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Presidente da Câmara dos EUA anuncia abertura de processo de impeachment contra Trump

25/09/2019 - 10h32min

A presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, anunciou nesta terça-feira (24) a abertura de um inquérito formal de impeachment contra o presidente Donald Trump.

Esse pedido é o primeiro passo concreto entre as diversas tentativas dos democratas de iniciarem um processo de impedimento do presidente, republicano, desde o início de seu mandato.

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A acusação é de que ele violou a lei ao tentar recrutar um poder estrangeiro para interferir a seu favor na eleição de 2020. “O Presidente deve ser responsabilizado. Ninguém está acima da lei”, afirmou Pelosi em uma declaração na TV.

Após o anúncio, Trump usou o Twitter para se manifestar contra o que chamou de nova “caça às bruxas”, mesmo termo que usava na época da investigação sobre a Rússia do procurador especial Robert Mueller.

“Em um dia tão importante nas Nações Unidas, tanto trabalho e tanto sucesso, e os democratas propositalmente tinham de arruinar e degradar com mais notícias do lixo da caça às bruxas. Péssimo para nosso país!”, escreveu.

Em Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro se recusou a comentar o pedido de impeachment de Trump, ao ser questionado por jornalistas. “Trump vai ser reeleito ano que vem”, limitou-se a dizer.

Também após o anúncio, os índices de Wall Street terminaram os negócios em queda.

Em 25 de julho, Trump teria pedido ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que colaborasse com seu advogado pessoal, Rudolph Giuliani, em uma investigação sobre Hunter Biden – filho do ex-vice-presidente Joe Biden – que integrou o conselho de uma empresa de gás ucraniana.

Segundo um agente de segurança do governo americano que revelou o conteúdo da conversa, Trump disse oito vezes a Zelensky que ele deveria colaborar com essa investigação. Em entrevista à CNN, Giuliani admitiu que houve pressão à Ucrânia. “Claro que fiz isso”, afirmou. E, em seguida, comentou no Twitter que Trump agiu corretamente no telefonema.

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A ligação ocorreu no momento em que a Ucrânia aguardava a aprovação de um pacote de ajuda militar dos EUA no valor de US$ 250 milhões. A verba foi ratificada no mês seguinte pelo Congresso, mas suspensa logo depois pela Casa Branca, conforme informa a colunista Sandra Cohen.

Joe Biden é o principal pré-candidato democrata às eleições presidenciais de 2020 e lidera as pesquisas de opinião, sendo considerado a principal ameaça a uma reeleição de Donald Trump.

Segundo a rede CNN, o filho de Joe Biden, Hunter Biden, trabalhou na empresa ucraniana Burisma Holdings –que, de fato, esteve sob investigação. Não houve, entretanto, nenhuma revelação de que o filho do pré-candidato democrata tivesse participado do esquema de corrupção que levou à queda de um procurador da Ucrânia em 2016.

Conteúdo do telefonema

Inicialmente, Trump se recusou a comentar o conteúdo da conversa com o presidente ucraniano, afirmando apenas que teve uma “conversa apropriada, como sempre”. “Não interessa o que eu discuti”, disse, na sexta-feira.

Depois, ele admitiu que falaram sobre Biden. “A conversa que tive foi principalmente congratulatória, principalmente sobre corrupção, toda a corrupção acontecendo e principalmente sobre o fato de que não queremos nosso povo, como o vice-presidente Biden e seu filho, criando a corrupção que já existe na Ucrânia”, disse.

Nesta terça, porém, após dias de pressão para que divulgasse a transcrição do diálogo, ele cedeu. Pelo Twitter, Trump afirmou que o teor do telefonema poderá ser divulgado na quarta-feira de forma “completa, sem nenhuma classificação e sem edição”.

“Vocês vão ver que foi uma ligação muito amigável e completamente apropriada. Nenhuma pressão e, diferentemente de Joe Biden e seu filho, sem quiproquó!”, escreveu Trump.

Impeachment

Antes contrário a um pedido de impeachment, o presidente democrata do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados, Adam Schiff, deu a entender no programa “State of the Union”, da CNN, que o caso poderia fazer com que mudasse de ideia. “Se o presidente está essencialmente retendo ajuda militar ao mesmo tempo em que está tentando coagir um líder estrangeiro a fazer algo ilícito, a fornecer sujeira sobre seu oponente durante uma campanha presidencial, então este pode ser o único remédio que é equivalente ao mal que essa conduta representa”, disse Schiff.

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