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João Führ recebe título de Cidadão Honorário
Dois Irmãos – Um dos primeiros moradores do bairro Industrial foi homenageado, na segunda-feira, 26, com o título Cidadão Honorário. A iniciativa partiu do próprio presidente da Câmara, vereador Paulinho Gehrke (PP) e contou com o apoio dos demais colegas. Familiares também acompanharam a solenidade. Em seu discurso, bastante emocionado, João agradeceu o reconhecimento.
Segundo morador do bairro Industrial
Nascido em 5 de outubro de 1940, na localidade de Morro do Pedro, em Presidente Lucena, João Fuhr, 74 anos, casado com Lúcia Exner Fuhr, com quem teve três filhos (Lilian e os gêmeos Jonas e Jair), conta que teve uma trajetória de altos e baixos e acompanhou o desenvolvimento da região do bairro Industrial e Navegantes. Mas antes de vir a Dois Irmãos, aos 20 anos, foi morar em Novo Hamburgo, onde trabalhou como frentista de posto de combustível e aos 24 se mudou para o bairro
Travessão, próximo à BR 116
No dia 4 de março de 1973, aos 32 anos mudou-se para o atual endereço, no bairro Industrial, junto à Av. Sapiranga. “Quando eu vim morar na Av. Sapiranga só tinha um morador. Tenho orgulho de dizer que fui o segundo dessa região. O terceiro veio dois dias depois. Isso daqui só tinha mato de acácia e eucalipto e uma pequena estrada que passava no meio. Não existia água encanada e nem luz. Depois começou a se desenvolver, com a instalação da Corsan, em 1975”, destacou João. Porém, mesmo com a construção da Corsan, a poucos metros da sua residência, joão não tinha água encanada porque a rede foi levada apenas para o Centro. E, no mesmo ano 10 proprietários de terrenos se juntaram e puxaram uma rede de água particular.
O começo foi difícil
João Fuhr lembra que quando chegou com a família para morar em Dois Irmãos não tinha condições de pagar aluguel. “Éramos pobres que não tínhamos como pagar aluguel e moramos cinco meses de favor em uma casa cedida por uma conhecida nossa. Daí consegui comprar esse terreno parcelado e meu pai, que era carpinteiro, fez uma casinha pra mim com madeira usada e alguma coisa com madeira nova. Essa casa existe até hoje e, assim fomos melhorando de vida”.
De 1975 até 1979 ele trabalhou com entregas de frutas e verduras em armazéns em Canoas. Depois passou a levar para a Praia de Bellas, em Porto Alegre. A partir de 1979 passou a vender semente de batata-inglesa, que buscava na região de Santa Lúcia do Piai, interior de Caxias do Sul. Em julho de 1984 inaugurou o atual mercado na Av. Sapiranga e, em 2002, abriu um posto de combustíveis, em frente.
“Só tinha mato nessa região”
Quando joão chegou a Dois Irmãos a Vila Becker e o bairro Industrial tinham apenas um morador cada. A Brigada Militar e o INSS foram instalados na metade da década de 80, quando a região passou a se desenvolver de maneira mais acelerada. “Ali onde está a Brigada e o INSS tinha um mato de eucalipto e quando começaram a fazer o aterro começou a sair carpa. Até então ninguém sabia que tinha peixe naquele local. O Centro já era mais desenvolvido. Em 1983 começou o calçamento da Av. Sapiranga porque antes ou era poeira ou era barro. Os moradores também ajudaram nos custos do calçamento na época. Em 1986 foi feito o asfalto. Se eu não me engano a Sapiranga foi a primeira rua asfaltada em Dois Irmãos”, ressaltou.
“Quando eu comprei esse terreno, lembro que um amigo meu brincava comigo dizendo que eu não tinha comprado em Dois Irmãos. Tinha comprado no interior porque aqui era tudo brejo. Tudo era distante e, hoje não falta nada mais nessa região. A gente encontra tudo o que precisa. Quem vê isso hoje não imagina como era naquela época. Era só mato”, ressaltou.
Relação com a família e a comunidade
Aos 74 anos, João se emociona ao relembrar os momentos que passou, nessas cinco décadas morando em Dois Irmãos. “Muita coisa marcou minha vida pelos altos e baixos que eu tive… Minha vida é uma história… Desde aquela época eu carreguei comigo dois desejos: um era ter uma casa digna para morar e o outro era que os meus filhos não precisassem começar a vida como eu tive que iniciar. Porque meu pai era um homem pobre. Ele me ajudou como pode, mas não tinha muito como fazer muito por mim”, destacou, emocionado.
João conta que fazia o transporte dos tubos de oxigênio, de Canoas, para o Hospital São José. “Ajudei muito o hospital. Nunca tentei tirar proveito disso. Fiz esse trabalho por oito anos, sem cobrar nada. As irmãs precisavam. Porque não tinha entrega naquela época. E como eu ia para Canoas, já pegava os tubos para elas lá. Fiquei muito sentido quando o hospital começou a andar pra trás porque tínhamos um hospital pequeno, mas mito atencioso. Isso é um sentimento que hoje me deixa para baixo”. Ele também atuou no conselho do Santa Cecília, onde foi coralista por muitos anos. Chegou a participar de quatro corais ao mesmo tempo. Sempre gostou de política e em 1982 foi candidato a vereador, onde ficou de suplente.