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Hortêncio: paratleta é exemplo de dedicação e vontade

11/10/2019 - 09h29min

São José do Hortêncio – Todos os dias o mesmo pensamento: “quero ir correr”. Sempre torcendo para o tempo passar mais rápido. Independente de sol ou chuva, a vontade é a mesma. Aguardando a hora de sair. Perguntando inúmeras vezes: “hoje vamos ir para a rua?”.

Calçar os tênis, colocar o boné e ganhar algum tipo de liberdade fora de casa. Algo que, às vezes, apenas o esporte pode proporcionar. E além disso, um momento onde não existe diferença, seja ela física ou psicológica. É assim que Jean Klein, de 22 anos, encara os dias. Questionado sobre o que gosta de fazer, a resposta vem sem muito pensar. “Gosto de sair para correr”.

Morador do município, ele encontrou no esporte um meio para a qualidade de vida. Jean foi diagnosticado com atraso intelectual e, devido à situação, encontra dificuldades para desenvolver o aprendizado. Contudo, incentivado e acompanhado pelos pais, Erineu e Elisa, a prática esportiva tem colaborado na sua rotina. “Ele apresentou um pouco mais de interesse com algumas outras coisas, mas foi por causa das corridas que ele começou a aceitar a sair de casa e ir em alguns lugares”, conta a mãe.

Jean faz pose junto dos seus troféus e as medalhas da família. (Foto: Rafael Petry)

Jean já participou de competições em diversas cidades do Estado. Há três anos praticando a corrida de rua, a coleção de medalhas e troféus ganha destaque pela casa. Ele conta porque gosta tanto do esporte. “É mais saudável, eu adoro participar das provas. E correr é muito divertido!”, diz enquanto espera o final da tarde chegar, para mais uma vez ir treinar.

UNIÃO

Em 2015, o pai participou de uma rústica em Porto Alegre. Ali surgiu o gosto pela corrida de rua. Jean, assistindo o pai, também pediu para participar. Com o tempo, eles não pararam mais. “Os dois sempre iam juntos assistir. Ele me esperava na chegada e sempre comemorava junto comigo”, conta Erineu. A mãe completa. “Houve um evento em Lindolfo Collor, em 2016, que a organização já conhecia o Jean. O organizador Jader ficou amigo dele e aceitou a participação porque ele já havia pedido antes para correr. Foi um quilômetro, mas aquele incentivo significou muito”.

O esporte aumentou a união da família Klein. (Foto: Rafael Petry)

Desde então, Jean começou a participar das provas junto com o pai. Logo depois, a mãe também entrou para o esporte. Hoje os três correm juntos. “É o Jean quem puxa a frente para treinar e correr”, diz o pai. “E a mãe tem que segurar, fazer descansar um dia, porque senão, ele vai sempre”, comenta descontraída mãe.

Hoje, além da melhora na rotina do Jean e os benefícios para a saúde, é no esporte que a família Klein encontrou mais uma maneira de se manter próxima e unida. “Com certeza essa rotina nos deixa mais próximos dele”, comenta Erineu.

EM FRENTE

O jovem paratleta não desiste fácil. Elisa conta que, uma noite antes de uma corrida, em Araricá, Jean passou mal. “Ele estava bem ruim e não queríamos que ele participasse. Só que o Jean insistiu e foi mesmo assim. A ambulância foi seguindo atrás e ele completou a prova correndo!”, relata. “E eu ainda ganhei troféu!”, Jean comemora, mesmo que fosse de participação. “Hoje ele percebe que pode fazer isso, que pode fazer. É uma das maiores diferenças do Jean hoje com aquele Jean antes de começar a correr”, diz o pai.

Família Klein já participou de várias competições de corrida pelo Estado. (Foto: Arquivo Pessoal)

Hoje a sua vontade é de nunca parar. “Eles podem até parar um dia, mas eu não vou!”. E, deixando de lado qualquer dificuldade, Jean justifica porque treina tanto. “A prática leva à perfeição”.

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