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Voldemir Müller trocou a cidade pela produção de leite e criação de porcos no Paraná

02/08/2023 - 08h58min

Atualizada em 06/08/2023 - 08h39min

Por quase 10 anos, Voldemir trabalhou no Diário, mas em 2010, resolveu voltar para a terra natal

Mauri Marcelo Toni Dandel

Santa Maria do Herval/Entre Rios do Oeste – Por quase uma década, Voldemir Müller trabalhou no Diário vendendo assinaturas e entregando jornais. Mas, em 2010, resolveu mudar de vida e partiu para sua terra natal, trabalhar na propriedade da família, devido ao falecimento do seu pai. Mas, a volta foi bem diferente do que na sua saída, 10 anos antes, pois Voldemir, mais conhecido como Chimida, resolveu mudar um pouco a produção, para ter um retorno maior.
“Quando voltei para cá, segui com a produção de leite, porque minha irmã criava vacas, mas meu objetivo sempre foi criar porcos”, destaca o agricultor, que trocou Santa Maria do Herval por Entre Rios do Oeste, indo morar e trabalhar na área de terras da família Müller. Chimida trocou a moto que usava para o trabalho no Teewald e Dois Irmãos, pelo lombo de um cavalo, ajudando a cuidar de gado em uma fazenda de gado próxima, até que conseguisse aumentar seu plantel de vacas e estabelecer uma produção de leite maior.
A VOLTA POR CIMA
Hoje ele se diz recompensado, pois trabalha fazendo o que gosta, além do fato de que as condições da agricultura estão bem diferentes do que quando ele saiu em 2001. “Naquela época, se tinha dinheiro para tomava cerveja na Páscoa e no Natal”, brinca. Contudo, Voldemir destaca que o trabalho é cansativo, apesar de ter muito serviço automatizado, porém, não há um só dia de folga. “É de segunda a segunda, e sempre o mesmo serviço”, destaca Voldemir, 41 anos, casado com Viviane Geier Müller (37), natural de Ivoti, que também trabalha na propriedade.
Já o irmão dele, Volmir “Paraná” Müller, que trabalha no Diário desde 1999, lembra que quando saiu da propriedade e veio para o Rio Grande do Sul, em 1998, o dinheiro era escasso e a agricultura não gerava renda. “Mas com os incentivos agrícolas do Estado, a agricultura se desenvolveu muito lá, pois estava saindo muita gente da lavoura”, lembra. “Hoje é tudo acessível lá, tem financiamentos a juros bem baixos para tudo, subsidiado pelo governo e com carência, até para colocar usina de painel solar na propriedade”, destacou, informando que o que é produzido na roça hoje tem mais valor do que naquela época.

 

 

Voldemir, sua esposa Viviane e os filhos Lucas e Letícia junto ao plantel de vacas leiteiras da propriedade
COMO TUDO COMEÇOU

No final de 2010, Voldemir retornou para o Estado do Paraná, depois de ter trabalhado por 10 anos no Diário. Ele iniciou no jornal em 2001 em Dois Irmãos, depois foi transferido para Lindolfo Collor onde trabalhou por dois anos e, em 2004, foi para Santa Maria do Herval, onde exerceu a função de jornaleiro, cobrador e vendedor do setor de assinaturas, até o final de 2010.
Então, em 2010, já casado e com um filho pequeno,como seu pai, Oscar faleceu, e buscando mais qualidade de vida para sua família, retornou para sua terra natal, Volta Gaúcha, que pertence a Entre Rios do Oeste e fica na divisa com Toledo e Marechal Cândido Rondon, para ajudar a cuidar das terras da família.

 

Produção cada vez maior: são 14 mil litros de leite por mês

Pela manhã, a família acorda quando ainda é escuro para a lida na propriedade. Atualmente, começam às 6 horas a tirar leite das vacas, mas há alguns anos, este trabalho era iniciado antes das 5 horas da madrugada.
Nesta tarefa, sempre há em torno de 20 vacas que precisam ser ordenhadas, um trabalho que leva em torno de duas horas, pois além da ordenha, é preciso retirar as vacas do local da ordenha para conduzi-las até o piquete, onde recebem o trato: silagem e ração.
Algum tempo depois, as vacas são levadas ao potreiro da família, até por volta das 17 horas, quando o trabalho de ordenha reconheça por mais 1h30min a 2 horas, onde o casal Voldemir e Viviane tem a ajuda dos filhos, Lucas e Letícia, de 16 e 11 anos, que retornam da escola e vão direto ajudar.
O leite da propriedade é vendido para Frimesa, uma marca que pertece à Copagril, a cooperativa da região, onde Voldemir e a maioria dos seus vizinhos são associados.
Na contabilidade interna, segundo Voldemir, no mês de junho foram vendidos 14 mil litros de leite. Quando indagado sobre esta quantidade de leite produzida atualmente, o agricultor destaca que o início foi um pouco mais complicado e depois “as coisas vão melhorando”. Ele comenta que no início, além de ter poucas vacas, todos os bezerros eram doados para quem aceitasse criar. “Hoje não é mais assim, a gente mesmo cria em confinamento e isso garante uma renda a mais para a família”, destaca.

14 mil litros de leite: Letícia, Viviane, Voldemir e Lucas antes de fazer a ordenha no final do dia
di diario rural Letícia, Viviane, Voldemir e Lucas

Ciclo virtuoso: o esterco produzido no chiqueiro vira adubo na pastagem, trabalho do filho, Lucas
di diario rural Filho Lucas passando esterco na grama

Voldemir com parte do galpão onde é a ordenha das vacas

NO INÍCIO, 480 PORCOS; MAS HOJE SÃO 1.800 PORCOS

Outra atividade que garante renda à família é a criação de porcos, também feita para a Frimesa/Copragril. Voldemir comentou que começou com um chiqueiro menor, criando 480 porcos. Com o tempo, conforme foi entendendo do serviço e por ser todo o chiqueiro automatizado, resolveu construir mais um e atualmente tem 1.800 porcos. Além disso, em outra granja em uma propriedade próxima, ele tem mais 1.500 porcos em parceria com um vizinho, onde o trabalho é feito por funcionários que vieram do Paraguai, uma característica corriqueira na região. “É tudo automatizado, a ração e a água, tudo, mas todo dia temos que estar nos chiqueiros para ver se está tudo funcionando ou se tem algum animal precisando de remédio ou algo assim”, informou, destacando que ele recebe os leitões com 23kg e apenas “faz a engorda”. “Quando chegam a 140kg vão para o abate. Leva cerca de três meses ou menos, 100 dias, dependendo da necessidade do mercado”, informou.

Voldemir: ração e água automatizadas, mas é preciso ir fiscalizar ‘as coisas’ várias vezes por dia no chiqueiro

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