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‘Guru’ é indiciado por mais de 10 crimes após relatos de ex-integrantes de seita no RS
Responsável pelo lugar foi investigado por crimes como tortura psicológica, curandeirismo, estelionato e outros crimes financeiros.
Estado –
A Polícia Civil indiciou, nesta quinta-feira (9), Adir Aliatti, investigado após denúncias de ex-integrantes de uma comunidade liderada por ele em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
As investigações envolveram a comunidade Osho Rashana que funcionava em um sítio na cidade. Em dezembro do ano passado, a polícia fez uma operação no local, depois de relatos de abusos psicológicos e extorsão financeira por parte do investigado.
Segundo a polícia, Aliatti comportava-se como um “guru espiritual” da seita, onde era conhecido como Prem Milan. A investigação apontou que ele utilizava diversas práticas de meditação, entre elas, o sexo livre entre os praticantes.
Mais de 40 vítimas foram identificadas. Além do abalo psicológico, o prejuízo financeiro para os ex-moradores da comunidade supera os R$ 4 milhões, segundo as investigações.
“Falsas promessas”
A investigação concluiu ainda que fiéis e simpatizantes eram levados a pagar mediante falsas promessas de cura espiritual, além da prática de métodos terapêuticos não reconhecidos e com risco à saúde física e mental. “Também foram identificadas práticas de isolamento social forçado, inclusive de menores, e atos que configuram tortura física e psicológica”, diz a polícia.
Aliatti foi indiciado por mais de 10 crimes, entre eles tortura, estelionato, curandeirismo, racismo, abuso infantil, trabalho escravo, violência sexual mediante fraude, entre outros. Ele cumpre medidas cautelares, com uso de tornozeleira.
Em nota, a defesa de Aliatti afirmou que não teve acesso ao conteúdo do relatório da polícia e que aguardará o acesso ao indiciamento. Confira abaixo a nota completa.
“O inquérito demonstra um padrão de manipulação psicológica e abuso de poder espiritual, no qual os líderes exploravam emocional, sexual e financeiramente dezenas de pessoas vulneráveis, muitas delas com sequelas permanentes”, destacou a delegada Jeiselaure Rocha de Souza, responsável pela investigação.
Relatos de ‘cura gay’
Uma ex-integrante da comunidade relatou práticas de “cura gay”, além de casos de discriminação racial e de gênero por parte do responsável pela seita, investigado por tortura psicológica, curandeirismo, estelionato e outros crimes financeiros. Segundo a Polícia Civil, essa prática ficou comprovada durante a investigação. Relembre os relatos abaixo.
Segundo o relato da ex-moradora de 30 anos, que não quis ser identificada, as práticas aconteciam especialmente durante a pandemia de Covid-19. De acordo com a mulher, pessoas LGBTQIA+ eram incentivadas a “experimentar” relacionamentos heterossexuais.
Tortura psicológica; Suspeita de estelionato; Suposta violência com cinta
“A defesa técnica de Adir Aliatti, realizada pelo advogado Rodrigo Oliveira de Camargo, refere que tomou conhecimento do encerramento das investigações, mas que não teve acesso ao conteúdo do relatório da autoridade policial.
Aliatti confia na justiça e não se furtará de, nos foros e momentos adequados, prestar todos os esclarecimentos devidos.
Neste momento, aguardará o acesso ao indiciamento policial e às conclusões do Ministério Público – a quem compete decidir pelo exercício, ou não, da ação penal – e reservar-se-á ao direito de manifestação nos autos do processo penal, onde finalmente serão asseguradas garantias como a imparcialidade, a ampla defesa, o contraditório e a presunção de inocência.”
MATÉRIA RETIRADA DO G1.RS
