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Região: falta de chuvas castiga agricultura e primeiros prejuízos já são sentidos

06/01/2020 - 09h09min

Atualizada em 13/01/2020 - 10h14min

Região – Um dezembro com recorde negativo e um mês que se inicia com previsão alarmante. A falta de chuvas na região trouxe à tona um problema corriqueiro para a época do ano, porém com uma projeção mais preocupante que nos últimos tempos.

A seca já uma realidade na agricultura regional e deixa em alerta os produtores, que buscam alternativas para amenizar os prejuízos em suas produções, sem precisar impactar o consumidor final.

Na área rural da Família Genba, em Linha Nova Baixa em Presidente Lucena, o efeito da estiagem ainda não trouxe perdas significativas, mas aumentou a demanda de trabalho e investimento financeiro na produção.

Daiki Genba comenta que o uso da irrigação está acima da média, o que acaba onerando o cultivo e trazendo cuidados redobrados sobre as plantações. “Estamos tendo alto consumo de diesel para o funcionamento da bomba que puxa água do açude para a irrigação. No período da tarde, temos que molhar as plantas em intervalos de uma hora e meia”, aponta Daiki, relatando que o açude em questão está com volume muito abaixo do normal.

A família vende seus produtos na Ceasa em Porto Alegre e garante que, por enquanto, manterá o preço que vem praticando. As alfaces são vendidas a R$ 8 a dúzia. “Vamos segurar até onde der, mas nossos investimentos estão aumentando com esta situação”, frisa o produtor.

Produtor de Linha Nova Baixa sente os efeitos da estiagem (Créd. Alex Günther)

Perda de 70% no milho

Para o secretário de Agricultura de Presidente Lucena e vice-prefeito, Lui Spaniol, a situação na região já é considerada crítica. Em sua avaliação, a principal cultura afetada foi a do milho, que em razão da deficiência hídrica causada pela insuficiência de chuvas em dezembro, acabou influenciando diretamente no desenvolvimento da planta.

“Estimamos que houve uma perda de 70% na produção do milho no município. Quem plantou com antecedência, ainda vai conseguir colher um vegetal mais desenvolvido. Mas o pessoal que está fazendo a silagem agora, que é o período de costume, está obtendo um insumo seco. Certamente vai prejudicar no alimento dos animais”, destacou o secretário.

Lui acredita que outras culturas serão afetadas nas próximas semanas, e aponta que até as árvores nas principais vias do município estão sendo afetadas pela estiagem. “Quem passa por aqui percebe que os plátanos estão perdendo as folhas e se ressecando. É uma situação totalmente atípica”.

“Considero que a situação neste momento já é alarmante em nossas produções”, Hector Eder da Emater de Hortêncio

Preocupação também em Hortêncio

Situação parecida enfrenta São José do Hortêncio. Conhecido por sua produção de aipim e por ser um polo de desenvolvimento na citricultura, o município por enquanto não vê seus principais produtos serem afetados, porém já sente dificuldades na produção das folhosas.

O chefe do escritório da Emater municipal, Hector Santiago Eder, considera que a maior parte dos agricultores possui sistema de irrigação, mas os prejuízos na olericultura são inevitáveis.

“Estimamos uma perda de 25% nas folhosas. O milho temos que aguardar o fechamento do ciclo de desenvolvimento, mas já sabemos que também sofrerá grande impacto. Considero que a situação neste momento já é alarmante em nossas produções”, lamenta Hector.

O técnico aponta que é natural o aumento de valores para o consumidor final, em razão da deficiência da produção neste período de seca. “É a velha regra: menos produtos em mercado, mais elevado o preço. Fora que custo de produção e manutenção também aumentam”.

Previsões nada animadoras

De acordo com o meteorologista Nilson Wolff, da Estação Climatológica de Campo Bom, referência para a região, os períodos de seca marcarão o mês de janeiro. Este cenário já foi observado em dezembro do ano passado, que registrou uma média histórica impressionante: o período mais seco em 35 anos, com apenas 22 milímetros de acúmulo de chuvas durante o mês.

“A média histórica para o período é de 131 milímetros. A tendência é que janeiro seguirá no mesmo ritmo. Até o momento, o registro para o mês também está aquém da média histórica, tendo chovido somente 3.6 milímetros. Ainda é cedo por ser início de mês, mas a tendência mostra que nos próximos 15 dias o volume será muito baixo na nossa região.”, indica o meteorologista.

De acordo com Wolff, para esta semana estão previstas precipitações na terça e quarta-feira, mas ainda em volumes baixos. Na terça deve chover aproximadamente 14 milímetros e na quarta somente um. A soma proporciona o maior volume do ano. “Mesmo assim, muito aquém do esperado e insuficiente para amenizar a situação de seca na região”, aponta.

O próximo final de semana também será marcado por chuvas em pouca quantidade. “Mesmo com o forte calor nos últimos dias de dezembro, o que se criou no período foi apenas nebulosidade, condição que não provoca necessariamente a formação de precipitações de chuva. Haverá agravamento da seca, que já é presente. Se percebe também o nível dos rios da região mais baixo. Recomendo o uso racional da água, pois os consumidores poderão sentir os efeitos também”, finaliza Wolff.

O calor em números

  • Presidente Lucena registra 70% de perdas na produção do milho
  • São José do Hortêncio tem queda de 25% na olericultura
  • Dezembro teve acúmulo de 22 milímetros de chuva, o pior dado em 35 anos
  • Em janeiro choveu somente 3.6 milímetros, projetando um mês abaixo da média em chuvas

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