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Rede elétrica ‘engolida’ pela mata gera transtornos constantes em Herval
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – Há cerca de dois anos moradores da Alto Morro dos Bugres vem pedindo por uma solução definitiva que elimine os problemas da falta de energia elétrica constante ocasionada pela manutenção precária da rede que passa pelo meio de um matagal, cujo acesso é difícil e praticamente impossibilitado para humanos e, ainda mais, máquinas. Dessa forma toda manutenção por mais simples que seja se torna extremamente complexa, demandando um tempo que, para os clientes, gera prejuízos além de diversos outros desgastes.
Além da rede passar por um terreno acidentado, os postes em sua maioria estão podres e a RGE não está efetuando a troca diante da dificuldade do acesso, somente fazendo-o quando não resta mais alternativa; ou seja, quando os mesmos acabam caindo em decorrência da ação do tempo. Assim, os moradores acusam a empresa de estar fazendo apenas um trabalho paliativo, que não acarreta em resultados de forma a garantir a tranquilidade dos consumidores.
A solução existe, mas precisa ser posta em prática
Postes tomados pela vegetação.
De acordo com o morador Paulo Werle, que é engenheiro eletricista aposentado e possui um empreendimento rural com 200 animais que necessita de bombeamento de água para os reservatórios, a reinvindicação é que a rede seja transferida do meio do floresta para a estrada, pois, da maneira como se encontra se torna inviável já que a mata vai se sobrepondo à extensão ao longo dos meses devido ao seu crescimento natural e, mesmo que podas sejam feitas, a ação se torna paliativa e os velhos problemas tornam a se repetir ano após ano. Agora, com a chegada dos meses de ventos fortes e chuvas, a situação se agrava ainda mais e o temor dos moradores aumenta.
Paulo conta que a localização da rede é “tecnicamente absurda e ilegal dentro de uma floresta em terreno extremamente acidentado”. Ele afirma que a situação é de conhecimento do corpo técnico da RGE, que já fez visitas ao local há mais de um ano e nenhuma solução prática do que será feito foi apresentada. Já no ano passado o morador detalhou o que vem acontecendo no local através de um levantamento feito por ele e o apresentou para a RGE, que respondeu, sobre a alegação de custos, que a retirada da rede da floresta colocando-a na estrada poderia ser feita somente em 2024. Uma reunião foi feita ainda em dezembro do ano passado, mas, sem surtir efeito.
Situação de um poste que caiu: totalmente podre.
Encaminhado para o Ministério Público
Diante da falta de ação da RGE e à gravidade com riscos de morte apresentados pela rede – além dos transtornos -, os proprietários das áreas de terras diretamente afetadas estão entrando com ação judicial para relocação da rede para o local adequado, que é a beira da estrada. Além disso toda a documentação dos últimos dois anos foi encaminhada para o Ministério Público, além de anexar um conjunto de informações que comprovam as reais condições de trabalho impostas às equipes de manutenção à serviço da RGE – o que é mais um motivo para a rede ser transferida.
Condições de trabalho
Funcionários trabalhando em condições extremas (FOTO: Arq. pessoal)
Em um documento apresentado para a RGE, Paulo detalha que devido à completa falta de acesso para qualquer tipo de equipamento auto-propelido, de carro de boi a trator ou caminhão, as manutenções realizadas são absolutamente precárias. “É humanamente impossível transportar um poste nesta pirambeira sem colocar vidas humanas em risco real, que dirá os sobre-esforços de excesso de carga proibidos pela Legislação Trabalhista em vigor. Ou seja, temos uma situação absolutamente caótica, onde a RGE demonstra claramente que não tem solução real para os problemas postos”.
Paulo destaca que além do perigo o retrabalho causado pelas ações paliativas gera, ao longo dos anos, um custo elevadíssimo para a empresa para algo que é completamente instável e um dia terá de ser feito.
Nada na prática
Paulo também fez novas reclamações no portal do consumir após passar vários dias sem energia elétrica no início do mês de outubro desse ano. A empresa tentou religar a energia, mas parte da rede pegou fogo e, depois disso, passaram mais dias sem fornecimento.
Após o prazo de 15 dias para responder, a empresa destacou que a reclamação está sendo analisada. Há alguns dias dois técnicos da RGE vieram até sua residência, falando que estavam fazendo um projeto para mudar a rede para a estrada. “Mas, só falaram. Não mostraram nenhum papel para provar isso na prática”, disse o morador.
Sem retorno
Da mesma forma como o morador o fez, a reportagem encaminhou a situação para a RGE há mais de duas semanas e, até o momento, não recebeu retorno da empresa sobre a situação. A empresa optou pelo silencio, sem informar se alguma ação será feita ou como lidarão com os prejuízos que os moradores estão tendo de enfrentar há dois anos.