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Produtor de mel de Nova Petrópolis desvenda os segredos das abelhas
Nova Petrópolis – A lida com abelhas já vem de muitos anos, o que permite ao produtor Walney Pellenz, 62 anos, morador do Tirol, conhecer todos os detalhes da vida deste inseto, responsável por organizar a colmeia de forma surpreendente, o que resulta num produto de excelente sabor: o mel.
Saber que a abelha dança para apresentar a distância do alimento, e que a rainha faz um voo para acasalar com o zangão, e ainda que o macho morre após a cópula são fatos curiosos. O tema motiva o produtor a tocar o negócio e chegar a cerca de 600 quilos do produto.
Outro detalhe importante é que deve se deixar uma reserva de mel para as abelhas se alimentarem. “Se abelha está fraquinha, é feito um chá com o mel, que é o alimento delas.
A rainha, por sua vez, se alimenta da geleia real. Ela põe de 4 a 6 mil ovos em apenas 24 horas. E cada caixa tem em torno de 300 soldados. Estas abelhas servem de guardas, chefiam e protegem a colmeia.
Os antepassados criavam gado e plantavam hortaliças
O avô de Walney era boiadeiro e trazia bois e cavalos de Vacaria para o município, e o morador traz boas lembranças dessa época. O pai do produtor, Reiboldo Pellenz, dedicava-se ao plantio de alfaces, vendendo os seus produtos em Caxias do Sul, usando uma carroça como meio de transporte. A mãe chamava-se Irma.
“O meu pai foi um dos maiores produtores de alface do Vale do Caí, e eu trabalhei na roça desde guri”, lembra o produtor. Aos 12 anos ele já possuía o seu bloco de produtor rural. Até os 19 anos ele produziu alfafa, que era adquirida por Evaldo Schneider, que revendia o produto para o exército, para alimentar os cavalos usados nos quartéis.
A produção de mel é feita há 40 anos
Quando Walney tinha pouco mais de 20 anos começou a se interessar pela produção de mel, fez uma pausa por sete anos, devido a uma doença que atingiu as abelhas e causou um desestímulo de continuar.
Por volta de 2012/2013 decidiu retomar a produção de mel e hoje faz parte da Associação de Apicultores Novamel, de Nova Petrópolis, entidade que congrega os interessados no assunto. A entidade conta, atualmente, com 58 associados.
“Eu sempre tive fregueses aqui mesmo de Nova Petrópolis, e outros de Caxias do Sul, e o pessoal sempre veio buscar É o próprio Pellenz quem faz as lâminas que vão ficar nas caixas das abelhas. O produtor utiliza uma centrífuga para a extração do mel, e depois envasa para a venda.

O mel que sai da centrífuga é coado (Créditos: Cândido Nascimento)
Filho se interessa no assunto
Casado com Marta Pellenz, Walney e a esposa tem três filhos: Isabel, 33, Diogo, 32, e Natália, 19. O produtor destaca a importância da permanência dos jovens no campo.
Segundo Pellenz, o filho Diogo, que atua na área de Administração, é um grande interessado pela produção do mel e ajuda nos cuidados relativos a essa produção.
“Eu acredito que o Diogo vai continuar os negócios da família e deverá cuidar das abelhas e colher o mel”, afirma Pellenz sobre a questão da sucessão familiar, que é um assunto emblemático no meio rural.
Especialização
O produtor comenta que já realizou três cursos relacionados ao conhecimento da organização das abelhas e à produção do mel. Ele utiliza a abelha italiana na produção, pois ela não é tão agressiva e é uma boa produtora de mel.
Juros baixos facilitam
Walney Pellenz e a família são associados à Cooperativa Sicredi Pioneira. Segundo explica, o crédito oferecido aos pequenos produtores sempre é importante e serve como incentivo para incrementar os negócios junto às propriedades familiares.
“Eu utilizo hoje recursos próprios, mas considero os juros oferecidos bem baixos, em torno de 2% ao ano, e isso facilita para os produtores”, destaca o morador.
Moto é utilizada para transportar as caixas
O produtor utiliza uma motocicleta Honda 150 cilindradas para levar as caixas do meio do mato para fazer a colheita do mel junto à sua residência. Mesmo que as abelhas não são perigosas, ele utiliza o macacão e máscara para se prevenir.
Pellenz possui em torno de 50 caixas de 60cm x 30cm, e garante que as caixas onde se instalam as colmeias devem ficar isoladas do meio urbano. “As abelhas já não são tão bravas como antigamente”, garante ele.

Produtor tem em torno de 50 caixas (Créditos: Cândido Nascimento)
Vinho para a família
Recentemente, Pellenz fez um curso de vinificação em Caxias do Sul. O curso ocorreu no Centro de Treinamento e as aulas foram proporcionadas pelo Governo do Estado, em parceria entre Emater, Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Senar. O intuito é produzir vinho para si e para a família.

Curso foi feito em Caxias do Sul (Créditos: Cândido Nascimento)