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RS confirma primeiro caso de intoxicação por metanol após consumo de bebida adulterada

A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre confirmou, nesta quarta-feira (8), o primeiro caso de intoxicação por metanol no Rio Grande do Sul após o consumo de uma bebida destilada. Outros três casos suspeitos, envolvendo moradores de Porto Alegre, Novo Hamburgo e Nova Santa Rita, seguem em investigação.
De acordo com o secretário de Saúde, Fernando Ritter, o paciente é um homem de 42 anos que relatou ter consumido caipirinhas com vodka em um bar de São Paulo, no dia 26 de setembro. Ele apresentou sintomas entre 12 e 24 horas após o consumo, incluindo febre, dor abdominal, cefaleia, visão turva e alteração na percepção de cores. O homem foi internado no Hospital São Lucas em 30 de setembro e já recebeu alta, permanecendo sob acompanhamento da Vigilância em Saúde da capital.
O exame de sangue, realizado por um laboratório terceirizado, confirmou a presença de metanol no organismo. O caso foi notificado ao Ministério da Saúde, que contabiliza até o momento 17 casos confirmados de intoxicação por metanol em todo o país, com duas mortes em São Paulo e outras 12 investigações em andamento.
O metanol é uma substância usada em solventes e produtos industriais e é altamente tóxica quando ingerida. No organismo, o fígado transforma o metanol em compostos que podem causar cegueira, coma e até a morte, além de provocar insuficiência pulmonar e renal.
Casos suspeitos e medidas de prevenção
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) descartou o primeiro caso suspeito registrado em Porto Alegre no último sábado (4), após exame apontar ausência da substância tanto na bebida quanto no sangue do paciente. Outros dois casos seguem sendo analisados, incluindo o de um homem de 23 anos que apresentou sintomas após ingerir vinho em grande quantidade.
A Secretaria Estadual da Saúde anunciou, na segunda-feira (6), medidas emergenciais para reforçar o atendimento a possíveis casos de intoxicação. Os exames específicos para detecção de metanol serão realizados pelo Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS), e as primeiras análises devem começar ainda nesta semana.
Além disso, o governo iniciou um levantamento para identificar unidades de saúde com etanol farmacêutico, substância usada como antídoto em casos de envenenamento por metanol. Uma nota técnica será enviada às redes de saúde com orientações sobre diagnóstico, notificação e encaminhamento de pacientes.
Comitê de monitoramento
Na sexta-feira (3), o governo do Estado anunciou a criação de um comitê intersecretarial para acompanhar de forma rigorosa possíveis ocorrências de bebidas alcoólicas contaminadas. O grupo reúne representantes das secretarias de Saúde, Segurança Pública e Agricultura, além de órgãos como Samu, Cevs, Polícia Civil, Brigada Militar e IGP.
O objetivo é fortalecer o monitoramento e garantir respostas rápidas diante de novos casos suspeitos, diante da crescente preocupação com a circulação de bebidas adulteradas no país.