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Produtores de leite da Picada Feijão enfrentam desafios com os altos custos

01/07/2022 - 10h22min

Atualizada em 01/07/2022 - 10h32min

Todo o cuidado é fundamental para o bem-estar dos animais no pavilhão climatizado (Crédito: Cândido Nascimento)

Ivoti– A tradição relacionada à criação de vacas e a produção de leite da família de Fernando Boll, 33 anos, acontece há várias gerações na Picada Feijão. Desde criança ele e os irmãos Moisés, 27, e Lucas, 25, acompanham os pais na lida diária. A mais nova integrante da família é a filha de Fernando, Isabel, de quatro meses. Mas existe toda uma estrutura por trás do negócio, que vai desde a criação e alimentação dos animais, plantio de milho e capim tifton, e da qualidade genética das vacas holandesas. O grande nó do problema são os altos custos. A produção atual alcança cerca de 24.000 mil litros mês.

Filho de Sueli Feiten Boll e Geraldo Boll, Fernando comenta que os pais estão diretamente envolvidos na produção leiteira há mais de 50 anos. Com o tempo foram, necessárias as melhorias nos galpões para chegar até o estágio atual, que é um pavilhão coberto de 1.800m2, com ventilação necessária para abrir os animais no sistema confinado, com a prática do compost barn.

O QUE É COMPOST BARN

O sistema de produção consiste em um grande espaço físico coberto para descanso das vacas. A área é revestida com serragem, sobras de corte de madeira e esterco compostado. O principal objetivo do Compost Barn é garantir aos animais conforto e um local seco para ficarem durante o ano e a compostagem do material da cama. “As vacas comem, bebem água e descansam”, enfatiza o produtor.

 

A escolha pela vaca holandesa

Conforme explica o produtor, as vacas que mais produzem leite são as das raças jérsei e holandesa. Os principais cuidados que envolvem a produtividade de um animal para que ele tenha a produção de leite desejada é a nutrição, sanidade, reprodução, e bem-estar.

É UMA RAÇA PURA

A família Boll trabalha há 30 anos com as vacas holandesas, que chegam produzir em média 30 litros, mas tem um exemplar que produz até 50 litros por dia, e a média na propriedade é de 800 litros diariamente. “Trata-se de uma raça pura holandesa, pois trabalhamos a genética dela”, explica Fernando.

Conforme ele, no pico da produtividade, as vacas chegam até 40 litros/dia. “A vaca tem a gestação de nove meses, e quando ela dá cria começa a produção de leite, sendo que em 60 dias a curva de produção sobe, é quando dá o pico da lactação, e 60 dias depois vai cair essa produção”, detalha Boll.

A preocupação com a alta dos insumos é grande

Uma das grandes preocupações é com a alta dos insumos, mais especificamente o preço do óleo diesel, que está cada vez mais alto e mais os adubos e defensivos utilizados na produção do milho. “Vou te dizer que isso (maior preço) é o que quebra os colonos”, afirma Fernando.

Outra questão que é enfrentada cotidianamente é a climática, pois o produtor está à mercê do tempo. Se der muito calor o pasto cresce, mas sofre e queima, mas, se chover muito, o gado pisoteia o pasto e destrói o seu próprio alimento. “A pessoa que está na gôndola do mercado não sabe o que tem por trás da produção daquele produto, não ganhamos nem, R$ 3,00 por litro”, afirma o produtor.

Entre as soluções está fazer o feno com o tifton e fazer a silagem do milho, que é o que vai alimentar os animais durante o ano todo, principalmente no inverno, quando a pastagem escasseia. O consumo de silagem alcança quase 50 toneladas de silagem nos 365 dias do ano.

 

 

A pessoa que está na gôndula do mercado
não sabe o que está por trás da produção”

A alimentação precisa ser reforçada

A produção de feno e da silagem do milho é feita de setembro a abril. O capim tifton é desidratado e transformado em feno seco, e o milho é colhido no pé junto com a espiga, que é moído e armazenado sob lonas, formando pequenos montes, para garantir a alimentação dos animais.

Para complementar a alimentação das vacas existe ainda a ração, mas os preços sobem a acada mês. “São preços absurdos de caro, pois o milho e a soja que compõe a ração também precisam dos insumos” diz Fernando. Também é incluído o núcleo mineral no alimento.

O maquinário é essencial para executar os serviços

Das antigas carretas de boios, as pequenas propriedades rurais foram se modificando e adquirindo tratores e implementos para realizar o serviço mais pesado e garantir produção do milho e melhorar as roças.

O trator mais antigo da família foi adquirido em 1989. Atualmente existem três tratores, um mais antigo que Fernando chama de “vovô” e foi comprado usado, e dois tratores da marca John Deere, anos 2010 e 2015, sendo um deles com cabine.

FINANCIAMENTO

Ao longo dos anos foram utilizados os financiamentos do Governo Federal para produzir, sendo um destes programas o Pronaf Mais Alimentos. “Até hoje usamos esses financiamentos, mas também utilizamos linhas próprias do Sicredi”, destaca o produtor. Os juros baixos são importantes para manter o ciclo produtivo.

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