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Nos dias frios, a programação é descascar aipim no interior
Por Cleiton Zimer
Na localidade de Morro dos Bugres Baixo, José Flávio Knorst, 70 anos, e Valesca Knorst, 69, mantém os hábitos de uma vida tranquila do interior. Casados há 48 anos, eles constituíram família à base do esforço da roça e, hoje, mesmo aposentados, seguem trabalhando – menos que outrora, mas sempre na ativa.
Cultivam um pouco de tudo, desde milho, batatas e verduras. Criam animais, três terneiros e uma vaca, da qual tiram leite e fazem queijo.
Nas últimas semanas, colheram mandioca. Mesmo no clima gelado e chuvoso – enquanto alguns ficam com receio de sair porta afora –, os dois sentam-se ao lado de casa, colocam as mãos na água gelada e, com uma ‘faquinha’, limpam o aipim, ensacam e guardam no freezer.
A prioridade é para consumo próprio, mas a produção sempre vai além, então, boa parte é vendida. “Não ficou tão boa este ano, devido à chuva. Mesmo assim, ainda colhemos bastante”, conta Valesca. Vendem o quilo numa média de R$ 4.50.
O pilar é a lavoura
Valesca fica mais por casa. Tem problema nas costas, faz o almoço, limpa e cuida da cunhada.
Enquanto isso, Flávio ainda vai para a lida. Lembra que antigamente plantavam batata, de 40 a 50 sacos por safra. “Mas hoje em dia as coisas são diferentes. Neste ano foi só para o consumo da gente”, afirma.
Em outra época, trabalham na roça com carroça e bois, com a ajuda dos quatro filhos. Era um negócio vantajoso, tanto que a maioria das conquistas veio, justamente, através do resultado das lavouras.
Mas agora, com a expansão dos grandes produtores para a Serra, está cada vez mais difícil para o pequeno colono e o que sobra para a maioria é trabalhar para a subsistência, como fazem.
Mesmo assim, a felicidade do casal é poder, em meio ao descanso, trabalhar – e por consequência, se manter na ativa; um remédio para o corpo e a mente.