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VÍDEO+DIÁRIO RURAL: produtor de Nova Petrópolis cria peixes de forma diferente na região

30/10/2019 - 16h15min

Nova Petrópolis – A produção de peixes é o que marca a propriedade de Gilson Sartor, da localidade de Arroio Paixão. Mas há algo que destaca seu processo produtivo. Ele observou a demanda de tilápias e alevinos, e implementou tanques com bioflocos, de maneira pioneira na região da Encosta da Serra. Hoje, comemora as realizações obtidas com o sistema.

Gilson começou a planejar a ideia de instalar os tanques há cerca de um ano e meio. Apesar de sua família apoiar a produção, que oferece um aumento na renda, ele a toca sozinho. “Fiz um curso em São Paulo durante dez dias para me especializar”, afirma. O bioflocos é um sistema ainda relativamente novo que utiliza substâncias produzidas por bactérias para o alimento dos peixes.

Antes de iniciar o projeto dos tanques, o produtor conta que pesquisou alternativas de renda por meio da criação de outros animais. “Pesquisei sobre frangos e perus, mas vi que nas tilápias e nos peixes eu teria o mesmo ganho com investimento menor”, conta Gilson. Conforme ele, os tanques representam por volta de ¼ do que seria necessariamente investido para a criação de uma granja.

Os seis tanques na propriedade de Gilson estão dispostos em uma estufa de 24×15 metros. Cada um comporta 35 mil metros cúbicos de água, suficiente para abrigar 10 mil alevinos. “Coloco água normalmente e insiro as bactérias nele. Deixo para maturar durante 50 dias e depois coloco os peixes. É gerada amônia, que depois a bactéria transforma em nitrito”, explica ele.

Confira galeria de fotos da produção

Reúso

O nitrito, então, vira nitrato pela ação de uma segunda espécie de bactéria. Este nitrato serve como alimento para o próprio peixe. “O sistema de bioflocos permite o uso de 40% menos ração do que a criação normal em tanques, em recirculação”, diz o produtor. Outra vantagem comparativa é o maior tempo para o reúso da água.

Os alevinos são deixados no tanque de 38 a 40 dias para o processo de engorda. Depois deste período, são retirados e estão prontos para comercialização, com o peso de dez a 12 gramas. Gilson conta que fez uma parceria com um transportador de Igrejinha, que vai à propriedade semanalmente para a coleta dos peixes. Não faltam clientes de todo o Estado maravilhados com os resultados.

Não são apenas as “piscinas” que fazem parte do projeto, mas também dutos para oxigênio, compressores e geradores de energia à gasolina. O encanamento, por exemplo, permite que o gás seja adicionado aos tanques na proporção exata para garantir que o sistema se mantenha vivo. “Os tanques têm que ficar em movimento, se não os peixes acabam morrendo”, conta Gilson.

Alarmes foram instalados para que, em caso de queda de luz, o produtor possa ser avisado até dentro de sua casa e consiga acionar as máquinas pela energia gerada na propriedade. A morte de peixes no início do projeto fez com que o sistema fosse aperfeiçoado. Mas ele conta que a RGE tem feito um trabalho eficiente nos últimos tempos, e o acionamento dos alarmes tem sido raro.

Água com nutrientes possibilita plantação de alfaces

Nos últimos 30 dias, os nutrientes resultantes começaram a ter ainda outra destinação. Gilson está testando o plantio de alface dentro da própria estufa, por meio da aquaponia. Este outro sistema combina a aquacultura convencional, ou a criação de peixes, com a hidroponia, que é o plantio de vegetais sem solo. A produção pode chegar, conforme ele, a 396 pés da variedade.

Toda a estrutura está sob abrigo das condições climáticas adversas. Mas o início não foi fácil, já que a estufa e os tanques foram montados sob calor, frio, sol e chuva. “Depois que passou isso, comecei a criar e coloquei o primeiro lote. Perdi alguns alevinos. No começo, tu não tem uma noção 100% precisa. Mas, depois que fiz a primeira engorda, fiz esta leva de 50 mil alevinos aqui dentro, e vou colocar mais 80 mil agora. É gratificante. Está dando resultado”, afirma.

Sicredi como parceiro importante para a implantação

Segundo Gilson, o Sicredi foi um importante parceiro para a implantação do sistema de bioflocos. Ao todo, o valor do empréstimo foi considerado baixo, comparado com outras modalidades de criação de peixes. Desta forma, o retorno do investimento realizado na propriedade pode também vir logo.

“Se não fosse o Sicredi, eu não teria este dinheiro na frente para pôr. Então, com certeza, o Sicredi foi fundamental para mim, porque é uma cooperativa que ajuda os produtores. Fiz uma avaliação e o projeto com a Emater, foi viável, peguei o dinheiro duas vezes e hoje está aí. Estou produzindo, consigo pagar meu financiamento e está dando certo. Estou feliz pelo Sicredi ter me ajudado”, diz.

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