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“Não fui omissa. Sempre pensamos no paciente”, diz prefeita de Dois Irmãos
Dois Irmãos – A prefeita Tânia da Silva (MDB) se manifestou nesta terça-feira, dia 4, sobre a conclusão do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores que investigou os recursos administrados pelo Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev) entre março de 2014 e novembro de 2018, período que a instituição administrou o Hospital São José. Entre outros itens, o relatório aponta que há indícios suficientes para a responsabilização cível do representante do Isev, Juarez Ramos dos Santos, e também indícios de improbidade administrativa da prefeita Tânia e dos ex-secretários de Saúde, Jerri Meneghetti e Anelise Steffen. Segundo consta no relatório, o Isev fez uma má gestão no hospital e a Prefeitura teria sido omissa e acobertado os acontecimentos desta gestão.
A prefeita negou que tenha sido omissa e afirmou que sempre soube de tudo que estava acontecendo, como os atrasos no FGTS dos funcionários e nos pagamentos de fornecedores. “Antes de iniciar qualquer manifestação, quero esclarecer que ainda não tivemos acesso ao relatório. Tudo que sei é o que li no jornal. Sei que a CPI foi conclusa e o processo tinha mais de 4.300 páginas. O relatório tem 68 e ainda não tive acesso a isso. É de nosso interesse receber isso, até para saber exatamente essas questões de documentos e no que tudo se baseou. O que eu posso afirmar, com toda certeza, é que não agi de má-fé. Não fui omissa. Sempre pensamos no paciente; no atendimento dele. Sabia das dificuldades financeiras, até porque participei pessoalmente de reuniões do Conselho da Saúde, mas antes das dificuldades de depósito de FGTS e pagamento de fornecedores, prezava pelo atendimento ao paciente. Isso era o primordial, como sempre declarei”.
“Não era viável romper o contrato ou municipalizar o hospital novamente”
Na conclusão da CPI, o relator Joracir Filipin ressalta que a Prefeitura, assim que o Isev passou a apresentar as dificuldades financeiras e a prejudicar os serviços no hospital, deveria ter rompido o contrato. Já a chefe do Executivo rebate que a quebra do contrato com o Isev não era a alternativa mais saudável e racional para a situação de Dois Irmãos. “Quando assumimos a Prefeitura, no ano de 2013, o hospital era municipalizado e nosso investimento mensal era de cerca de R$ 800 mil. Não era viável romper o contrato ou municipalizar o hospital novamente. A situação financeira do município não nos permitia assumir o hospital e também não era a melhor alternativa optar por um contrato emergencial. Nestas situações, na visão da nossa gestão, o melhor era tentar manter o contrato até o final, que seria janeiro de 2019”, disse a prefeita. Em meados de outubro, a situação financeira ficou ainda mais crítica e a paralisação de um anestesista, que estava há alguns meses sem receber, atingiu o atendimento de pacientes. Naquele início do mês, no dia que o anestesista parou de trabalhar, uma gestante estava internada e não podia dar à luz de parto normal porque o bebê estava sentado. Sem anestesista e sem conseguir a transferência, foram vividas horas de tensão. Por fim, o anestesista retornou para o hospital e o parto foi realizado. Pouco tempo depois, em novembro, a direção do Isev anunciou sua saída da administração. “Até aquele período, os pacientes estavam sendo atendidos. Já aquela situação do anestesista foi um divisor de águas e acabou que o Isev pediu para sair e fizemos o contrato emergencial com o IB Saúde, que ainda está na administração e também trabalha com dificuldade financeira”, disse Tânia, ressaltando que ela investiu mais em Saúde do que o exigido por Lei. “Investimos 35% do orçamento, enquanto um município precisa investir 15%. Estamos, sim, preocupados com a Saúde”.
NÃO CONSIGO IMAGINAR ESSE “LUCRO”
Sobre o “lucro” de cerca de R$ 11 milhões apontados pelo relatório, a prefeita diz que ainda não pode se manifestar. “Não consigo imaginar como se chegou nessa conta. Preciso ter acesso ao material da CPI para saber como se chegou a esse montante e tamanho lucro. O que posso dizer é que não acredito em lucro, pois hoje mesmo, na atual gestão, já se enfrenta dificuldade. Acredito que a situação do hospital só vai mudar quando mudarmos o jeito de administrar, como fez Sapiranga, por exemplo”.