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Professor Lúcio troca a sala de aula pelo horto
“Aqui estou realizado. É algo sem explicação”
Dois Irmãos – Depois de 30 anos atuando como professor e diretor, Lúcio Afonso Habitzreuter se aposentou no magistério e assumiu a chefia do Horto Municipal de Dois Irmãos, situado na Estrada Picada Verão. Numa área de três hectares cultiva repolho, rabanete, rúcula, cenoura, brócolis, couve flor, couve chinesa, tempero verde, chás e uma grande variedade de frutas, como laranjas, lima, bergamotas e caquis. A produção ocorre durante todo o ano todo e os alimentos são distribuídos para complementar a merenda das 12 escolas do município e do Projeto Global. Mas a proposta é ampliar ainda mais essa demanda.
Satisfação no que faz
Lúcio, que é natural de Cândido Godói, conta que sempre procurou desenvolver hortas nas escolas em que trabalhou e, com isso expandir o conhecimento com seus alunos.“Fiquei muito feliz quando me convidaram para assumir o Horto Municipal. Para dizer bem a verdade, estou realizado. No magistério fiz meu melhor, mas é aqui no horto que me sinto realizado. É algo sem explicação porque sei que estamos cultivando alimentos de qualidade e sem agrotóxicos, que depois serão servidos aos nossos alunos”, destaca.
Alimentos complementam a merenda escolar. (Créditos: Rogério Savian)
Produção
O Horto Municipal conta com um amplo espaço para o cultivo. A terra é bastante fértil. A irrigação é feita com água de poço artesiano e a adubação conta com esterco de gado. Também são usados os galhos triturados das podas feitas nas ruas. O material é levado para lá, onde acontece a compostagem e depois é usado nos canteiros. Todo o trabalho recebe supervisão técnica da Emater. Lúcio destaca que está testando a produção de mudas, que sairá bem mais barato. Outra novidade é que começaram a cultivar salsa e alface em canteiros com lonas, o que deixa as folhas das plantas sem contato com o solo. Também devem implantar o sistema de irrigação por gotejamento e colocar sombrite para reduzir a exposição ao sol. Além de todos os benefícios na produção de alimentos, o espaço também está servindo para o ensino. Escolas agendam visitas e Lúcio explica o processo de cultivo dos alimentos aos estudantes.
Lúcio conta com a ajuda do auxiliar Atair Rodrigues. (Créditos: Rogério Savian)
A horta o acompanhou no magistério
Como professor, Lúcio começou em 1987, na Escola Francisco Weiler (época em que Morro Reuter pertencia a Dois Irmãos), em Picada São Paulo. No turno inverso dava aula no Colégio Imaculada Conceição, em Dois Irmãos. Em 1988 foi para a Escola Paulo Arandt (no bairro São João). Dois anos depois deu início a uma horta no pátio da escola, onde ensinava Técnicas Comerciais aos seus alunos. “Naquele tempo a agricultura fazia parte da vida da maioria dos estudantes em casa e muitos já tinham um bom conhecimento. Um dos motivos da horta era que não tinha merenda escolar, daí produzíamos alguma coisa ali. Ainda não existia o Horto Municipal. Depois comecei a trabalhar na horta mais com os alunos que tinham problemas disciplinares. Gostavam tanto de ir que pediam para serem escolhidos. Aos poucos foram ganhando confiança e ali era um momento para eu conversar com eles”, conta. O professor lembra que quando foi para a Escola Municipal 29 de Setembro (no Moinho Velho) fez questão de também criar uma horta para trabalhar com os alunos. Lá a horta permaneceu sob seus cuidados até sua aposentadoria. “Fico muito feliz quando percebo que alguma coisa que ensinei na horta os estudantes levaram para a vida deles”, acrescenta Lúcio.
Canteiro de cebola. (Créditos: Rogério Savian)
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