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VÍDEO: Pintado e Queimado puxando carroça em Santa Maria do Herval
No interior de Santa Maria do Herval, onde ainda se preserva o som dos cascos e o cheiro da terra molhada, o tempo não corre — ele passeia. E às vezes, passeia devagar, puxado por uma junta de bois batizada com afeto: Pintado e Queimado. É assim que o agricultor Otávio Schneider, o Ott, mantém viva uma tradição que já carregou o peso do trabalho duro e hoje leva nos eixos a memória de um povo.
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A carroça, outrora ferramenta indispensável para o dia a dia do colono, foi lentamente sendo substituída pelos motores da modernidade. Mas ali, na localidade de Padre Eterno Baixo, ela não perdeu o lugar nem o respeito. Está mais viva do que nunca — e impecável, como gosta de deixar seu dono. Com pintura nova – uma alusão a dupla grenal (azul, vermelho e branco) – madeira cuidada e brilho de coisa feita com carinho, ela virou símbolo do que é pertencer a um chão, de ter orgulho de onde tudo começou.
“Pintei para ter maior durabilidade, para preservar… quem sabe assim ele ainda me aquenta”, diz Otávio, enquanto observa os bois firmes e tranquilos que o acompanham.
No vídeo gravado recentemente, Ott conduz a carroça pelas estradas de terra, levando as crianças que sorriem como se estivessem em um parque de diversões rural. A cena tem trilha sonora de cascos tocando o chão batido, vozes alegres e o som discreto da natureza ao redor. É uma paisagem comum, mas que carrega uma beleza que só os olhos acostumados à pressa deixaram de ver.
O que antes era trabalho pesado, hoje é lembrança em movimento. É poesia de rodas, escrita devagarinho entre uma curva e outra da vida rural.
Cada passeio é uma aula sem lousa sobre raízes, simplicidade e orgulho. Cada volta com Pintado e Queimado é um lembrete de que o passado não está parado — ele apenas anda num ritmo diferente.
