentava problemas cardíacos desde criança – inclusive já havia sido operada.

A penúltima gravidez já era considerada de risco; também nasceu através de cesárea, onde os médicos – de acordo com a família – deixaram gazes dentro dela o que levou a uma nova cirurgia para a retirara.

Durante a gravidez de Ravi sentia mal estar constante por causa dos problemas no coração. “Ela ia para o médico, voltava, mandavam ela para casa”, contou, na época, a irmã Fabiane. No dia 7 de março teve consulta e, na sexta-feira, 18, passou mal novamente.

“O marido levou ela para o Hospital de Sapiranga de onde a encaminharam, já meio desfalecida, para Porto Alegre. Lá fizeram a cesárea de emergência assim que chegou”, contou a irmã. Depois do parto realizaram o procedimento de laqueadura e, enquanto estavam fechando os pontos, Lidiane foi a óbito diante de uma parada cardíaca.

Além de Raví, deixou uma menina de 2 anos, um menino de 6 e duas meninas de 8 e 12. Como a família enfrentava dificuldades, o recém-nascido foi adotado pela tia. A menina de dois anos ficou uma amiga da família e o pai permaneceu com o três maiores. A comunidade toda se uniu para ajudar de inúmeras formas.

Lidiane era natural de Dois Irmãos. Estavam morando em Sapiranga há aproximadamente um ano. O esposo e pai das crianças, Antônio Miranda, trabalhava na cidade então a mudança para lá tornaria o dia a dia mais fácil.

Comoção em toda a região

A notícia do falecimento de Raví comoveu toda a região. Afinal, muitas pessoas o ajudaram neste caminho e todos sempre tiveram fé na sua recuperação.

A tia e mãe adotiva, Fabiane lamentou a perda. “Mesmo passando por tudo que passei e estou passando nesse momento, você foi e sempre vai ser a melhor coisa que aconteceu na minha vida e nem a morte vai conseguir roubar esse amor que sinto por você”, disse.

Fabi destacou a força de Raví. “Sei que agora meu menino descansou eu vou sentir tanto sua falta, meu amor, você foi tão forte nesse último mês, jamais vi alguém com uma força igual à sua. Você é uma criança abençoada, agora chegou o momento de você ir com sua mãezinha e tenho certeza que ela vai cuidar de você assim como eu cuidei com todo amor, carinho, dedicação.”

Fabiane agradeceu todas as pessoas que ajudaram nestes longos meses. “Gratidão a todos que nos ajudaram nesses oito meses, que se importavam com meu pequeno, sempre desejando o melhor para ele. Gratidão a todos.”

*Há duas semanas foi disponibilizada uma rifa em diversos pontos da cidade, inclusive na sucursal do Jornal O Diário de Dois Irmãos, para ajudar a custear as despesas com o Raví. Os números continuam no jornal até que a família os venha retirar; afinal, ainda terão muitas despesas para quitar.