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O que para muitos é um sonho, para eles é realidade: cultivar o próprio alimento em família
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Pai, mãe e as duas filhas vivem da agricultura na localidade de Nova Renânia
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval | Mãos pequenas e mãos calejadas repetem o mesmo gesto de abrir o sulco, depositar e cobrir. Elena, de 9 anos, e Lívia, de 6, aprenderam cedo a acompanhar os pais, Douglas Cardoso e Danara Arnold, na rotina da roça. Quando não estão na escola, ajudam a colher ovos, tratar animais, a plantar batatas, aipim e feijão, a cuidar do que é alimento e sustento. “Aqui, o trabalho é também diversão e escola. Conseguimos ensinar para elas o valor das coisas”, contou Douglas.

Elena, de 9 anos, e Lívia, de 6, plantando batatas
Para ele, esse modo de vida é o auge. “A gente consegue conciliar a nossa fonte de renda com diversão. Fazemos do trabalho uma escola. Podemos estar juntos com as crianças, ensinar e aprender com elas. Isso para nós é o auge”, disse.

Douglas, Danara e as duas filhas na lida diária.
A família mora na localidade de Nova Renânia, no interior de Santa Maria do Herval, divisa com Gramado. É uma rotina que muitos sonham: plantar o próprio alimento, colher o que se consome, viver o dia a dia em contato com a natureza sem abrir mão do convívio familiar.

A semana passada foi de plantação de batatas.
A decisão de viver na roça
A história começou em 2014, quando Douglas e Danara se casaram. No ano seguinte, compraram um pedaço de terra na comunidade. “Até então, eu só havia trabalhado na construção civil com meu pai. A Danara já tinha experiência na agricultura com os pais, mas trabalhava em uma autopeças em Gramado”, relembrou.
Eles decidiram largar tudo para viver da agricultura. Mas em 2019, após a morte do pai, Douglas voltou à construção civil para concluir uma obra. Até 2023, dividiu forças entre a lavoura e o trabalho de pedreiro. Desde então, concentrou-se de vez na roça, conciliando as culturas de subsistência, a produção de leite e de ovos, além de um pequeno parreiral de onde saem uvas para venda e vinho caseiro. Parte do que produzem é para consumo e o restante é vendido para clientes já consolidados.
Danara tem raízes fundas no campo. Filha de agricultores pioneiros no cultivo de batata em São Francisco de Paula, cresceu em meio às lavouras. Em 2005, foi princesa da Kartoffelfest, festa que celebra a identidade agrícola de Herval.
Com Douglas, a vida no campo também ganhou histórias curiosas. “Desde pequeno eu dizia que quando fosse me casar perguntaria para a menina se ela sabia cortar pasto. Se respondesse que sim, era sinal de que era do interior. No dia em que conheci a Danara, antes mesmo de ficarmos juntos, perguntei. Ela respondeu que sim. Um ano e oito meses depois, nós casamos”, contou.

Recolher os ovos é “serviço” das pequenas Elena e Lívia
Nem tudo é fácil, mas é recompensador
Mas nem tudo é poesia. Douglas reconhece as dificuldades enfrentadas pela agricultura familiar. “Não é sempre um mar de rosas. A gente enfrenta clima, governo, preço… tudo vem dos outros, nunca do agricultor. Sempre digo que se o agricultor fizesse o tempo e o preço, todo agricultor seria rico. Mas não é assim”.

As crianças ajudando na lida com o gado, em espaço aberto, ao ar livre, que traduz o estilo de vida da família
Mesmo assim, o orgulho se sobrepõe aos obstáculos. Para a família, viver em Nova Renânia, cercados pela roça e com as filhas aprendendo o valor da terra, é a verdadeira conquista. O que para eles é cotidiano, para muitos é sonho.
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