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TERCEIRA IDADE: Nove casais levam ao público a alegria das danças folclóricas tradicionais
Grupo começou como categoria do Internacional e encontrou um jeito próprio de continuar mantendo as tradições
Por: Gian Wagner – [email protected]
Nova Petrópolis – Em 1993 alguns casais associados da Tiro ao Alvo estavam sentindo falta de danças tradicionais que já não eram mais tão conhecidas como antigamente. As bandinhas ainda as mantinham em seu repertório, mas na pista, eram poucos aqueles que ainda guardavam os passos na memória. “Eu lembro quando tinha os bailes, uns casais dançavam essas danças. A gente admirava, é claro. Esses casais trouxeram essas danças de suas bagagens e foram repassando, repassando e só alguns ainda sabiam”, conta Adélia Weber, 64 anos, uma das três mulheres fundadoras que ainda seguem, com seus maridos fundadores, no Schützen Tanzgruppe – Grupo de Danças Tiro ao Alvo.
O Grupo de Danças Folclóricas Internacional já tinha seus mais de 20 anos apresentando danças de todas as partes do mundo. Reunidos, os casais formaram uma categoria – a de casados – dentro do GDI. Os dançarinos permaneceram como categoria por cerca de dez anos, quando decidiram criar um grupo de danças à parte do Internacional. Este novo grupo ganhou o nome em alemão da Sociedade Tiro ao Alvo: Schützen. “Na época eu e meu marido éramos um dos casais mais jovens, já era tudo gente ‘bem madurinha’”, conta Adélia. Por isso, alguns integrantes já não conseguiam acompanhar o ritmo do Internacional, um dos motivos para o nascimento do novo grupo de danças.
BUSCANDO NOVAS DANÇAS – Outro casal fundador é Walme e Gilberto Kooper. Eles também estão no Schützen Tanzgruppe desde o início em 1993 e em julho deste ano foram até Gramado aprender a nova coreografia. “Eles que fazem isso de ir lá, na Casa da Juventude, aprendem e repassam pro grupo”, explica Adélia.
A Casa da Juventude é uma entidade que fica em Gramado e faz estudos em torno das manifestações culturais. Uma vez por ano, um professor da Alemanha viaja para o Brasil para ensinar novas danças. Outra maneira de aprender as danças é através de gravações, vistas e revistas diversas vezes para aprender os passos. “No início um casal do Internacional veio ensaiar com a gente, mas era muito difícil conseguir essas danças gravadas naquela época”, conta.
DANÇAS ADAPTADAS – Mas, além de aprender novas danças, o grupo tem outro desafio: o de adaptá-las. “Tem danças que tem muito ‘galope’, muito giro, que nós não temos mais condições de acompanhar e realizar esses passos”, explica a dançarina. “Tem pessoas com problemas de coluna, meu marido tem duas próteses no joelho, aí tem que fazer essas adaptações. Tem várias pessoas com algumas limitações que precisam de pequenos ajustes”, conta Adélia, “Somos especial”.
Um grupo que se tornou ‘terceira idade’
O grupo nasceu para aprender as danças antigas e poder dançar no salão de baile da comunidade. Porém, os anos passaram e o grupo de casais começou a envelhecer junto. Passados 29 anos da fundação, Adélia, uma das mais jovens na época que o grupo foi formado, lembra que os dançarinos sempre tentaram dançar de tudo que era possível. “No começo a gente dançava todas, apesar de que aquelas que as mulheres ‘voavam’, a gente nunca chegou a dançar”, lembra a dançarina. Apesar de não ser um grupo exclusivo para idosos, os integrantes hoje têm em sua maioria entre 60 e 70 anos. “É um grupo mais difícil de se renovar, o pessoal quando chega nessa idade não quer mais se envolver tanto”, conta Adélia que lembra que, no auge do movimento turístico, o grupo dançava uma vez por semana no Restaurante Torquês.
Intercâmbio cultural
Há mais de 20 anos, seis grupos de três cidades gaúchas e três catarinenses se reúnem em um intercâmbio para grupos de danças de pessoas casadas. Os encontros tiveram uma pausa na pandemia, mas devem voltar no ano que vem e será em Nova Petrópolis.
O evento ocorre em formato de rodízio, sendo um ano em Santa Catarina e outro no Rio Grande do Sul. Para este encontro, o grupo da casa deve apresentar uma dança inédita, que será ensinada aos demais grupos participantes. Os grupos ficam um final de semana reunidos imersos no evento e aproveitam para conhecer, também os destinos turísticos das cidades visitadas.