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Moção de repúdio contra colegas vereadores gera atrito na Câmara de Santa Maria do Herval

12/08/2025 - 13h33min

Atualizada em 12/08/2025 - 13h56min

Na semana passada, o vereador Diego chegou a rasgar o documento na tribuna. (Imagem:. reprodução/YouTube Câmara SMH)

Clérice fez uma moção contra Jaime, Fabiana e presidência

Por Cleiton Zimer

Há um mês uma moção de repúdio está em tramitação no Legislativo. Ela foi apresentada pelo vereador Clérice Rodrigo de Moura (União) contra os colegas Jaime André Morschel (PDT) e Fabiana Foppa Bassegio (MDB), além da presidência, atualmente sob o comando de Paulo Henrique Kaefer (PSB).

O documento não entrou na pauta de votação durante as últimas sessões, o que aumentou a tensão entre os parlamentares, já que é a primeira vez que uma moção de repúdio é feita contra um colega. Na semana passada, o vereador Diego Joel Lechner (PDT) rasgou o ofício na tribuna – o que demonstrou o nível atrito interno.

Clérice, que está no seu primeiro mandato, afirma que a moção vai além de uma disputa política. “É pelo respeito e tratamento educado que cada cidadão merece. Não é pessoal aos vereadores Jaime e Fabiana, mas sim às declarações que ofenderam e menosprezaram a plateia. Indiferente de quem as tivesse feito, mereceria nosso repúdio”, disse.

O parlamentar, que também é professor, afirma que o objetivo é pedagógico. “Alertar para que isso não se repita. Aprovando esta moção, daremos um exemplo de civilidade e respeito. Mostraremos que a Câmara não tolera intimidação e valoriza a participação popular. É nosso dever garantir que a voz de cada munícipe seja ouvida e respeitada, honrando nosso mandato. Reforço, não é uma moção do Vereador Clérice contra vereador X Y ou Z, e sim, da Câmara (se aprovada) contra declarações que jamais deveriam ser feitas por qualquer um dos vereadores no uso da tribuna.

Mas o que aconteceu?

No dia 1º  de julho, a manifestação de um membro da plateia gerou reação do vereador Jaime. “Nós temos pessoas aqui que só fazem cara de deboche ou palhaço. Eu exijo senhor presidente, que se coloque câmeras também direcionadas para o público”.

Fabiana defendeu a colocação de câmeras, dizendo que já foi “alvo de deboche aqui nessa casa nas primeiras sessões, onde foram feitos sinais de ânsia de vômito quando eu fui falar, já fui chamada de cínica nesta tribuna.

No dia 15, Clérice apresentou a moção, dizendo que as falas foram antidemocráticas, autoritárias, intimidatórias e ofensivas ao público, dizendo ainda que a presidência foi omissa.

QUAL O POSICIONAMENTO DOS PARLAMENTARES?

A reportagem escutou todos os vereadores, para saber o que pensam a respeito da moção e como votarão quando ela entrar em pauta. A expectativa é que possar ser apreciada hoje (12).

O que dizem os citados?

Jaime afirmou:Está havendo uma grande distorção de assunto do Vereador Clérice em relação do que realmente aconteceu. Clérice está simplesmente usando isso para mais uma vez fazer politicagem e tentar jogar a população contra mim e a Fabi. Olha só, naquela sessão ninguém foi chamado de palhaço, muito menos a população. O que aconteceu foi que, foi dito que tinha gente no público fazendo cara de deboche e cara de palhaço, e todos sabem quem foi o indivíduo (uma pessoa) que fez isso, quem sabe melhor ainda é o Clérice. Infelizmente quando pessoas não tem respeito algum, e isso não aconteceu somente uma vez na casa Legislativa, é preciso fazer algo para inibir essas ações que são provocadas somente para desestabilizar a situação… Com certeza meu voto será contrário e será mais uma derrota para o vereador Clérice, pois essa jogada não vai colar...”

