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Polícia Civil de Ivoti conclui inquérito policial sobre falsa psicóloga

22/07/2025 - 17h29min

Jessica Duarte encenou uma prova de toga para forjar uma falsa formatura

Caso veio à tona depois que uma psicóloga de Ivoti descobriu que seu registro estava sendo usado sem autorização pela estelionatária e denunciou à polícia

Por Geison Concencia

A Polícia Civil de Ivoti concluiu hoje o inquérito policial que apurava o caso da falsa psicóloga, identificada como Jessica Duarte, de 33 anos, que, há cerca de três anos, atuava de forma ilegal na profissão, utilizando o registro de uma psicóloga de Ivoti, doutora Vilma Arnold. A investigação iniciou-se na Delegacia de Ivoti graças à denúncia da verdadeira profissional às autoridades.

Agora, o inquérito será remetido ao Judiciário, onde a autora será indiciada por exercício ilegal da profissão e falsidade ideológica. Além de responder no município, ela também é alvo de investigação da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento da Divisão Especial da Criança e do Adolescente, em Porto Alegre. Ao todo, a polícia estima cerca de 80 vítimas da falsa psicóloga, que atuou em Porto Alegre, Canoas e Guaíba.

Psicóloga de Ivoti descobriu, por mãe de uma das vítimas, o uso indevido de seu registro

Vilma Arnold, psicóloga que teve seu registro utilizado sem sua autorização

O caso veio à tona depois que a psicóloga Vilma Arnold, que atende em Ivoti, descobriu que seu registro estava sendo usado, de forma indevida e sem sua autorização, por Jessica Duarte, que se apresentava como psicóloga sem ter formação para a profissão.

“Sem ela, nunca ficaria sabendo disso. Agradeço a ela, várias vezes, o quanto foi importante ter feito o contato. Não tem como saber quando alguém está usando nosso registro, a não ser nesse caso, quando há essa procura da mãe, que foi lesada. Ela foi prejudicada no trabalho, pois apresentou um recibo para reembolso, quando a empresa não aceitou por não bater os dados. Depois disso, a mãe me procurou, e logo registrei o boletim de ocorrência”, comenta Vilma.

Especialista em terapia de casal e família, sexualidade humana, saúde mental e, agora, na quarta pós-graduação, neuropsicologia clínica, Vilma ainda ressalta o nível de gravidade da situação, pois, segundo ela, as crianças tratadas pela falsa psicóloga perderam muito tempo de aprendizado, além de os pais terem sido lesados.

“É muito perigoso, pois não foi feito trabalho nenhum. É como tomar um placebo em vez de remédio: uma água com açúcar, pois não teve tratamento nenhum. Essas crianças foram muito prejudicadas. Em casos de TDAH, autismo e outras especialidades, acaba ocorrendo um lapso temporal muito grande. Se ficou três anos sendo atendida por ela, a criança perdeu três anos da vida. Para essas crianças, esse período é muito importante, pois precisam ter estímulos corretos, dentro do tempo. Se perdem essa janela, para recuperar é muito mais difícil. O que aprenderiam em seis meses vai demorar um ano. Isso é muito grave. Os pais perderam muito tempo e dinheiro, porque ela atendia particular também”, destaca Vilma.

“Não deixem de acreditar na psicologia”
A psicóloga de Ivoti garante que, com o tratamento correto e um profissional habilitado, crianças com TDAH e Autismo, além de outras necessidades, podem ter uma vida normal. “Psicologia é um trabalho sério e tem embasamento científico. Procurem profissionais habilitados para atender crianças. Há profissionais muito sérios no mercado; é só pesquisar antes de levar o filho. Ele é capaz de ter uma vida plena, independente de Autismo, TDAH ou qualquer outra questão. É importante olhar para o ser humano que está ali, independentemente do diagnóstico. Isso trabalhamos com as famílias e com as crianças. Ela não é um diagnóstico, mas um ser humano com algumas dificuldades”, explica Vilma.

Profissional comenta como foi lidar com inconveniente
A psicóloga de Ivoti, Vilma, lembra que não foi fácil lidar com o fato de seu nome ser usado de forma indevida, sem sua autorização. “No primeiro contato, lidei bem. Tive ansiedade, medo e insônia. Mas acho que o segundo contato, da segunda mãe, me atingiu mais, porque ela me mandou um laudo neurológico, que achei algo gravíssimo. Receber um laudo sem que eu tenha diagnosticado, para mim, que sou correta, pegou-me mais do que o restante. Lidar com isso, atendendo normalmente e abstraindo de tudo, foi difícil, principalmente nas duas últimas semanas, para manter a calma e tocar a vida.”

Falsa Psicóloga tinha metas de faturamento

Anotações da falsa psicóloga Jessica Duarte

Em anotações feitas pela falsa psicóloga, era possível ver seu planejamento “profissional”. Jessica Duarte, que usou o registro de Vilma sem sua autorização, tinha como meta aumentar e fidelizar pacientes, além de faturar R$ 10 mil.

 

 

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