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Próximo de completar 50 anos de fundação, a Eletrônica Fröhlich é uma referência em toda a região

29/09/2021 - 15h24min

Atualizada em 22/10/2021 - 15h34min

Consertar uma televisão estragada nos dias de hoje é uma facilidade, quando comparado há 50 anos, quando João Aloysio Fröhlich, de 71 anos, fundou a sua empresa de eletrônica, junto ao sócio na época, Roque Gilberto Blume. Não tinha o “professor Google” para pesquisar a causa do problema e muito menos telefone para buscar informações.

Morador do Travessão Rubenich, João Aloysio é um dos cinco filhos do casal de agricultores Arno e Irene. Eles plantavam de tudo, e um dos maiores ensinamentos do pai, que leva até os dias de hoje na profissão, é a diversificação. “Ele dizia que não podia depender de uma coisa só para viver, por isso plantavam de tudo. Quando uma coisa não dava certo, tinha a outra”.

Mesmo com toda essa influência na agricultura, João Aloysio sempre foi aficcionado por novidades na área de eletrônica e eletricidade, o que o motivou a empreender no ramo. Antes de fundar a empresa, a Eletrônica Fröhlich, localizada na Avenida São Miguel, que inicialmente levava o seu nome, João Aloysio cursava Contabilidade em Sapiranga. Ele ia diariamente de bicicleta de casa (Travessão) até a Sociedade Santa Cecília, onde pegava o ônibus para ir a Sapiranga. “Fiz Contabilidade, mas nunca exerci”.

A sociedade de 29 anos com Roque Gilberto não existe mais, mas a amizade continua. “Ainda somos amigos. Ele decidiu seguir o caminho profissional dele e eu continuei com a empresa, mas isso não afetou em nada a nossa amizade”.

Consertar TV estragada era o que sabia fazer. Segunda-feira era o dia de ir a Porto Alegre comprar peças utilizadas para consertar os aparelhos. “Todo aparelho tinha um esquema e se pagava caro por esses esquemas”. Telefone não tinha, o primeiro foi adquirido há 47 anos. Para conseguir uma ligação para fora do estado, tinha que pedir para a telefonista na segunda-feira de manhã para no dia seguinte à tarde conseguir falar com quem quisesse.

Antes mesmo de fundar a empresa de eletrônica, João Aloysiso era funcionário do Kunzler. Na empresa permaneceu trabalhando por cinco anos. Quando começou tinha o corte de cabelo “escovinha”, na moda naquela época. Como no Kunzler todos funcionários eram conhecidos pelos seus apelidos, e não pelo nome, surgiu “Capelão”.

Mas Capelão não tem nada a ver com o envolvimento religioso e sim com a pronúncia dos alemães, que, na verdade, queriam dizer “Cabelão”. O apelido pegou e o acompanha até os dias de hoje. A maioria conhece João Aloysio como Capelão. Dificilmente alguém, que não conhece a história, sabe o real nome do popular Capelão.

Durante o trabalho no Kunzler Capelão ficou doente e por recomendação médica teve que deixar o trabalho e sair em busca de uma nova oportunidade. Foi o amigo Luiz Schaumloeffel que lhe proporcionou o trabalho de guarda no Unibanco, onde permaneceu por três anos e três meses.

Enquanto funcionário do Unibanco, trabalhando meio turno e ganhando dois salários mínimos da época Capelão voltou aos estudos e fez o curso de eletrônica por correspondência. Como trabalhava meio turno, conseguia conciliar o conserto de rádios na parte da manhã para praticar. E foi assim que ele começou, consertando rádios. Depois foi convidado para trabalhar em turno integral no banco, o que lhe obrigou a praticar nos horários livres, antes e depois do seu turno e aos finais de semana.

Vendo que estava dando certo, que seu trabalho tinha procura e que estava ganhando duas vezes mais que no banco em poucas horas, Capelão decidiu se dedicar exclusivamente ao seu novo trabalho. O primeiro cliente ele não esquece. “Seu Nilo depositou sua confiança em mim para trabalhar com a sua TV e não me esqueço disso”.

O primeiro cliente abriu as portas para muitos outros surgirem, tanto que Capelão trabalha até os dias de hoje e com a agenda cheia. É referência em toda região com clientes também em Campo Bom e Sapiranga. “Tenho clientes de mais de 40 anos, principalmente no interior, que deixam a chave de casa embaixo do tapete, só me avisam, vou lá e faço e serviço e vou embora”.

Capelão começou no tempo da TV preto e branco, mas ao longo dos anos foi acompanhando as mudanças. Para manter-se no mercado, investiu em cursos de capacitação em São Paulo e em Porto Alegre. Segundo ele, a tecnologia tem evoluído muito rapidamente. “Se tu ficar dois anos parado já tá fora”. Segundo ele, hoje a internet é uma facilidade para se resolver um problema. “Está tudo ali, é só acessar”. Atualmente a Eletrônica Fröhlich trabalha com eletrônica, assistência técnica Semp TLC e seguradoras.

Assim como a tecnologia, Dois Irmãos também tem evoluído, garante Capelão. “No início não tinha rua acima da Igreja Evangélica”, era tudo chão batido. Quando a cidade se emancipou, em 1959, ele tinha apenas 9 anos e existiam apenas a Av. São Miguel, a Irineu Becker e o Travessão.

Ele lembra da instalação da primeira lâmpada ao lado da Igreja Católica, onde foi de bicicleta até o local para ver de perto. “Era tão escuro que não dava para ver a mão a 30 cm de distância”. Lhe orgulha pensar no progresso do município, a expansão da cidade, as ruas, o desenvolvimento. “Primeiro era uma rua, depois vieram a Av. 10 de Setembro e a Av. 25 de Julho. Aí estacionou por muito tempo. Numa dessas parece que abriu, começaram a aparecer bairros. O São João não existia. Era a área de um colono, que inclusive era meu cliente antes de vender as terras. Ele morava lá e me chamou de professor, porque fui o único que conseguiu por uma antena de televisão lá. E olha o que é esse bairro hoje”.

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