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História que inspira: Mariele lidera movimento que acolhe e informa sobre autismo em Dois Irmãos

11/03/2024 - 09h34min

Por Nicole Pandolfo

Mariele de Matos Steffen conta a sua história com a certeza de que entendeu o seu propósito de vida, sua fonte de energia para seguir em frente. Aos 33 anos, ela lidera um movimento em Dois Irmãos que dissemina informação sobre o autismo, acolhendo e apoiando famílias de crianças portadoras do transtorno do espectro autista. Ela, mãe de dois meninos, um deles autista, passou pelo processo de descoberta do diagnóstico e busca pelo tratamento sozinha, um caminho doloroso que normalmente vem acompanhado de inseguranças, culpa e medo. “Onde estão os outros?!”, ela se perguntou em um determinado momento. O questionamento deu origem a AMA, a Associação dos Amigos dos Autistas, entidade que hoje ela preside.

“A gente vê muita mãe de autista entrando em depressão por causa da demanda, por não saber o que fazer”, ela conta. Hoje, Mariele entende que a vida lhe preparou para ser forte e oferecer o suporte a quem precisa.

Mariele cresceu vendo sua mãe presa em um relacionamento abusivo com o pai. A violência física e psicológica fez com que a mãe, ao longo da vida, transitasse por períodos de tristeza a depressão profunda que, em momentos, culminaram em tentativas de suicídio. A mais velha dos três filhos, Mariele assumiu o dever de cuidar e proteger a mãe, tirando-a de casa e levando-a para morar consigo aos 17 anos. Mas a sua força foi novamente testada quando ela engravidou pela primeira vez. Mariele deu à luz dois meninos gêmeos prematuros, mas somente Davi sobreviveu. Ela teve que lidar com a morte de um filho e o desafio de lutar pela vida de Davi, sabendo das possíveis consequências da prematuridade. Davi tinha dois anos e já havia sido diagnosticado autista quando ela teve o segundo filho, Erick. A demanda foi tamanha que Mariele também sucumbiu a depressão.

 

Hoje, ela conta que numa simples conversa com mães de autistas, consegue identificar sinais de depressão: “Eu amo cuidar delas, estar com elas, olhar pra elas e dizer ‘agora tu tem um grupo de pais e amigos que vão te ajudar’”, conta.

Mariele relata ter entendido como o relacionamento com a mãe e a experiência com o filho autista serviram como base para o seu propósito maior de acolher mães que passam pela experiência que ela passou sozinha. “Tenho muito orgulho pelo que temos feito pela AMA, tenho muito orgulho dos meus filhos, da independência deles, porque eu preciso criar seres humanos fortes. A minha mãe, indiretamente me criou um ser humano forte, mas eu não sabia. Fui entender agora.”

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