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Jovens de Ivoti e Novo Hamburgo pedalam mais de 300km em duas barras circulares
por Felipe Faleiro
Região/Torres – A população da região adora pedalar. Não são poucos os moradores que se aventuram pelas estradas da região, ou buscam desafios em terras mais distantes. Mas o que fez uma dupla de jovens, um de Ivoti e outro de Novo Hamburgo, em cima de suas bicicletas, no último final de semana, foi algo que muita gente ficaria impressionada, dada sua ousadia.
O ivotiense Antony dos Reis, desenvolvedor Web da agência Marketing O Diário, saiu por volta das 4h30 do último sábado do bairro Jardim Panorâmico, em Ivoti. No mesmo horário, o hamburguense Bruno Kayser, auxiliar gráfico, deixou o bairro Santo Afonso, onde vive. Os jovens, ambos com 21 anos de idade, se encontraram no viaduto de Estância Velha, por volta das 5 horas.
Destino: Torres, no Litoral Norte. Cada um com sua bicicleta Barra Circular, modelo da marca Monark feito para ser utilizado em trajetos urbanos, e pouco comum em ciclismo de estrada. “Nunca havíamos feito um trajeto tão grande. No máximo, tínhamos ido até Santo Antônio da Patrulha, duas vezes, em 2019 e 2020. Foram 90 km de ida e 90 km de volta”, contou Antony.
Ele e Bruno se conhecem desde os seis anos de idade, quando estudavam juntos, e, por isso, são amigos de longa data. “Sempre gostamos de longos trajetos, e de se aventurar mesmo”, afirmou o ivotiense. Na bagagem, algumas bolachas e castanhas. A água carregada era pouca, para não pesar na mochila, e, ao longo do trajeto, a mesma era reabastecida em postos de gasolina.
A atividade foi sendo registrada no aplicativo Strava. Os jovens iniciaram a pedalada seguindo pela ERS-239, até Rolante, onde, em vez de seguir à direita, pela ERS-474, erraram o trajeto, entrando no município do Vale do Paranhana. “Perdemos cerca de 1h30 a duas horas no percurso. Entramos em estradas vicinais e depois conseguimos retornar ao nosso caminho”, diz Antony.
Medo do trânsito e intenção de desistir
A ideia de levar poucas coisas não foi em vão. Antony conta que a intenção era chegar rapidamente ao destino, pois, “quanto antes chegássemos, mais tempo teríamos para descansar”, diz ele. Em Santo Antônio, houve a intenção de desistir. “Ficamos com medo do trânsito que enfrentaríamos na Freeway. Nunca havíamos andado nesta rodovia”, contou o jovem ivotiense.
Eles seguiram viagem, e na Freeway, ambos se deram conta de que o trânsito foi mais tranquilo do que o imaginado, já que havia muitos acostamentos. Só que os pneus furaram duas vezes – um de cada bicicleta. Sorte que eles haviam levado um kit de reparo, composto de câmaras e remendos novos. Foi a única vez que elas tiveram problemas com os meios de transporte.
Em Osório, outro susto. Bruno sentiu demais a dor nas pernas e a dupla precisou parar para comprar um relaxante muscular. Depois de recuperado, ambos continuaram. Ingressaram na BR-101 e seguiram assim até Torres, parando eventualmente para tirar fotos e recarregar um pouco as energias. O vento estava a favor, assim como o vácuo dos caminhões os empurravam para a frente.
Retorno mais lento e pedido de ajuda
Antony e Bruno chegaram à Pousada Leitzke, em Torres, que já haviam reservado, às 22 horas. Neste momento, os celulares descarregaram. Durante as 17 horas de ida, a dupla mantinha contato constante com a família e os amigos da casa onde passariam a noite. Comeram, foram dormir, e acordaram às 6 horas de domingo. Meia hora depois, já estavam na estrada novamente.
O retorno foi significativamente mais lento do que ida, na visão de Antony. Se, no trajeto até Torres, a dupla pedalava na média de 20 km/h, na volta ambos calcularam que estavam andando à metade da velocidade. Reflexo do corpo mais frio e desacostumado. Contudo, a viagem seguiu sem dores ou maiores intercorrências até próximo do pedágio de Santo Antônio, novamente na Freeway.
Neste ponto, eles pararam e decidiram que era melhor pedir por ajuda, simplesmente porque, caso continuassem, chegariam por volta das 5 ou 6 horas do dia seguinte, segunda-feira. O sogro e a sogra de Antony, Simplício Koch e Itajara da Silva, foram contatados. Eles vieram de Ivoti em uma Fiat Strada e socorreram os jovens, que desmontaram as bikes antes de colocá-las no carro.
“Temos a ideia de ir até o Acre. São 20 dias de ida, pedalando oito horas por dia”
As bikes usadas pela dupla para ir e voltar de Torres (Créditos: Arquivo pessoal)
Bicicletas adquiridas usadas por menos de R$ 100
Este foi o fim da viagem das barras circulares, mas o objetivo foi cumprido. Antony conta que a intenção inicial desta aventura era ir até Florianópolis, capital de Santa Catarina. No entanto, o trajeto seria, nos cálculos dele, de dois dias de ida e mais dois de volta, o que seria possível somente em um período de férias ou folga prolongada de ambos. Esta ideia ainda não está descartada.
Mas Antony e Bruno são ousados, e contam que planejam ir ainda mais longe. “Temos a ideia de ir até o Acre”, fala, sem pestanejar. São 4 mil quilômetros de distância. Nos cálculos de Antony, 20 dias de ida, pedalando oito horas por dia. Na viagem até Torres, cada um foi uma camisa térmica, outra de malha fina, ao estilo das usadas em corridas de rua, e uma jaqueta quebra vento por cima.
“Fizemos por causa do desafio e da aventura. Onde parávamos, as pessoas tiravam fotos de nós, diziam que não conseguiríamos”, contou ele. Ao todo, foram 210 km de ida e 115 km de volta. Antony tem a bicicleta barra circular desde 2019. Comprou usada, por R$ 90. Bruno tem a sua há uma semana, também adquirida usada. “Não trocamos as nossas por nada”, afirma o ivotiense.