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Padre Henrique Neis retorna para Moçambique em dezembro

11/11/2025 - 07h48min

Viver momentos assim fortalece a minha vocação e me permite ver o mundo de uma forma diferente

O padre Henrique de Oliveira Neis, natural de Porto Alegre, está em Ivoti até o dia 6 de dezembro. Atualmente, o sacerdote está morando no distrito de Moma, em Moçambique, onde atende 120 comunidades na Paróquia de São Miguel Arcanjo de Micane, da Arquidiocese de Nampula. “Sempre tive o desejo de realizar uma missão na África e, após minha ordenação, me coloquei a disposição para servir”, destacou Neis. A missão em moçambique existe há 30 anos e os sacerdotes costumam permanecer por três anos no local, antes do embarque, eles passam por um curso de preparação, em Brasília.

Em Moma, o padre Henrique está em missão junto com o padre Mauro Argenton, de Frederico Westphalen, que iniciou em 2025. As comunidades recebem visita dos padres cerca de uma vez ao ano, devido à precariedade das estradas e a distância entre as paróquias, e esses momentos costumam ser muito festivos. “O povo é muito acolhedor e as missas costumam ocorrer em local aberto para que todos possam assisti-las, seja sob a sombra de cajueiros ou, em alguns casos, em locais cobertos que eles chamam de alpendres”, recordou o padre Henrique. Além do atendimento nas comunidades e a celebração das missas, os padres também recebem jovens que desejam continuar seus estudos e que ainda estão discernindo sua vocação, no chamado Lar Vocacional, que em Moma, atende atualmente oito rapazes.

Diferenças culturais

Durante esses dois anos, Neis já foi acometido seis vezes pela malária e, em outra ocasião, teve febre tifóide. “Mas o extraordinário seria não pegar, eles são o 8º país mais pobre do mundo e lá ainda não se tem saneamento básico, por exemplo. Nos casos em que fiquei doente, tive atendimento hospitalar e me recuperei bem”, destacou. Neis considera que a maior dificuldade na missão é o idioma. A maioria dos nativos de Moma falam um dialeto local, o Macua, e apesar de entenderem português, nem sempre se sentem confiantes para se expressarem nessa língua. Assim, o sacerdote precisou se adaptar e aprender o dialeto local, chegando a rezar missas no idioma.

Uma curiosidade cultural trazida pelo padre Henrique é o rito de passagem realizado entre os jovens de 13/14 anos, tanto os meninos quanto as meninas. Por volta dessa idade eles vão para a mata, acompanhado dos adultos para ficar alguns dias e, após esses dias, o retorno é celebrado com festa na comunidade e, muitas famílias buscam os sacerdotes para pedir bençãos aos jovens.

O povo de Moma vive basicamente de agropecuária, com plantio de mandioca, milho e gergelim, também realizam cultivo de castanhas e alguns tiram seu sustento da pesca. A alimentação também se mantém muito nos produtos colhidos, além de arroz e feijão. A carne consumida costuma ser o peixe e, algumas vezes também galinha e cabrito. A carne de gado é uma raridade por lá.

O clima quente, chegando a 40ºC, e muitas das comunidades sem água encanada, também apresentaram outra realidade para o padre Henrique. “Eu conversei muito com colegas que já haviam participado dessa missão para me preparar bem e conhecer a realidade, mas sempre tem algumas surpresas. Viver momentos assim fortalece a minha vocação e me permite ver o mundo de uma forma diferente”, concluiu o sacerdote. O retorno definitivo ao Brasil está previsto para 2026.

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