Restaurante proporciona experiência que vai além da boa comida

Hermes Reich

Morro Reuter – Se tem algo que mexe com a emoção das pessoas é o sabor das comidas, ainda mais se forem saboreadas em locais que remetem às boas lembranças da infância. Em Morro Reuter, mais precisamente na localidade de São José do Herval, existe um local exatamente assim. Por fora, o casarão de madeira lembra um galpão e/ou um chalé nos tempos de colônia. A experiência ao visitar o Restaurante Colonial Kieling é única, não tem como não se emocionar com as lembranças da ápoca da casa dos avós que o sabor da comida e o visual local proporcionam.

Além disso, os retratos antigos na parede, as cortinas nas janelas e o assoalho de madeira lembram as aconchegantes casas rurais nos tempos da colônia. Para o proprietário Pedro Kieling, de 58 anos de idade, manter o restaurante em funcionamento vai muito além de prover o sustento da família, ele também é um resgate particular dos sentimentos das pessoas, principalmente dos momentos especiais da infância na casa dos avós.

“Essa parte de madeira do restaurante tem 120 anos. Então, é um ambiente que traz boas lembranças para as pessoas. Todos que entram aqui relembram o tempo dos avós e esse é o charme do restaurante. Ele remete às boas lembranças da vida”, disse o emocionado Pedro.

A história da casa da família

Baile de Kerb que aconteceu na casa da família Kieling, nos anos de 1930 (Crédito: Divulgação)

Pedro Kieling conta que sua avó tinha uma propriedade em São José do Herval, quando ela veio a falecer, no ano de 1976, cada filho adquiriu uma parte da herança. Um tio havia ficado com o armazém, seu pai com o salão onde hoje funciona o restaurante e o outro tio com o atacado de bebidas.

“Trabalhei com meu tio que era representante da Brahma até o ano de 1981. Depois, trabalhei na Indústria de Calçados Erno, em Santa Maria do Herval, até 1984, quando a empresa fechou. Dali, fui trabalhar no escritório de uma fábrica de calçados em Novo Hamburgo, onde permaneci até o ano de 1992.”

Pedro ainda recorda com carinho do tempo que a casa dos pais também era um salão de festas. “O local, onde hoje é o restaurante, além de moradia também servia de salão para baile e para festa de casamento. Como o local era pequeno, pois após os pilares era o espaço da moradia (o salão era dividido por uma parede), tirava-se os móveis de dentro para transformar tudo em salão. No outro dia, trazia-se tudo de volta da garagem. Em 1982, foi o último baile dessa forma, depois foi inaugurado o salão da comunidade que fica ao lado da Igreja de Pedra.”

Passado algum tempo, o pai de Pedro alugou o salão para a empresa de calçados H. Kuntzler aqui do interior, onde eram realizados os trabalhos de chanfrar e costura. Depois que a fábrica saiu o salão ficou fechado.

“Então, um primo de Novo Hamburgo sugeriu para nós abrirmos um restaurante colonial. Falei com o pai e ele não achou a ideia boa, inclusive disse que íamos morrer de fome se entrássemos nesse ramo. Meu pai faleceu em maio de 1989, mas a vontade de abrir o restaurante permaneceu”, recorda Pedro.

O restaurante virou realidade

Pedro Kieling administra o Restaurante Colonial Kieling, que iniciou em janeiro de 1990. (Crédito: Hermes Reich)

O Restaurante Colonial Kieling abriu em 7 de janeiro de 1990. A sociedade foi formada por Pedro Kieling, sua ex-esposa Rejane, seu irmão Inácio Davi (já falecido) e sua irmã Margarete, com a ajuda da mãe ilse (em agosto completará 90 anos de idade). Se pai, o Paulo Kieling, faleceu em 1989.

Em 2001, Pedro teve de sair do restaurante por motivos de saúde e só retornaria em 2008. Mais tarde, ele compra a parte da sociedade de sua ex-esposa e em 2018, junto com a atual esposa Adriana, assume o restaurante.

“Retomamos com bufet de café, mas aos domingos dava conflito com o almoço que também servimos e não deu para conciliar. Decidimos ficar só com o almoço”, explica Pedro.

O local mantém a arquitetura original, apenas recebeu um deque na parte da frente que serve de recepção. Atualmente, aos domingos, o local recebe um público de cerca de 70 clientes. Para essa época do ano o empresário considera um ótimo movimento, já que é verão e tempo de praia.

“O primeiro dia que abrimos veio muita gente de Novo Hamburgo, pois eu trabalhava lá e tinha muitos conhecidos, além dos vizinhos. Deu em torno de 60 pessoas. Naquela época era bancos compridos e todos sentavam à mesa ao mesmo tempo. Conseguimos uma cozinheira de última hora que tinha experiência em cozinha de indústria. Primeiro servimos o arroz, depois a massa e assim por diante. O pessoal até gostou da comida mas lamentou que havia faltado o molho. Tínhamos esquecido na panela. Depois, minha ex-esposa começou a cozinhar e fomos aprendendo e melhorando a cada dia”, conta aos risos.

Bom atendimento e ótima qualidade

Fogão a lenha proporciona um sabor especial a comida colonial do Restaurante Kieling (Crédito: Hermes Reich)

Bom atendimento e tradição na culinária alemã são ingredientes diferenciados que dão um toque especial na história do Restaurante Colonial Kieling do Município de Morro Reuter, que completou mais um ano de atividades no dia 7 de janeiro: agora são 33 anos servindo a comunidade local e turistas de toda a região com qualidade.

De segunda a sexta-feira o restaurante serve um delicioso buffet de comida caseira no fogão. Já aos domingos – muitas pessoas aproveitam esse dia para passear com a família e/ou encontros com amigos –, o Restaurante Kieling oferece um saboroso almoço colonial servido na mesa. Uma gastronomia típica alemã que remete às boas lembranças dos almoços em família na casa dos avós.

O menu traz um cardápio de sabor único que reúne a convencional carne de panela, matambre, salsichão, galeto, filé com bacon, anel de cebola, bolinho de carne, assado de porco, costelinha de porco, joelho de porco, chucrute, massa caseira, além de uma variedade de saladas e sobremesas.