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Morangos são produzidos com carinho e criatividade no Morro Agudo
Por Cândido Nascimento
Estância Velha – A criatividade e o empreendedorismo fazem parte da vida de Carlos Molter, 72 anos. Ele ajudou o pai na criação de porcos e no plantio de acácia, já produziu flores, mas agora tem o foco na produção de morangos, junto com a esposa Marlene. Um detalhe interessante da sua história é que, com apenas sete anos de idade, ganhou um ipê roxo do avô. A árvore nativa é, hoje, patrimônio histórico, pois o cálculo é que tenha mais de 200 anos de existência.
Carlos e Marlene têm um casal de filhos, Marcelo, 47, e Mônica, 43. Os netos são quatro: Mateus, Mariana, Bruna e Natália. O produtor é filho de Oscar Molter e Eli Alzira. Ele tinha apenas três anos quando a família veio do Campestre, São Sebastião do Caí, para morar no Morro Agudo.
A 6ª GERAÇÃO
As raízes familiares estão na Europa. “Os meus antepassados vieram do Bergenthal, Alemanha, e eu sou a 6ª geração”, relata. Molter lembra que, com apenas sete anos, já auxiliava nos serviços da propriedade rural. O pai plantava milho e aipim para tratar os porcos e possuía algumas cabeças de gado, plantava verduras e tinha algumas galinhas para consumo da família.
Variedade de moranguinhos nas estufas
A produção de moranguinhos começou em 1973 na propriedade familiar, pois Marlene Molter já possuía conhecimentos com relação a esse cultivo. Essa atividade funcionou por 32 anos, com o plantio direto no solo. Depois passou para o plantio de flores, que foi exercido por 13 anos.
“Trabalhamos com caixaria, mas como a flor era supérflua e a pandemia chegou, decidimos voltar ao cultivo do moranguinho, só que desta vez por bancadas aéreas e de forma natural, sem veneno. Uma grande alegria é saber que as crianças podem comer uma fruta saudável como essa na merenda escolar”, destaca Molter.
São sete estufas, que comportam 13 mil mudas, gerando uma produção de 1.600 bandejas de 500g por safra. Além de atender a merenda escolar, o produto é fornecido para mercados e confeitarias, e também sob encomenda de forma particular.
Um gosto pela criação de porcos
Até concluir o Ensino Fundamental, ele dedicava-se aos estudos e, aos 13 anos, passou a auxiliar definitivamente a família na atividade rural, pois o pai possuía em torno de 25 porcos. Entre essas raças, a duroc (vermelho). A sua função era alimentar e zelar pela saúde dos animais.
Enquanto os pais se envolviam com a produção de verduras, o compromisso Molter era com os suínos. “O meu pai vendia os porcos para o Albino Kney, de Lindolfo Collor, município com o qual o Morro Agudo faz limite, e depois os animais iam para o frigorífico do Artur Bauermann, de Ivoti, onde funciona o Posto Socaltur (atual Postos Muller)”, conta.
Sonho de ser engenheiro agrônomo
Aos 22 anos, Molter foi fazer um curso técnico em Bom Princípio, onde funcionava um seminário de irmãos maristas. Lá ele auxiliou o professor a liderar um grupo de estudantes, definindo qual a área que cada um era mais afeito a trabalhar no setor agrícola.
“Sempre fui agricultor e o meu sonho era ser engenheiro agrônomo, mas acabei fazendo o Curso Técnico em Agricultura Familiar e ali foi o começo da minha vida profissional”, afirma. Aos 23 anos conheceu a sua esposa, e começaram a namorar. Marlene já tinha alguns conhecimentos na produção de moranguinhos.
UMA ÁRVORE DE PRESENTE
Molter lembra que tinha apenas sete anos quando o avô disse que o ipê roxo que existia na propriedade seria seu. A árvore tem cerca de 30 metros de altura e calcula-se que a idade seja de mais de 200 anos. Com 100 anos o ipê atinge a sua idade adulta. Foi o funcionário da Prefeitura, Ruggardo Pedro Grub, quem fez o tombamento da árvore como patrimônio histórico.
O tombamento significa um conjunto de ações realizadas pelo poder público com o objetivo de preservar, por meio da aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados. “Se a árvore morrer, eu morro, por isso cuido para não furar o solo e medir a profundidade das raízes”, destaca.
A árvore floresce durante os meses de agosto e setembro, e a maturação dos frutos ocorre a partir do final de setembro, até meados de outubro. Além disso, produz anualmente uma grande quantidade de sementes. Entre agosto e outubro ocorre a queda das folhas, a floração.