Fabiana disse:Essa Moção de Repúdio é absolutamente inadequada. Ao meu ponto de vista é mais uma matéria para criar polêmicas, e engajamento nas redes sociais. Em muitas outras vezes na Câmara, já existiram discussões e discordâncias. Uma vez meu pai, ex-prefeito Derly foi chamado de animal por um colega meu vereador, e nem isso me motivou a elaborar uma moção de repúdio contra um colega, pois entendo que no calor da discussão os ânimos possam estar exaltados e as pessoas acabam falando o que não devem. Mas esse não é o meu caso, pois continuo afirmando o que eu falei naquela sessão: é crucial que haja decoro em um prédio público como a Câmara, pois este espaço representa a instituição Legislativa e deve manter um padrão de conduta compatível com sua importância. Eu aprendi dos meus pais e ensino isso para minhas filhas, meus netos, alunos e todos que convivem comigo: não precisamos gostar de todas as pessoas, mas que devemos respeitar a todos. E eu tenho a consciência bem tranquila que em nenhum momento faltei com o respeito a ninguém, apesar de ter sido desrespeitada por várias vezes, por meio de gestos, caretas e falas. Outro ponto em que a moção de repúdio está equivocada é no que se refere a “intimidação da participação popular nas sessões”. No que se refere a participação do público, não há dúvidas que a Câmara preza pela participação popular, uma vez que esta Casa é a casa do povo. Inúmeras vezes já convidei a população para vir assistir e já sugeri de levar os trabalhos para as comunidades, justamente para facilitar a participação popular.

O presidente Paulo, acusado de omissão, afirmou:Sinto muito pela matéria apresentada pelo colega. Repúdio é uma palavra forte, que rejeita e condena a conduta dos colegas vereadores. Mesmo ele estando no direito de repudiar, acho que a matéria é desnecessária, pois fere a liberdade de expressão e fere a autonomia do presidente. Primeira vez na história da Câmara que temos uma matéria de repúdio, um documento contra os próprios colegas, e acho que isso traz um clima tenso, conflituoso e gera uma polarização entre opositores e apoiadores. Como presidente meu papel é ser o mais imparcial possível, mantendo a credibilidade e a ordem da casa. Faço o possível para ser um presidente flexível, democrático, pacificador e de postura ética.”

Qual a posição dos demais colegas?

Diego Lechner (PDT):Sou contra a moção de repúdio pois entendo que na Casa Legislativa além da principal atribuição que é legislar pelo bem comum precisamos ter respeito e diálogo. Matérias desta natureza somente causam conflitos entre os edis e na nossa comunidade. “Ninguém é tão sábio que não tenha algo a aprender e nem tão tolo que não tenha algo para ensinar”. Na pandemia eu e minha família fomos duramente atacados e tentaram me derrubar através de politicagem suja e porca. Mesmo assim eu segui de cabeça erguida trabalhando. Não se combate o mal fazendo o mal… se combate com atitudes e diálogo.”

Michel Lammel (MDB):Sou desfavorável à moção, pois o Plenário é espaço democrático, mas deve respeitar o decoro e a ordem institucional. A liberdade de expressão, garantida pela Constituição, não é absoluta e não pode justificar gestos de escárnio ou desrespeito a parlamentares, que afetam a dignidade do cargo e a condução dos trabalhos. A instalação de câmeras de segurança voltadas ao público é importante para coibir e responsabilizar atos que violem esses princípios.”

Geovani Kunzler (MDB): “Vou ser contra a moção de repúdio, pois é uma infantilidade fazer isso entre colegas. Os vereadores citados tem razão ao falar das “caretas”, da interferência do público (uma pessoa só) quando os vereadores estão usando a tribuna. O que fazem no público (uma pessoa só) é uma falta de respeito aos vereadores. Podem não concordar com o que o vereador fala, mas fazer carretas, sinais, inclusive falar no meio é totalmente errado. Sobre a colocação das câmeras, é aquela expressão popular, quem não deve não teme.”

Fernanda Wagner (PP):Minha decisão já foi tomada de acordo com os meus princípios e será pautada na sessão no momento da votação.”

Tarcísio Schuck foi procurado, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.

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