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Projeto de hervalense propõe requalificar a Cascata, cartão postal do município
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Unisinos no início desse ano, a hervalense Thais Land, 25 anos, fez seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre a Cascata. O projeto tem por objetivo requalificar o espaço, devolvendo-o para o município e as pessoas, transformando-a em uma conexão representativa no turismo do Estado.
O “Projeto Vale do Cadeia – Requalificação da Cascata do Herval” recebeu o prêmio IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil) de menção honrosa pelo melhor TCC de urbanismo da Unisinos. Além disso, foi selecionado para concorrer à nível estadual onde chegou à fase final do concurso.
A discussão que gira em torno da Cascata é antiga por moradores que, em sua maioria, anseiam que o espaço seja utilizado para o viés turístico, o que aperfeiçoará o local além de gerar retorno para os munícipes. Entretanto ela está sob a concessão da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que explora seus recursos hídricos para gerar energia elétrica. Mesmo sendo o cartão postal do Teewald, há muito tempo a visitação a ela foi proibida. Apesar disso, o local é frequentado por moradores e demais visitantes – o que se evidenciou durante a pandemia, quando as pessoas passaram a buscar locais ao ar livre para conhecer e desfrutar.
“A Cascata do Herval sempre chamou minha atenção pela exuberância, potencial turístico e paisagístico”
Instigada pelo desafio
Thais Land (FOTO: arquivo pessoal)
Thais conta que, desde o primeiro semestre da faculdade já sabia qual seria o tema do seu TCC. “A Cascata do Herval sempre chamou minha atenção pela exuberância, potencial turístico e paisagístico”, disse, destacando que foi instigada pelo desafio de propor algo para o local. “Eu sempre acreditei que ela merecia um projeto que unisse todas as qualidades do local com as características e identidades do município”.
Estudo científico
O estudo da arquiteta e urbanista foi norteado pela pesquisa histórica, com informações sobre a construção da barragem e visitas que ocorreram na Cascata, a modificação da paisagem devido às intervenções feitas ao longo dos anos e uma pesquisa de opinião com várias perguntas sobre a área, que tinham como principal objetivo saber da população local e regional de que forma enxergavam a Cascata hoje e, assim, o que gostariam que tivesse no espaço.
Thais conta que, depois disso, iniciou a pesquisa sobre os condicionantes legais e naturais que incidem sobre a área. “Analisei o entorno, a cobertura vegetal predominante e as visuais favoráveis, os pontos com maior potencial de uso e, também, a concessão de uso da CEEE”.
Um parque para todos
Projeto é de um parque para todos os públicos (FOTO: divulgação)
O projeto visa a acessibilidade, conectando o parque aos diferentes usuários, de todas as faixas etárias, com um programa que abrange inúmeras atividades, desde áreas de playground, espaços de contemplação da paisagem e lazer, um memorial que conta a história do local, área para piqueniques e churrasqueiras.
Também, visa transformar o local em uma área destinada a esportes radicais com mirantes, teleférico, rappel e outros. Projeta café e loja de souvenirs, bistrô, espaço de camping, pista de cooper e área de identidade às margens do Rio Cadeia evidenciando a cultura e características do povo local. Área para recreação sênior com mesas de tabuleiro, estações de desenho, espaço para oficinas de dança e prática de exercícios ao ar livre, edificações móveis com infraestrutura de sanitários e fast food, área de estacionamento, e parklets. O projeto também contempla um circuito que prioriza a segurança dos usuários, permitindo que ele desfrute de todas as atividades propostas no parque de modo seguro e acolhedor.
Detalhe de como ficaria a parte da represa (FOTO:divulgação)
Implantações em etapas
Thais acredita na aplicação do seu estudo. “O projeto propõe a intervenção e implementação em três etapas que levam em consideração a viabilidade econômica, a inserção e manutenção do parque”, explica.
A primeira é composta pela Zona de Identidade e Preservação, que trata de uma implementação de um espaço para caminhadas no leito do Rio Cadeia. “Por se tratar de uma intervenção de baixo impacto ambiental, e, de menor custo, poderá ser feita através de Operação Urbana Consorciada ou Parceria Público Privada”.
A segunda etapa diz respeito à Zona Cultural, que implementará no parque o setor administrativo e de memória histórica. “Essa fase prevê instalações e infraestrutura de espaços de gestão do parque e, poderá ser feita através da Parceria Público Privada”.
Já a terceira fase é a Zona de Esportes, que é a última, pois tem um elevado custo de execução. “Essa servirá como zona de viabilidade econômica e financeira do funcionamento e manutenção do parque”, explica Thais
Viabilidade
A prefeita Mara Stoffel (PDT) disse estar curiosa para ver o projeto na integra e, questionada sobre a possibilidade de colocar o mesmo em prática, disse que em um primeiro momento é necessário ter a concessão da área e, posteriormente, “se for possível em termos uma negociação viável para o município, sim. Se for pensado em implantá-lo, temos que ver o orçamento que será aplicado”, afirmou.
A preocupação de Mara sobre a concessão do espaço foi levada em consideração no estudo de Thais e, nele, fica apontando que mesmo implantando o projeto a concessão da CEEE contínua, podendo a geração de energia coexistir com a requalificação do espaço.
Confira os detalhes do projeto: