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Os rios do rio

11/04/2019 - 16h10min

Atualizada em 16/04/2019 - 16h12min

Por Alexandre Garcia

Antiga capital do Brasil, tida por minha geração como a caixa de ressonância do Brasil”, é, na verdade, um retrato da nossa inconsequência. As últimas chuvas apenas repetiram o que acontece todos os anos, desde que nasci. E as consequências são sempre as mesmas: morte e destruição. Fácil de prever que nos próximos anos, chuvas da mesma estação, causarão morte e destruição. Testemunho isso todos os anos, desde o tempo em que sequer havia televisão, mas havia a mesma destruição, de vidas e bens. Somos refratários ao aprendizado com nossas omissões e erros. Mas não custa ficar batendo na mesma tecla, como faço nos últimos 50 anos, como jornalista.

“Errar é humano; perseverar no erro, é diabólico” – diz a sabedoria dos filósofos, há dois ou três mil anos. Somos incapazes de reagir às tragédias, procurando evitá-las. Cada vez mais conhecemos a meteorologia; cada vez mais somos capazes de prever fenômenos da atmosfera. Mas isso, aqui no Brasil, não tem consequências na prevenção. Prevenir, planejar, parece não fazer parte da nossa cultura imediatista. Sabemos que as tragédias vão se repetir, mas pagamos com vidas nossa omissão.
E não é só no Rio. Despencou a represa de Mariana. Não recebemos aquilo como aviso. E aí veio Brumadinho. Somos um bando de inconsequentes. Não estamos preocupados com nada além da praia e do carnaval, é o que parece. Em consequência dessa irresponsabilidade com o que virá, parece estarmos tampouco preocupados com o Brasil onde vão viver nossos filhos, netos e toda a nossa descendência. Parece estarmos dizendo “que se danem”.

Assim acontece com a Previdência, que logo vai quebrar e tirar garantias dos nossos descendentes, se não for urgentemente reformada. Lula tentou e as centrais sindicais derrubaram, prestando vassalagem à elite do Judiciário e do Legislativo. Agora Bolsonaro quer fazer a reforma salvadora, mas os derrotados de outubro querem afundar o barco em que todos estamos, para se vingar do capitão do navio. E apostam que brasileiros não aprendem com os erros, como quando reelegeram Dilma.

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