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Vítima de acidente em Hortêncio, Fernando Burrinho celebra recomeço com bombeiros
São José do Hortêncio – Hoje, 21 de junho, é um dia muito especial na vida de Fernando Rodrigo Baumgratz Schnem, ou simplesmente Fernando Burrinho. O morador da Sede completa na data 25 anos. Seria um aniversário corriqueiro, se não fosse pelo fato de Fernando ter ganho um presente muito especial neste ano: uma nova vida.
Em 23 de fevereiro, Burrinho colidiu de carro contra um poste na Avenida Mathias Steffens, um acidente considerado muito grave pelo estado que ficou seu veículo. Neste dia, duas figuras entraram em cena e marcaram para sempre a trajetória do aniversariante.
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De plantão naquele final de semana, os bombeiros voluntários, Renato Juchmen e Mara Hartmann, se deslocaram ao local e realizaram o atendimento. Um procedimento complicado que levou muito tempo, dado o estado em que Fernando se encontrava no veículo. Todos os procedimentos protocolares foram realizados e a remoção de Burrinho foi considerada um sucesso.
Ele foi encaminhado para o Hospital São José, onde recebeu os primeiros socorros, e na sequência foi internado no Hospital de Pronto Socorro de Canoas, onde começou a maior luta de sua vida. No total foram 23 dias em coma induzido, com diversas lesões na metade esquerda do corpo. As áreas mais afetadas foram a perna e o braço, membros que exigem sessões de fisioterapia quase diárias.
Se recuperando devagarinho
Fernando chegou a perder 20 quilos desde o acidente. Com bom humor, destaca que está se recuperando devagarinho e confia em seu pleno restabelecimento. “Em comparação com o início de tudo, estou ótimo. Confiei na minha recuperação a partir do momento em que acordei no hospital. Tenho certeza que tudo voltará ao normal”, aponta. Do dia do acidente, nada lembra. O que não esquece, e o que mais sente falta no momento, é do seu antigo emprego.
Ele atuava como auxiliar mecânico na Oficina Spindler, que tem como principal segmento os caminhões. “O que sinto mais falta? Jogar bola. Mas especialmente sinto saudades do trabalho. Sempre gostei de dirigir caminhões e mexer neles. Meus colegas também fazem falta, porque tínhamos uma parceria muito grande”, reflete Fernando, que em seguida completa: “Mas isso tudo vai voltar com certeza. Toda semana vou lá e ainda dou meus pitacos”.
O morador tem se recuperado bem de um procedimento cirúrgico realizado no fêmur, e no momento está no aguardo de um exame de ressonância magnética no plexo braquial, região da clavícula que ficou comprometida, para avaliar a necessidade de cirurgia no local. Ele tem apresentado melhoras na perna, recuperando a força e musculatura, e retomando os movimentos regulares do braço.
Natural de Boa Vista do Buricá e há 22 anos residindo em Hortêncio, Fernando finaliza revelando o motivo do seu apelido, que nasceu na infância. “Ganhei quando eu estudava na escola estadual. Um colega jogou uma bala embaixo de uma carteira e duvidou que eu a pegasse. Fiquei muito brabo e então ele disse que eu parecia um burro bravo”, brincou Burrinho.
“Ver o Fernando assim não tem preço”
Bombeiro desde a formação da corporação voluntária em 2009, Renato Juchmen afirma que é raro o socorrista encontrar o paciente após um resgate, considerando que poder acompanhar de perto a recuperação de Fernando foi a maior gratificação do seu trabalho. “Este é o nosso pagamento. A melhor recompensa é ver ele sentado aqui e se recuperando bem”, destaca o bombeiro.
Mara Hartmann, que está na corporação há um ano e meio e também atua como técnica de Enfermagem em Ivoti e Dois Irmãos, afirma que o sucesso da recuperação de Fernando está ligada também a uma série de fatores de sucesso ligados ao atendimento.
“Trabalho na área da Enfermagem, é complicado ver pessoas lutando pelas suas vidas ou para se recuperar de enfermidades. Para o Fernando, todos os protocolos foram realizados com êxito, desde a remoção até os primeiros atendimentos. Tudo deu certo para ele no dia”, avalia.
A corporação atualmente conta com um bombeiro efetivo, que é o comandante Gelson Miranda, além de 18 voluntários. Costumeiramente, Gelson acompanha os atendimentos, mas no dia do acidente o comandante não estava na cidade. “Sinal que ele coordena e treina o pessoal muito bem, pois o serviço foi executado com perfeição”, pontua Renato.
Os Bombeiros Voluntários contam com o aporte financeiro da comunidade, através de doações de empresas e comércio, ações beneficentes e ajuda de custo da Prefeitura. Tudo que é recebido é revertido em equipamentos, mas especialmente em capacitação.
“Se mata um leão por dia. Às vezes, nos finais de semana, quando poderíamos estar com nossas famílias, estamos treinando para quando nos depararmos com situações como esta, termos a perfeita noção de como proceder e salvar vidas”, finalizou Mara.