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Tatuagem esconde marcas da violência

25/01/2024 - 07h30min

Mineiro e Ester durante a sessão de tatuagem que cobriu as cicatrizes de um tiro de fuzil (FOTO: Geison M. Concencia)

Carioca Ester Maria Micasio (60) levou um tiro de fuzil no braço direito, em 2018; ela buscou no Mineiro Tatooit’s a chance de cobrir as cicatrizes deixadas pelo tiro e a recuperar sua autoestima

Por Geison M. Concencia

Ivoti / Rio de Janeiro – Um tiro de fuzil deixou uma marca eterna no braço direito da carioca Ester Maria Micasio, de 60 anos. Mas ela recuperou sua autoestima, transformando aquilo que eram sinais da violência, em arte, através de uma tatuagem, feito pelo Mineiro Tatooit’s. Na semana passada, ela saiu do Rio de janeiro, onde mora, rumo a Ivoti, para realizar seu grande sonho: esconder uma cicatriz.

A ideia partiu da sobrinha, que em uma pesquisa na internet, viu uma matéria do jornal O Diário da Encosta da Serra, em que mencionava uma tatuagem realizada por Mineiro, que também cobria cicatrizes deixadas por uma queimadura, em uma mulher.

Ester comentou que achou a ideia ótima e resolveu pesquisar um pouco mais sobre o assunto, e o tatuador. Admirada com trabalho do Mineiro, ela resolveu marcar a tatuagem e veio do Rio de Janeiro para a Cidade das Flores na terça-feira. Na quarta, já estava no Município.

Tiro
Em 2018, Ester estava retornando para sua casa, em um carro de aplicativo. Quando chegava em sua residência, o veículo em que estava ficou no meio do fogo cruzado entre polícia e criminosos. No momento que ela ouviu os disparos, jogou-se para o assoalho do carro. Porém, um dos projéteis atingiu seu braço.

“Retornava de uma visita que fiz a um casal de amigos. Quando escutei a primeira rajada, me joguei no assoalho. Mas não sei como meu braço ficou mais exposto. A bala entrou de um lado e saiu pelo outro. Abriu um buraco”, lembra Ester.

No momento em que a bala atingiu, Ester recorda uma situação inusitada que lhe ocorreu naquele momento: “a primeira coisa que passou pela minha cabeça seria de dirigir com prótese. A segunda, foi que apareceria no Encontro da Fátima Bernardes, quando ela ainda estava a frente do programa. Foi engraçado, mas já imaginava como seria o processo de recuperação”.

O retorno a uma vida normal foi lento. Durante três anos, Ester passou por três cirurgias. A primeira foi para tirar qualquer tipo de resquício do projétil, que ficou no braço. A segunda foi para reconstituir tecidos, músculos e osso. A última recuperou os movimentos do braço. Além das cirurgias, Ester teve dois anos de fisioterapia, para conseguir executar funções básicas, como se alimentar com o braço direito e pentear os cabelos.

Sutileza da tatuagem
Uma tatuagem como a de Ester é mais complexa do que outra em uma pele sem cicatrizes. O Mineiro explica que o processo é mais lento e delicado na hora de contornar o tecido, atribuições que o tatuador tem de sobra há muitos anos.

O tatuador de Ivoti está acostumado com missões como essa: devolver a autoestima para quem passou por um trauma, através da arte.
“É uma mudança de autoestima, através da tatuagem. Para mim, é gratificante, porque vou fazer parte desse processo de mudar a vida das pessoas e deixá-las mais felizes”, comentou Mineiro.

 

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