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“O meu brinquedo é pegar na enxada e ir para a roça”, diz agricultor de Morro Reuter

18/12/2019 - 17h00min

Atualizada em 18/12/2019 - 17h10min

Morro Reuter – Na localidade do Birkenthal, no interior de Morro Reuter, é assim: a natureza se sobrepõe a qualquer coisa. Lá, o canto dos pássaros é mais forte do que a movimentação dos carros, das máquinas e, até mesmo, que o barulho das indústrias.

E é lá que ainda se mantém uma antiga tradição, a de plantar e colher batatas com uma enxada, sem agredir a natureza e, mais importante ainda, cultivando o alimento sem agrotóxicos.

Seu Flávio Dilkin, aposentado com 58 anos, destaca que o trabalho é difícil, mas, que no final, é recompensador. “Plantamos para nosso consumo. Tudo sem agrotóxicos. Colocamos adubo e, só depois, passamos veneno para que possamos colher as batatas. Mas no processo de plantio e crescimento não são colocados defensivos agrícolas”, disse.

“É preciso trabalhar no que se gosta”

Flávio trabalha em parceria com seu cunhado, Seu Cláudio Führ, que também é aposentado e tem 73 anos. “Trabalho na roça desde criança. Essa é minha diversão, gosto de trabalhar e, se hoje tivesse que ir numa fábrica, preferiria não fazer nada. O meu brinquedo é pegar na enxada e ir para a roça”, disse seu Cláudio, destacando que “não tem nada mais bonito na vida do que ser livre. É preciso trabalhar no que se gosta. Digo sempre que é preciso trabalhar para viver e não viver para trabalhar”, destaca.

Trabalho em parceria

Flávio e Cláudio trabalham em conjunto, um ajudando o outro. No total, eles têm cerca de 11 hectares de terra. “Plantamos também aipim e verduras, que meu vizinho leva para Porto Alegre e Canoas”, disse Flávio, destacando que em boa parte da propriedade plantaram árvores de acácia. “Para a lavoura só usamos onde é possível chegar de trator, para facilitar o trabalho”, destaca.

Flávio ainda conta com ajuda dos dois filhos, André e Adriano, de 29 e 34 anos, respectivamente. “Eles trabalham fora, mas durante a noite e nos finais de semana me ajudam muito. Sem eles seria difícil”, afirma.

No dia em que a reportagem fez a matéria, seu filho André pegou folga somente para poder ajudar o pai na colheita da batata. “É preciso aproveitar o tempo bom e, por isso, reservei o dia para ajudar”, disse André.

Eles trabalham o dia na roça, fazem um lanche como almoço e, no final da tarde, levam a produção para casa com o trator.

Complemento de renda

Por serem aposentados, Flávio e Cláudio fazem da agricultura um complemento na renda. “Precisa ter algo a mais, pois não tem como sobreviver com um salário mínimo. A aposentadoria não seria o suficiente para pagar os remédios e a conta de luz e, por isso, trabalho na roça para ter uma renda a mais e assim conseguir dar o giro. Se não fosse fazer isso, com um salário mínimo passaria fome”, disse Seu Flávio que, há meio ano, perdeu sua esposa para o câncer.

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