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Investigação sobre homicídio de Adélcio Haubert está em fase de conclusão

27/07/2022 - 12h17min

Atualizada em 27/07/2022 - 13h09min

Marca do tiro calibre 38 que atingiu e matou Adélcio; ao fundo, a cerca onde o atirador se posicionou (FOTO: Cleiton Zimer) Adélcio foi morto aos 65 anos (FOTO: Arquivo O Diário)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – Próximo a completar dois anos, o assassinato do ex-vice-prefeito e empresário Adélcio Haubert parece estar mais próximo de uma resposta. De acordo com o delegado Eduardo Hartz, que coordena as investigações, o inquérito está em fase de conclusão faltando apenas algumas análises de documentos já apreendidos. “Imagino que em agosto possamos concluir”, explicou.

O crime aconteceu na noite do dia 21 de outubro de 2020, por volta das 19h30. Adélcio foi morto aos 65 anos com um disparo certeiro na cabeça enquanto estava sentado no sofá da sala, na própria residência em Boa Vista do Herval. Ao lado dele a esposa, Flávia, que também foi atingida de raspão pelo mesmo projétil que matou o marido.

Haubert foi socorrido por uma equipe do Ambulatório 12 de Maio, onde teve seus sinais vitais estabilizados e, depois, sob escolta policial, transferido para um hospital da rede particular em Novo Hamburgo. Adélcio ficou em coma durante cinco dias. Desde o início recebeu diagnóstico irreversível e, mesmo se sobrevivesse, as sequelas que ficariam seriam graves, deixando-o em estado vegetativo.

Dias de angústia se seguiram e, na segunda-feira, 26, Adélcio morreu, sendo sepultado no dia seguinte sob forte comoção em toda a comunidade na qual trabalhou por décadas, desde a geração de empregos, ao meio político.

Dois calibres

A polícia trabalha sob sigilo, não divulgando nenhuma informação à cerca das investigações. Mas conforme apurado pela reportagem, foram efetuados três disparos contra a residência naquela noite, sendo dois calibres diferentes, o que leva a entender que havia duas armas, abrindo a possibilidade de mais de uma pessoa estar envolvida no atentado no momento do ocorrido.

O primeiro tiro seria de calibre 38, com bala dum dum, que é expansiva. O disparo foi efetuado por uma arma longa, o que explicaria a precisão. Foi este tiro que passou de raspão por Flávia e matou Adélcio, cuja capsula foi encontrada do lado de fora.

Flávia, ao perceber que o marido estava sangrando na cabeça, saiu correndo para pedir ajuda. Atordoada, não sentiu que a bala havia passado de raspão, tampouco, chegou a escutar estampido. Contou que percebeu apenas um clarão e, após, viu Adélcio sobre o sofá.

Acredita-se que os dois últimos disparos tenham sido feitos para intimida-la de alguma forma, quando ela saiu porta afora, já que não tinham um alvo direcionado e atingiram a parte superior da residência [e eram de calibre 32].

Quando saiu da casa Flávia olhou para os vidros e viu as marcas dos disparos. Notou que também tinha sido atingida e estava sangrando. Correu para o telefone e o funcional não estava funcionando. Foi ao celular, tentou ligar para familiares, amigos e, a primeira que a atendeu foi uma amiga de anos. Pediu que chamassem uma ambulância, que Adélcio havia sido morto por um tiro.

Câmeras não estavam funcionando há alguns dias

A casa onde ocorreu o crime fica perto da RS-373, ao lado do Frigorífico Boa Vista – fundado e erguido por Adélcio e seu pai –, que foi vendido há cerca de quatro anos para um empresário de Santa Catarina – e que não está mais ativo desde o início deste ano.

Apesar de perto da rodovia a casa fica envolta por um matagal, estando isolada. Um muro com um metro de altura cerca a residência; acima do muro ainda há uma grade e, em cima desta uma cerca elétrica. Entre o muro e a casa há um espaço que varia entre 10 a 20 metros.

A polícia suspeita que o atirador tenha efetuado os disparos a partir do muro, se ajeitando entre a grade e atirando através da porta de vidro, acertando Adélcio que estava sentando no sofá ao lado da mulher.

A residência é cercada por câmeras de monitoramento. De acordo com a família, ao consultarem pelas imagens constataram que as câmeras deixaram de funcionar na manhã do dia 15 de outubro, dias antes do crime, minutos depois de uma manutenção que foi feita.

Na noite foram feitas buscas através da Brigada Militar e Polícia Civil, mas ninguém foi localizado.

Flávia passou 14 dias internada. O olho direito está sob titânio e parte do rosto, onde o disparo a atingiu, tem ferro. Devido a isso possui pouca sensibilidade no local, mas está bem fisicamente.

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