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Isolde Holler, a dona de casa que foi primeira-dama dos tempos das “bolachetas” de Ivoti

17/08/2022 - 12h01min

A “Bolacheta” era uma obrigação do 1º Plano de Obras e Investimentos Crédito: Cândido Nascimento

Por Cândido Nascimento

Ivoti – Isolde Holler, 84 anos, foi a 1ª primeira-dama de Ivoti, pois era casada com o primeiro prefeito, Neldo Holler. Ela relembra as dificuldades que vieram com a emancipação do município, que pertencia a Estância Velha. O único prédio que ficou para a Administração que assumiria sob o comando de Holler era a sede da Prefeitura, onde funcionou a Biblioteca Municipal por muitos anos, no Centro.
Como não havia sobrado mais nada, o prefeito eleito instituiu uma forma de pedir empréstimos aos empresários locais. O cidadão que emprestasse um valor, recebia o dinheiro um ano depois com juros de 12% ao ano. Essa promissória ficou conhecida com o “bolacheta”, devido ao apelido do prefeito, que era “Bolacha”. A primeira delas foi emitida em 24 de maio de 1965, no valor de 10 mil cruzeiros, que foi devolvido em 30 de julho do ano seguinte. Assinavam o prefeito e a tesoureira Dorinha Klein.
Natural de Sapiranga, Isolde trabalhava no escritório contábil Schier Kuwer. Ela e Neldo se conheceram em Tramandaí, e se reencontraram novamente na Sociedade Atiradores de Novo Hamburgo, em uma época de Carnaval. Depois dali “Bolacha” foi até Sapiranga de caminhão com um amigo. Ele e Isolde começaram a namorar, noivaram em 1958 e casaram no ano seguinte.
O casamento foi em Ivoti, pois a maior parte dos familiares era da família de “Bolacha”. O local da cerimônia religiosa foi a antiga Igreja Evangélica, e a festa foi na Sociedade Harmonia.

“Bolacha” usava o próprio DKW

Como a Prefeitura não possuía veículo próprio, no início o prefeito usava a sua DKW para se deslocar. Também não havia funcionários, que foram sendo contratados aos poucos. Isolde lembra que o curso primário era na antiga Escola Evangélica.
“As firmas ajudaram muito, pois cederam as máquinas de escrever, e não tinha nem cadeira para sentar, pois Estância Velha só deixou o prédio. O Neldo vibrou muito quando foi comparada a primeira patrola, que era usada”, comenta ela. O vice-prefeito da época, Jacob Schneider, foi em casa e trouxe algumas cadeiras.
Neldo Holler também foi o prefeito no terceiro mandato do município, mas foi acometido de um câncer e faleceu aos 43 anos, no final desse mandato, que era a sua segunda vez à frente da Prefeitura de Ivoti. Ele e Isolde tiveram os filhos Úrsula (em memória), André e Margit. Os netos são cinco: Thiago, Fernanda, e Maurício, Eduardo e Ana Laura.

Sindicato, reforma e sonho

Isolde acredita que foi Neldo quem teria adquirido o terreno da construção da Escola Mathias Schütz. No seu segundo mandato ele fez uma ampliação da Prefeitura, aumentando o gabinete e outras dependências.
Ela recorda que foi ele que conseguiu recursos para a construção da sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Ela lembra também que um grande sonho era fazer o asfaltamento da Avenida Bom Jardim, o que conseguiu realizar na sua segunda gestão. Outro sonho era construir um ginásio de esportes, mas que foi construído pelo prefeito Ano Müller.
Na época, ele (Neldo) tinha adoecido e estava internado no hospital de Ivoti. Como possuía um Opala, estacionava o carro em frente ao hospital e fugia para acompanhar as obras. O seu médico na época disse que não iria mais cuidar dele. O especialista que o atendia em Porto Alegre veio vê-lo aqui em Ivoti, mas ele faleceu algumas semanas depois. Finalizando, a moradora comenta que “Bolacha” gostava da política e queria fazer muito mais por Ivoti.

 

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