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“História de novela”: filha empresta a barriga para a mãe e o padrasto terem mais um filho

06/05/2022 - 10h58min

Matheus com os pais Severino e Laureta, e a irmã Adriana (Créd.: Dário Gonçalves)

Nova Petrópolis – Para quem deseja ter um filho, a gravidez é a realização de um sonho. No entanto, mesmo com toda a vontade e amor do mundo, a natureza coloca um prazo às mulheres. Mas isso não foi problema para o casal Laureta Maria Hachenhaar Kerckhoff, hoje com 59 anos, e para seu marido, João Severino Backer, 10 anos mais jovem. Os dois sonhavam em ter uma criança e conseguiram isso em uma história digna de novela. Em uma demonstração de amor e coragem, Adriana Kerckhoff, filha de Laureta e na época com 33 anos, aceitou o desafio e foi barriga solidária para gerar o filho de sua mãe e de seu padrasto.

Severino e Laureta se conheceram quando ele tinha 34 e ela 44 anos. Mas todo o processo começou há nove anos, quando Laureta tinha 50. Ela já era mãe de três filhos adultos, Adriana, Michele, 37, e Jonatan, 34. Mas Severino não tinha filhos e queria viver essa experiência, principalmente porque o seu pai faleceu em um acidente de carro quando a mãe de Severino estava grávida de sete meses, sem nunca poder conhecê-lo.

Laureta com os filhos Matheus e Adriana (Créd.: Dário Gonçalves)

O casal, então, sempre com a companhia de Adriana, começou a buscar clínicas de fertilização para que pudessem realizar uma inseminação artificial. “Nós pegávamos o carro e íamos até Caxias do Sul, até Porto Alegre, e depois pegávamos um táxi. Não conhecíamos nada, mas fomos para todos os lados”, conta Adriana.

Tentativas de fertilização

No início, Adriana, que tem um filho de 15 anos, Caio, conta que nem passava por sua cabeça gerar um filho que não fosse seu. “Imagina… eu passar nove meses grávida e depois entregar o meu filho. Era algo impossível”, relembra. No entanto, os procedimentos em sua mãe não davam resultado e Laureta acabava voltando triste para casa. “Muitos médicos falavam para ela desistir, que era um procedimento caro, com risco de morte, e muito difícil de dar certo. Eles falavam para ela e o meu padrasto aproveitar a vida, viajar o mundo, mas eles queriam mesmo era ter um filho juntos”, explica Adriana.

Adriana é mãe de Caio (Créd.: Dário Gonçalves)

Foram cinco anos de tentativas, mas sem sucesso. Laureta já estava com 56 anos e o que já parecia difícil, tornava-se cada vez mais impossível. Nas clínicas, os médicos já falavam que a única forma seria a fertilização em uma barriga solidária. E Adriana, que acompanhava tudo, foi amadurecendo essa ideia. “Eu via muitas mulheres, muitos casais, nestas clínicas e aos poucos fui trabalhando minha cabeça para isso. Até que um dia tomamos essa decisão”.

A gravidez

No final de 2018, Laureta, Severino e Adriana já haviam decidido o que fazer. Deram então início no processo, mas Laureta já não podia mais oferecer os óvulos. Foram cinco meses de busca para que o laboratório encontrasse material genético com as mesmas características físicas que ela. A partir daí, com o espermatozoide de Severino e óvulo vindo de um banco de doadoras, a inseminação foi realizada e Adriana passava a estar grávida de uma criança que seria, não seu filho, mas seu irmão.

Descoberta

O dia em que se confirmou a gravidez foi de grande emoção, boas e ruins. No mesmo dia em que recebeu a notícia, acontecia o velório de um amigo. “Foi um dia em que chorei de alegria e de tristeza, mas ficará marcado pra sempre. Minha irmã e eu compramos uma roupinha, colocamos em uma caixa e demos de presente para a nossa mãe para anunciar. Aí todo mundo chorou”, detalha.

Filho de Laureta, mas gerado por Adriana, Matheus se diverte com as duas (Créd.: Dário Gonçalves)

Preconceito

Na época, Adriana tinha um namorado que, segundo ela, a apoiou. O problema vinha de outras pessoas que faziam comentários maldosos. “‘Como assim a Adriana tá grávida do padrasto dela? Como assim tu vai dar teu filho quando ele nascer?’. Até hoje tem quem fale, mas a gente não dá bola”. Ela conta também que quem não gostou muito foi a ex-sogra, pois a mãe de seu ex-namorado queria um neto mas, mesmo com a gravidez de Adriana, isso não iria acontecer.

O pequeno Matheus

A gravidez de Adriana foi normal como qualquer outra. No dia 15 de agosto de 2019, Matheus Hachenhaar Backer nasceu do corpo de sua irmã de parto natural em Gramado, no mesmo dia em que sua avó paterna faz aniversário. A irmã o amamentou durante os sete primeiros dias, mas depois parou para evitar criar um vínculo maior do que deveriam. Ainda durante um mês, Adriana morou junto com a mãe e o padrasto, mas as responsabilidades já eram de Laureta.

Laureta e o filho Matheus (Créd.: Divulgação)

Hoje, Matheus está com 2 anos e 9 meses, gosta de ir para a escolinha, brincar com a irmã e dinda Adriana. Com a mãe Laureta, ele trata os animais, brinca com os gatos e cachorros, cuida das flores. Com o pai Severino vai até o aviário ver os “piu-pius”. E de toda a família recebe o amor que tem direito e, futuramente, quando entender, terá uma linda história para contar.

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