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Mari, a luz que segue viva na memória de todos
A jovem psicóloga faleceu dias antes do seu aniversário de 30 anos – mas, deixou pra sempre um legado de inspiração.
Por Cleiton Zimer
S. M. do Herval / Dois Irmãos / Novo Hamburgo |
O silêncio que paira sobre a Estrada da Colônia Japonesa, em Dois Irmãos, ainda ecoa o impacto da noite de 28 de setembro. Foi ali que, num instante, a vida de Mariane Tamahine Schneider, de 29 anos, se despediu da terra. O carro que ela dirigia perdeu o controle, saiu da pista e capotou após atingir um poste. A jovem psicóloga, que cresceu em Santa Maria do Herval e atualmente morava em Novo Hamburgo, morreu no local.
A tragédia interrompeu uma trajetória marcada pela empatia, pela dedicação ao próximo e por uma luz que ainda se faz presente entre os que a conheceram. No dia 1º de outubro, Mari completaria 30 anos — uma data que, para a mãe Jêrusa Dias, transformou-se em um símbolo de amor e eterna saudade, mas também lembrança de uma vida intensa.
“Mariane Tamahine Schneider, carinhosamente chamada de Mari ou Nani, partiu aos 29 anos, deixando um vazio imenso em todos os corações que tiveram o privilégio de conviver com ela”, diz Jêrusa, em meio à dor e à lembrança de uma filha que sempre foi também sua melhor amiga. “Nunca havia um encontro sem um ‘te amo’ na chegada e outro na despedida. Fazia questão de estar em contato diário, fosse com um abraço, uma palavra ou um simples telefonema.”
Uma vida de afeto, propósito e dedicação
Mari nasceu em Campo Bom e viveu a infância e adolescência em Santa Maria do Herval, onde concluiu o ensino médio. Depois, mudou-se para Novo Hamburgo para realizar o sonho de cursar Psicologia — e o sonho virou missão. Ainda estudante, já se dedicava a jovens em situação de vulnerabilidade social.
Formou-se em 2020, pós-graduou-se, cursava doutorado e atuava na área de Recursos Humanos, sempre preocupada com o bem-estar das pessoas. Mesmo com a rotina intensa, dedica as noites para atendimentos voluntários por teleconsulta, ouvindo e acolhendo quem mais precisava.
“Viveu intensamente. Determinada, destemida, inteligente e estudiosa”, relata Jêrusa.
Um coração que cabia o mundo
Entre as lembranças mais vivas, estão os gestos simples: os abraços, as conversas diárias com a mãe, o carinho e orgulho recíproco com o irmão Vinícius, a alegria nos churrascos de domingo e nos jogos de cartas com o avô Adão. “Tinha carinho especial pelas crianças, era muito apegada aos primos. Como irmã, foi protetora, confiável e inspiradora”, lembra Jêrusa, com carinho.

Mariane com a mãe Jêrusa e o irmão Vinícius
Era caseira, e tinha no seu cachorro Müller um fiel companheiro. Mas era vaidosa, sorridente e presente. “Cuidava-se e irradiava beleza que vinha de dentro e de fora”, diz a mãe, contando que ela vinha de uma fase muito feliz: “vivendo conquistas, espalhando luz e deixando marcas lindas por onde passava”.
A jovem mantinha amizades desde a infância, nutria afeto por todos e fazia da empatia sua linguagem universal. A professora e amiga Stella Abero Sa Bartzen, que acompanhou parte de sua trajetória, resume o que muitos sentem:
“Fico muito orgulhosa da Mariane, da quantidade de amigos, da opinião que as pessoas tinham a respeito dela. Ela conseguiu, durante a vida, juntar uma diversidade que toda a humanidade luta para incluir. Bastava ‘ser’ ser humano que ela estava ali. Ela fez uma história muito intensa, porque realmente a passagem dela era mais breve.”
Um legado que permanece
Mari parte deixando enlutados os pais Jêrusa Dias e Luís Volmir, o padrasto Vitor, o irmão Vinícius, os avós Adão Dias e Maria Hedi, além de inúmeros familiares e amigos. Também reencontra, na fé da família, os avós Geraldo Schneider e Maria Elenita Dias.
Deixa, sobretudo, um legado de amor, dedicação e humanidade. Sua mãe resume em uma frase o sentimento de todos:
“Ela aproveitou intensamente sua jornada, amou e foi muito amada. Quem teve o privilégio de conhecê-la guardará para sempre a lembrança do seu sorriso e do seu jeito simples, generoso e verdadeiro de viver a vida.”
