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Inacreditável? Família está há 4 anos esperando a RGE ligar a energia elétrica em Herval
Dentre protocolos e burocracias, não há nenhuma previsão de instalação
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Heral | Ficar algumas horas sem energia elétrica já é uma dificuldade. Dias, semanas, então, muito pior. Agora, imagine-se num cenário de ficar quatro anos sem luz dentro de casa. Parece impossível, mas é a realidade de uma família que mora na localidade de Boa Vista do Herval.
Leonilda dos Anjos Rossa era de Morro Reuter e decidiu mudar-se para o Herval para viver mais perto de uma das filhas. Comprou uma propriedade na Rua José Ivo Wingert e construiu sua casa.
Tudo estava indo bem, mas, o pesadelo começou quando foram solicitar a ligação da energia elétrica. Dentre dezenas de protocolos, documentos e tentativas frustradas, já se passaram quatro anos. E não há previsão.
PREFEITURA CONCEDEU A AUTORIZAÇÃO
A Prefeitura fez sua parte e concedeu a autorização para a ligação da rede, mas, na prática, a concessionária de energia não efetua a ligação.
Leonilda conta que já colocou dois postes conforme solicitado pela RGE. O primeiro não foi aceito. Investiu novamente, comprando outro, mais caro, e, novamente, a empresa não fez a ligação da rede.
“Pra mim é falta de vontade”
Junto dela mora a filha Viviane dos Anjos de Lima, 36, seu neto Pedro Henrique dos Anjos, 3, e um irmão, Marcos Antônio Batista dos Anjos. Marco é surdo e mudo. Viviane enfrenta problemas psiquiátricos. Além disso, a criança pequena não consegue assimilar o porquê de só ela não ter luz à noite, enquanto os vizinhos têm.
“Pra mim é falta de vontade, a luz passa perto, do lado”, desabafa Leonilda. De fato, a rede que abastece as demais residências vizinhas passa perto, a menos de 50 metros do poste instalado pela moradora.
“Desprezados, abandonados, sem ninguém para nos ajudar.”
“Minha filha, que é doente, o nenê de três anos, não consegue nem assistir TV, tomar banho quente. Quando queremos tomar banho, temos que andar 100 metros até a casa da outra filha; geladeira, tudo fica lá. Não tem máquina de lavar roupa”, relata.
Leonilda tem uma lancheria no bairro, porém em outro endereço, em um ponto alugado. Trabalha todos os dias da semana e não consegue, ao chegar em casa, ter um descanso digno. “Desgosto, é isso que a gente sente. Desprezados, abandonados, sem ninguém para nos ajudar.”
O DIZ A RGE?
A reportagem contatou a RGE e a resposta foi que é “necessário o cliente entrar em contato com a empresa, através dos canais de atendimento, para melhor entendimento da situação.”
Mesmo que a cliente tenha feito diversos protocolos, a empresa demonstrou não estar a par da situação da Leonilda, que luta há quatro anos para ter luz em casa.
Situação pode se agravar
Se a situação já está ruim, ela pode se agravar. A casa onde tomam banho, que é da outra filha, pode ficar sem energia elétrica também. Isso porque a rede dela passa por cima de uma residência vizinha, cujo morador está solicitando a retirada.
Por isso mesmo que Leonilda instalou um poste onde podem ser colocados dois relógios, para a casa dela e da filha. “Corremos o risco de as duas ficarem sem luz”, alerta.