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Uma década dedicada à coleta de recicláveis

11/02/2022 - 15h35min

Atualizada em 11/02/2022 - 15h48min

Daiani Aguiar/ODIARIO

Daiani Aguiar

 

Estância Velha – Em 2011, o freteiro aposentado Antônio Santino Schallemberger, 82 anos, sentiu necessidade de buscar uma nova atividade para gerar renda para ele e a esposa, Erna Schallemberger, 80. Foi então que desenvolveu a “bike de cinco rodas”, como gosta de chamar a criação, que transporta os materiais recicláveis que coleta.

Ele dedicou mais de 20 anos da vida profissional fazendo fretes pela região, antes de se tornar, exclusivamente, catador. “Comprei um caminhão e comecei por conta. Conheci muita gente que mudava para cá, mas já não lembro tanto, porque faz muito tempo”, conta Antônio.

A reinvenção surgiu após o número de mudanças reduzir, fazendo, na época, Antônio pedalar diariamente pela cidade, para coletar os itens. “Antes de parar com o frete, comecei a recolher papelão, plástico, latinha e coisas do tipo, para vender”, afirma. A comercialização, em menor volume atualmente, é feita para um comprador do município.

A redução de fretes fez Antônio se reinventar, fazendo ele pedalar diariamente pela cidade juntando os itens. Atualmente, devido às condições de saúde, o volume de coleta é menor, mas a rotina segue. “Antes de parar com o frete, comecei a recolher papelão, plástico, latinha e coisas do tipo, para vender”, afirma.

Conforme o aposentado, a coleta representa renda extra e bem-estar para seus dias | Daiani Aguiar/ODIARIO

Dificuldades

Tudo mudou novamente, quando o estanciense quebrou a perna esquerda em um acidente doméstico, há cerca de seis anos. “Eu estava trocando uma lâmpada, caí e a escada bateu na minha perna”, detalha. 

 A fratura exigiu um procedimento cirúrgico, realizado em um hospital de Canoas. Segundo ele, a operação não foi bem-sucedida, acarretando em várias consequências. Como resultado, Antônio permaneceu por cerca de um ano em uma cadeira de rodas.

 Recuperado, o idoso resgatou a “bike de cinco rodas” da garagem e retomou as coletas. No entanto, atualmente ele reserva apenas três dias na semana para a atividade. “Depende de como estou me sentindo. Se estou disposto eu vou”, explica.

 

Atropelamento

 No início dos roteiros, o aposentado foi atropelado enquanto estava estacionado na avenida Presidente Vargas, em frente à loja Deltasul. Um motociclista bateu contra a bicicleta, acarretando em um prejuízo de mais de R$ 1,3 mil para Antônio.

 

Bom para a saúde e para o bolso

Antônio tem apenas a região central como rota. Durante os 30 minutos de percurso de quase dois quilômetros, somando ida e volta, ele junta os materiais recicláveis, enquanto deixa ligada a “melhor adaptação” da bicicleta: o rádio. “Gosto de sair e ouvir a estação Estância Velha. As pessoas também às vezes param e escutam junto”, conta sorrindo. 

A função que antes lhe garantia uma renda extra significativa, deixará, aos poucos, de fazer parte da rotina de Antônio. “De momento estou achando bem difícil. Vou só até o Centro e volto, então vou começar a parar”, diz. Contudo, somente a atividade está nos planos de ser aposentada, a bike de cinco rodas”,  continuará rodando a cidade, pois garante bem-estar na vida do idoso. “Vou sair igual para fazer atividade física e não ficar trancado dentro de casa, só esperando o fim”, completa.

 

 Invenção que dá orgulho

 Toda a bicicleta foi idealizada pelo aposentado, que se orgulha do resultado. “É uma coisa que não é qualquer um que consegue fazer. Eu não fui muito de estudar, mas sempre trabalhei”, comenta. A montagem contou com ajuda de outras pessoas responsáveis pela chapeação, solda e instalações específicas. “Começou com quatro rodas, mas vi que precisava de mais uma e coloquei”, diz Antônio.

 Como últimos planos, estava a adição de um pequeno motor, porém devido a dificuldades, não o incremento não será instalado. Outra invenção foi elaborada pelo aposentado: um carrinho de mão, usado para quando vai ao mercado ou faz apenas uma caminhada pela quadra.

 

 Casamento

Naturais de Estância Velha, Erna e Antônio se conheceram por intermédio de amigos. “Começamos a sair juntos como amigos e então começamos o namoro”, destaca Antônio. Vindos do bairro Das Rosas e juntos há praticamente 60 anos, o casal reside no Centro há mais de 50 anos.

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