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O pão de Lúcia: um sabor que atravessa gerações em Santa Maria do Herval

09/03/2025 - 11h31min

Atualizada em 09/03/2025 - 11h41min

No coração de Santa Maria do Herval, uma tradição alemã resiste ao tempo

Herdeira de uma tradição que atravessa gerações, Lúcia Arnold Frank, de 63 anos, aprendeu a arte de fazer pão com sua avó Catarina Streit e, mais tarde, com sua mãe Maria Streit Arnold. Essa sabedoria, transmitida pelo calor do forno e pelo afeto familiar, encontrou morada em suas mãos. Há 35 anos, Lúcia mantém viva essa prática, moldando cada pedaço de massa como se costurasse o tempo, ligando o passado ao presente.

No Centro de Santa Maria do Herval, ela faz pão caseiro em um forno de barro, localizado sob um telhado do lado de fora de sua casa. O ritual começa com o preparo dos ingredientes e a mistura da massa, que descansa enquanto o fogo é aceso no fogão a lenha. Quando o calor atinge o ponto certo, o pão vai ao forno e o aroma invade a vizinhança, despertando memórias.

Um forno com história

O forno de barro que aquece os pães de Lúcia não é apenas um utensílio de cozinha. Com marcas de fuligem nas telhas, ele carrega o peso dos anos e das lembranças. Construído há quase 70 anos, pertenceu à sua mãe, Maria Streit Arnold, e foi reformado para continuar aquecendo a tradição. Ali, não são apenas pães que foram assados. No passado, batata-doce, carne assada para o kerb, bolachas de Natal, katoffel muss, cucas e bolos também ganharam forma e sabor nesse calor ancestral.

O sabor que une a família

Hoje, Lúcia é quem ensina, não apenas com palavras, mas com gestos que falam de amor e memórias. Casada com Remi Frank, tem seis filhos: Carla, Daniele, Carlos, Daniel, Juarez e João. Os netos, Nataly, Joaquim, Líam e Isadora, são os mais jovens apreciadores do pão que ela faz. “O pão da vó é o melhor do mundo”, dizem eles, enquanto esperam ansiosos pelo momento de provar a primeira fatia ainda quente.

Um aroma que conta histórias

O cheiro do pão assando se espalha pela rua, atravessa quintais, desperta lembranças e cria novas. Vizinhos reconhecem esse perfume familiar e, muitas vezes, ao passar na frente da casa de Lúcia, apreciam o cheiro único que o forno de barro exala.

Sem pressa, com as mãos na massa e o coração no que faz, ela perpetua um costume que vai além do simples ato de cozinhar. Seu pão não é apenas alimento; é história, cultura e laço.

O segredo de tamanha delícia

Mas quem aí quer saber a receita de tamanha delícia? Lúcia compartilhou o segredo:

  • 1 pacote de farinha (5 quilos)
  • 3 colheres de sopa de fermento
  • 1 colher de sopa de sal
  • 2 colheres de sopa de açúcar
  • 1 colher de azeite ou, de preferência, banha de porco
  • Água morna até dar a liga

Ela deixa a massa descansando até crescer no ponto exato. O processo inteiro dura em média 3 horas, desde a preparação até o momento em que o pão sai do forno, pronto para ser saboreado. Essa receita rende entre 9 e 11 pães, dependendo do formato.

Mais do que uma receita, é um legado que segue vivo, crocante por fora, macio por dentro e repleto de história em cada pedaço.

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