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VÍDEO + DIÁRIO RURAL: produtor planta 15 tipos diferentes de feijão em Ivoti
Ivoti – A produção agrícola da família Arnold começou junto com a imigração alemã na atual área do município, com a aquisição de terras na Rua do Grotão, considerada parte da localidade de 48 Alta. Desde aquele período já se plantava feijão. Atualmente, Guido Arnold, da sexta geração, segue a tradição.
A diferença é que, de uma agricultura de subsistência, ele comercializa 15 variedades diferentes de feijão, além de outros produtos. Os antepassados tinham vacas leiteiras e plantavam acácia, milho e aipim, além de feijão e batata-doce.
O foco de Guido está no plantio do feijão. Ele começou com o feijão preto e o carioquinha, mas hoje agregou o preto de 60 dias, moiachi (de origem japonesa), carioca graúdo, paio, marrom, cinza, branco, vermelho graúdo, vermelho miúdo, amendoim, olho de cabra, branco listrado e mulatinho.
Propriedade está em transição para orgânicos
Devido à criação de uma lei no município, a qual determina que 30% da merenda escolar deve ser reservada a produtos da agricultura familiar, Guido decidiu se adequar às normativas. Atualmente ele é o produtor encarregado de fornecer o feijão preto para compor a merenda escolar e, em função disso, reservou uma área específica para essa produção, com o feijão caldo grosso.
A área está em transição do sistema convencional para o orgânico, através de uma Organização de Controle Social (OCS), que tem a finalidade de canalizar alimentos orgânicos para a merenda das crianças e adolescentes.
A OCS é integrada por integrantes da Cooperativa de Produtores e Agroindústrias de Ivoti (Proagrii), entidade da qual Guido faz parte. A documentação já está encaminhada para a vinda do selo orgânico, que pode ser liberado no final deste ano ou em 2020.
A colheita é feita manualmente
A rotina do produtor começa bem cedo da manhã, levantando às 5h20, tomando café e organizando os produtos que vão para a feira, na qual trabalha às quintas-feiras e aos sábados. O serviço na lavoura começa pelas 6h30 e 7 horas e vai até o final da tarde, lá pelas 18 ou 19 horas. A esposa já ajudou no serviço, mas depois que a filha nasceu ela dedica-se mais ao seu trabalho e aos cuidados com a menina.
“O plantio é feito entre agosto e setembro, mas tenho feijões que posso colher em pouco mais do que 60 dias e até 90 e 100 dias, dependendo do tipo, pois ele é um grão que não é do calor. O pai sempre falava para plantar até 20 de setembro”, conclui.
O feijão é colhido manualmente e deixado secar ao sol. Depois que as folhas secam, o produto é passado pela máquina para separar a palha dos grãos.
Em outra etapa, os feijões passam por um processo para separar as impurezas e limpar os grãos. Por fim, os grãos são colocados em tonéis. Outro ponto importante é colocar no freezer, para não carunchar, diz o produtor, que não usa agrotóxicos na sua lavoura.
Sucessão: Família Arnold está na 7ª geração
Guido Arnold comenta das tradições familiares e cita que o avô Beno plantava feijão, milho, tinha vacas de leite e vendia o leite para a Laticínios Ivoti. Já o pai de Guido, Afonso, seguiu a tradição de plantar feijão, plantava acácia e aipim.
“Desde pequeno eu já ajudava na roça, mas comecei a trabalhar mesmo lá pelos meus 12, 13 anos. A minha mãe, Vera Maria, até hoje ajuda a capinar e colher”, explica o produtor, que tem mais quatro irmãos, mas cada um tem a sua função fora do setor agrícola.
Além do plantio de feijão, que comercializa, e de algumas cabeças de gado e ovelhas que mantêm para consumo próprio, Arnold ainda planta aipim, milho, batata-doce, melancia, melão e pepino. Ele também planta duas variedades de milho pipoca, e está fazendo um teste com alguns canteiros de soja, a pedido de amigos da Colônia Japonesa. Com a soja é feito o queijo tofu, de origem chinesa, sem lactose, mas bastante utilizado na gastronomia do Japão.
As vendas dos produtos são feitas na Feira Colonial do Centro e também direto na casa dos clientes, que pediram que Guido tivesse outras variedades de feijão.
Casado com Adriana, o produtor e a esposa têm uma filha, Larissa, de nove anos. Ela representa a sétima geração da família e é determinada em afirmar: “eu quero ser veterinária, pois gosto dos bichos, inclusive os porquinhos deixam eu alisar eles”.
Sobre a sucessão, o produtor considera importante os jovens seguirem a tradição agrícola. “Muitos abandonaram a roça por ser um serviço pesado há anos atrás, quando era bem pior. Eu, por exemplo, trabalhei 10 anos com arado de bois, dos 13 aos 23 anos”.
Segundo produtor, é importante investir
Guido Arnold mantém a sua conta no Sicredi e conta que adquiriu máquinas e implementos com recursos próprios, destacando que é importante os produtores terem acesso às linhas de crédito com juros baixos, proporcionados pelos planos governamentais em prol do setor.
A família começou com um trator Agrale, depois foi adquirido um Massey Fergusson e atualmente utiliza um Valmet 685. Mas ele tem um caminhão Mercedez 608 para transportar seus produtos. Também foi necessário adquirir um batedor de grãos, que é acolhado ao trator.